Estava uma manhã chuvosa em Towcester, uma pequena cidade situada a cerca de duas horas a norte de Londres, onde eu decidi alugar casa para os próximos tempos.
Hoje vou ter um dia bastante ocupado.
Levantei-me da cama uns minutos antes do despertador gritar aos meus ouvidos, fiz a minha higiene e vesti a roupa que tinha preparado na noite anterior e deixado cuidadosamente na cadeira do quarto.
A ansiedade não me permite comer logo da manhã, portanto optei por preparar um café, para levar comigo durante a viagem.
Depois de ter feito a cama e de confirmar umas cinco vezes que não me estava a esquecer de nada, fui até ao hall de entrada para calçar as minhas botas impermeáveis para finalmente sair de casa.
Caminhei uns três minutos até chegar à zona onde tinha deixado o carro, porque apesar de ser uma cidade pequena, é quase impossível estacionar no centro.
Quando cheguei ao meu carro já tinha o cabelo ligeiramente molhado devido a chuva que ia caindo.
Se há coisa que tenho saudades de Portugal é do sol, que mesmo no inverno era bastante presente. Aqui está quase sempre a chover, e quando não está a chover, o céu está coberto por nuvens cinzentas.
Destranquei o carro ao carregar num dos botões da chave e com a outra mão abri a porta do pendura para deixar a mochila que trazia às costas.
Vi as horas no painel central e reparei que estava a ficar ligeiramente atrasada. Acho que confirmar várias vezes se tinha tudo pronto antes de sair de casa fez com que perdesse alguns minutos valiosos.
Rapidamente fui para o outro lado do carro e sentei-me de frente para o volante.
Felizmente a viagem era curta e em dez minutos conseguirei chegar ao circuito de Silverstone.
Há uns meses, em conversa com George, surgiu a hipótese de concorrer para o Safety Car.
Na altura, fazia todo o sentido acompanhar a Formula 1 à volta do mundo.
Atualmente, nem tanto.
Não via Daniel desde a festa em Abu Dhabi.
E sabia que ao aceitar este emprego, caso fosse selecionada, teria que garantidamente voltar a vê-lo.
E não era algo para o qual eu estivesse muito entusiasmada.
Desde dezembro que priorizei os meus objetivos.
Não sou mais a Valentina que deixou a sua carreira de lado por um homem. Sou a Valentina que, independentemente dos desafios que vou encontrar, luto por aquilo que me faz feliz. E atualmente, ser enfermeira e poder viajar pelo mundo, era sem dúvida uma experiência que não queria deixar escapar.
Portanto, arregacei as mangas e meti as mãos ao trabalho.
Nos últimos dias de 2021 recebi o e-mail a confirmar que tinha sido selecionada para realizar os testes em Silverstone. Dos mais variados tipos de testes, desde testes à nossa condução aos testes de capacidades de resposta em emergências médicas.
Resumidamente a FIA quer realizar testes a todas as competências essenciais para se ser tripulante quer do Safety Car, quer do Medical Car.
No início de mês de janeiro eramos cerca de 20 pessoas a realizar os testes. Hoje, somos apenas 5.
São apenas dez minutos de carro para chegar ao circuito. Conduzo sem pressa, porque apesar de estar ligeiramente atrasada (cerca de dois minutos), esta semana estamos a ter aulas sobre as regras do automobilismo e o professor que dá as aulas tem por hábito chegar cerca de dez minutos mais tarde da hora marcada.
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O meu mundo de Formula 1 - Livro II
RomanceEla tinha confiado nele. Confiava nele para lhe entregar o seu próprio coração. Mas ele não foi capaz de o segurar. E isso mudara Valentina. A portuguesa lutava agora com uma decisão que iria mudar a sua vida por completo. Ela queria entrar nesta...