20 - Tradução livre

17 1 0
                                    

Depois de doze horas de turno, começo a despir a farda para depois vestir o meu fato de treino, para caminhar até casa minimamente confortável.

Fui um turno até calmo, tendo em conta que somos um dos melhores hospitais do país e que diariamente, chegam helicópteros com utentes em estado grave.

- Já vai embora enfermeira Valentina? – pergunta-me uma médica que entra nos vestiários destinados aos enfermeiros.

- Sim, o meu turno terminou há cerca de quarenta minutos. – respondo-lhe já descalça.

- Está a chegar mais um politraumatizado – sem pensar duas vezes, volto a calcar-me e saio a correr da sala.

Corro até ao heliporto, o helicóptero já tinha as hélices paradas e as portas abertas.

Vejo sair a equipa médica, seguida de uma maca cheia de fios. E por baixo desses fios, um corpo.

A equipa que trazia a maca até nós, estava a caminhar demasiado devagar.

O que pode significar duas coisas: já foi declarado o óbito ou então o utente vem com possíveis danos na espinal medula.

- Desculpem ter criado o alerta sem necessidade – diz-me um dos homens que traz a maca. Trazia uma braçadeira a identificá-lo como enfermeiro. – Já lhe foi declarado o óbito.

- Acabámos por não conseguir reverter a paragem cardiorrespiratória – diz outro dos homens a trazer a maca, com uma braçadeira que continha a palavra "médico".

- Idade? – pergunto, porque a mulher, tinha um ar muito jovem.

- 23 anos, acidente de viação – o enfermeiro entrega-me os documentos da ocorrência – o namorado, que vinha a conduzir, deve chegar entretanto de ambulância. Tinha ferimentos ligeiros.

- Que porra! Tão nova – dou uma vista de olhos nos documentos, agradeço à equipa medica do helicóptero e sigo a médica, que levava a maca para dentro do hospital.

- Valentina, vá embora, eu trato dos papeis. – O cansaço venceu-me, caso contrário, teria ficado.

Volto então ao vestiário, troco de roupa, agarro na minha carteira e lancheira e saio do hospital em direção à casa.

Depois de caminhar cerca de sete minutos até casa, subo as escadas até ao meu andar.

Abro a porta e vou direta para o duche.

Acordo completamente desorientada, não tenho noção de que horas são.

Levanto a cabeça e percebo que o sol ainda não está a bater na janela. Agarro no telemóvel.

15.46h

Dormi um total de sete horas, nada mau, tendo em conta que a minha média de horas dormidas após um turno da noite é de cinco horas.

Não tenho grandes planos para hoje, portanto, aproveito para descansar.

Vou até a casa de banho para ficar minimamente apresentável, apesar de não ter grande ideia de sair de casa ou conviver com outro ser humano.

Tiro o pijama e visto uma roupa que é minimamente confortável para ficar em casa, mas não demasiado confortável ao ponto de não a conseguir usar fora de casa.

Passo para a cozinha, mas algo debaixo da minha porta de entrada chama-me à atenção.

- Isto não estava aqui quando cheguei? Ou será que estava?

Segui para a cozinha com o envelope na mão.

Abri o pequeno envelope.

Continha um convite. Mas precisamente, o convite do casamento da Olivia.

O meu mundo de Formula 1 - Livro IIOnde histórias criam vida. Descubra agora