Apesar da minha mãe e do meu irmão se terem mudado há pouco tempo, despois de eu passar o último ano a viajar sozinha, percebi que estava na altura de me aventurar em ter a minha própria casa.
- Pelo menos nesta casa não há marcas visíveis de um possível homicídio – diz-me Liv enquanto inspeciona uma das divisões do apartamento.
Já é o quarto apartamento que visito nesta semana. O mercado imobiliário está ao rubro em Portugal e piora um pouco pelo facto de eu querer especificamente um apartamento que fique próximo do hospital.
Aproveitei a ajuda da Olivia já que ela tinha esta semana e a próxima de férias.
O musical que ela andou a preparar durante meses está finalmente em exibição em Lisboa, à exceção destas duas semanas, visto que, são as semanas das festividades (Natal e Réveillon).
Eu tive a oportunidade de assistir na semana passada, no mesmo dia que aterrei em Lisboa, após estar quase três meses fora do país.
- Vá, também não exageres – volto a abrir as portas dos armários da cozinha. Vinha um cheiro estranho lá de dentro.
- Esquece o que acabei de dizer – diz Olivia por trás de mim – este cheiro, é sem dúvida de alguém que morreu aqui.
- Aqui? Dentro dos armários da cozinha? – fecho a porta.
- SIM! Duas opções. A primeira, os assassinos atualmente estão bastante evoluídos e escondem corpos em sítios não muito lógicos, para despistar a polícia. A segunda, o assassino simplesmente era um canibal.
Solto uma gargalhada que me fez doer a barriga. Nada como passar tempo com a Liv para melhorar o estado de espirito.
Tinha saudades dela.
Abraço-a, em agradecimento, por estar a perder as suas merecidas férias a ajudar-me neste processo enfadonho de escolher casa.
- Claramente este não é o apartamento para mim – digo enquanto caminho de volta à entrada da casa – mas também não tenho muitas mais opções com um simples ordenado de enfermeira.
- Até parece que nem fizeste um bom dinheiro na F1 – diz-me Liv enquanto me seguia.
- Podemos não falar disso? – paro e viro-me para ela.
- O que foi? Não podes simplesmente ignorar o dinheiro que fizeste na Formula 1 da mesma maneira que estás a ignorar tudo o que aconteceu com o Daniel. – diz-me Olivia.
Reviro-lhe os olhos e sigo caminho em direção à porta do apartamento.
- Obrigada pela disponibilidade em mostrar-me esta casa – digo à agente imobiliária que aguardava pacientemente junto ao hall de entrada – mas sinto que esta ainda não é a casa ideal.
A agente revira os olhos, como se não estivesse habituada a lidar com isto. Ou será que sou só eu que sou extremamente indecisa no que toca a escolher o espaço que se vai tornar na minha futura casa?
- Bem, de momento não tenho muitas mais opções para o budget que me indicou – eleva o queixo com ar de superioridade.
Ela acabou de me chamar de pobre indiretamente?
Acabei por colocar fim à minha procura de casas. Pelo menos com aquela agência imobiliária.
- Sinceramente – começa Liv por dizer, já com a palha do sumo de laranja na boca – foi a melhor coisa que podias fazer. Não gostei da maneira como ela te tratava.
- Já fui tratada de maneiras bem piores – entrego o meu cartão de multibanco à funcionária do café qua havia perto do apartamento, para pagar o meu café e o sumo de laranja da Olivia.
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O meu mundo de Formula 1 - Livro II
RomanceEla tinha confiado nele. Confiava nele para lhe entregar o seu próprio coração. Mas ele não foi capaz de o segurar. E isso mudara Valentina. A portuguesa lutava agora com uma decisão que iria mudar a sua vida por completo. Ela queria entrar nesta...