Hoje é o meu último dia aqui em Portugal, a minha mãe está a organizar um jantar de despedida antes de eu partir novamente.
Estou no meu quarto a fazer as malas para os meus próximos meses e a pensar em como é injusto continuar a esconder tudo o que aconteceu.
- Se não fosse a mãe a impedir-me, já tinhas menos uma fatia no teu bolo de despedida!
- Mas tu só pensas em comida? – pergunto ao meu irmão que está à entrada do meu quarto, com o ombro encostado na porta.
- Não, também penso que vai ser incrível não te ter em casa durante mais uns bons meses – diz sorridente.
- És mesmo engraçado – digo-lhe enquanto continuo a encaixar a roupa dentro das malas – tu adoras-me, admite!
- Talvez só um bocadinho, mas nunca digas a ninguém que eu disse isto – pede-me enquanto coloca o dedo indicador à frente da boca.
- E eu não conto a ninguém, se tu prometeres que fazes o mesmo com o que te vou contar agora – largo a roupa e faço sinal com a mão para ele entrar no meu quarto – fecha a porta.
- Beeem, o assunto é sério! – cruza os braços e fica a olhar para mim à espera que eu comece a falar.
- Eu vi o pai a trair a mãe – digo baixo o suficiente para que ninguém fora do quarto conseguisse ouvir.
- O que? Tens a certeza disso? – ele aproxima-se de mim, visivelmente chateado.
- Claro que tenho Gustavo.
- Isso explica muita coisa!
- Tipo o que? – pergunto-lhe curiosa.
- Tipo ele nunca estar em casa, tipo tu estares estranha com a mãe desde que cá chegaste – esfrega a cara com as mão, frustrado – Quando é que descobriste?
- No dia depois de eu ter chegado, quando fui correr – sento-me na cama e baixo o olhar para o chão.
- E só agora é que me dizes? – consigo ver a tensão e a raiva a tomarem conta do corpo do meu irmão.
- Desculpa, tive de processar a informação antes de falar.
- Temos de contar a mãe, sabes disso, não sabes? – a sua voz ficou mais calma.
- Sei, só não sei é como o vamos fazer!
- Eu ajudo-te – coloca-se à minha frente e agarra nas minhas mãos – temos de o fazer juntos.
- Valentina? – desligo os pensamentos que me roubavam a atenção do que acontecia à minha volta.
- Sim? – olho em volta e tenho o meu irmão, o meu pai e a minha mãe a olharem para mim.
- Está tudo bem filha? Chamei-te umas cinco vezes! – o meu irmão faz-me sinal com o garfo.
- Está, está tudo bem – agarro no copo e bebo dois grandes goles de água – estou só preocupada com os próximos meses.
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O meu mundo de Formula 1 - Livro II
RomanceEla tinha confiado nele. Confiava nele para lhe entregar o seu próprio coração. Mas ele não foi capaz de o segurar. E isso mudara Valentina. A portuguesa lutava agora com uma decisão que iria mudar a sua vida por completo. Ela queria entrar nesta...