13 - Portugal

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- Valentina! – grita-me a minha mãe - está na hora de acordar.

Sinto uma luz a bater-me no rosto depois de ter ouvido as cortinas do meu quarto a serem abertas.

- Mãeeee, fecha isso! – tapo a cara com os lençóis, mas nem dois segundos depois a minha mãe volta a puxá-los, expondo novamente o meu rosto aos raios solares.

- Não sejas preguiçosa, já são quase dez da manhã – continua a resmungar enquanto deixa o meu quarto, provavelmente em direção ao quarto do meu irmão para lhe fazer exatamente a mesma coisa que fez comigo.

Agarro no telemóvel que estava a carregar junto à minha cama. O relógio marca oito horas e quarenta minutos. Não acredito que a minha mãe teve a coragem de me dizer que já eram quase dez da manhã!

Ouço a minha mãe a gritar no quarto do meu irmão, provavelmente a fazer-lhe exatamente a mesma coisa que me fez.

Levanto-me sem grande energia, porque apesar de ter regressado de férias, sinto-me mentalmente esgotada.

Vou à casa de banho para fazer a minha higiene e visto a roupa de desporto que já tinha preparada em cima da cadeira do quarto.

Já na cozinha, pego numa banana e começo a prepará-la para a comer.

- Valentina, nem penses que vais só comer isso – diz-me a minha mãe a entrar pela cozinha com um pano no ombro – preparei um pequeno-almoço completo para todos. O teu pai deve estar quase a descer.

- Mas eu vou correr, sabes que eu não consigo comer muito antes de ir correr – faço beicinho como uma criança de 4 anos.

- Está bem, mas ficas aqui connosco – vira-me costas e tira o café da chaleira, que começou a apitar.

- Bom dia – o meu pai, já vestido para o trabalho, entra pela cozinha – dormiste bem?

Estranhei a pergunta do meu pai, ele não costuma ser tão atencioso, é uma pessoa mais distante.

- Sim – respondi quase a medo, por não perceber o seu repentino interesse pela minha qualidade de sono.

- Júlia, desculpa, não tenho tempo para comer o teu incrível pequeno-almoço – o meu pai deposita um beijo na testa da minha mãe e saí da cozinha em direção à garagem.

- Eu não acredito, não acredito! Ninguém dá valor ao meu trabalho – frustrada, senta-se numa das cadeiras.

- Sabes que isso não é verdade, eu quando voltar como isto tudo – coloco-me atrás dela e abraço-a – és a melhor mãe do mundo.

Consigo imaginar o sorriso a formar-se no seu rosto e consequentemente sorrio também.

- Não te preocupes Valentina, quando chegares, só vão restar migalhas – o meu irmão entra na cozinha, ainda de pijama e a lamber os lábios por ver toda esta comida estar em cima da mesa – porque quando cá não estás só há pão com manteiga.

- És um exagerado – digo ao meu irmão que já está sentado à mesa a encher a caneca de café – eu vou correr e já volto, não devo demorar mais de uma hora.

Calço as sapatilhas de corrida, coloco os fones nos ouvidos e desbloqueio o telemóvel para colocar a música.

Começo a corrida sem rumo, corro sem pensar e é talvez por isso que gosto de correr. Porque consigo desligar os meus pensamentos intrusivos.

Quando me cruzo com pessoas, algumas cumprimentam-me, eu retribuo sem interromper a corrida, apenas com um sorrio ou com um "Bom dia".

Quando olho para o ecrã do telemóvel apercebo-me que já estou a correr há uns quarenta minutos.

O meu mundo de Formula 1 - Livro IIOnde histórias criam vida. Descubra agora