IMPÉRIO || SHINKAMI

Capítulo Dezesseis

- Eu não acredito nisso...- Shinsou andava de um lado para o outro, tremendo, e Aizawa não sabia dizer se era de raiva ou de tristeza, quem sabe os dois? - Cinco anos, por cinco malditos anos você escondeu isso de mim! Escondeu isso do irmão dela! - Gritou com raiva, tremendo, o rosto vermelho e as veias do pescoço saltadas.

- Shinsou, por favor, eu nunca mentiria para você ou para ele, mas a situação já se arrastou por muito tempo, é muito complicado contar isso tudo agora. - Tentou se explicar apreensivo. Ele desejava contar aquilo de uma vez, mas os problemas que aquilo tudo arrecadaria, ele apenas queria evitar uma guerra de problemas.

- Admita que você nem pretendia contar isso! - Gritou balançando as mãos, era óbvio que estava se controlando, sua vontade era de sair correndo em busca do pai de Denki, e lhe bater até se sentir satisfeito.- Denki merece saber disso mais do que qualquer um e você sabe disso!

- E você não acha que eu não tentei?! - Pela primeira vez, Aizawa gritou em angústia. - Toda vez, toda maldita vez que eu via os dois juntos, sorrindo, brincando, eu lembrava do que eu havia feito, e simplesmente não tinha coragem de contar para ele. - Desabou na cadeira, com as mãos na cabeça. - Se coloque no meu lugar, eu não consegui contar...- Fungou e Shinsou estagnou no local engolindo em seco, nunca conseguia lidar com a fragilidade do pai, alguém tão forte desabando, era assustador, mas isso não apagava o que ele havia feito. - Quando dei por mim, a mentira tinha se tornado uma teia de aranha. Hisashi pensa que Eri foi abandonada, e você nunca soube da verdade, Denki e a mãe dele nunca sequer desconfiaram.

- Se pretendia mesmo manter isso em segredo, por que chamou Denki para ser padrinho dela? Por que se aproximou da família dele? Isso é uma maldita tortura para os dois lados. - Falou relativamente mais calmo, mas ainda tentando controlar as palavras que dizia.

- Não sei se foi por culpa, mas convenci o senhor Kaminari a pelo menos deixar Denki acompanhar o crescimento dela, mesmo que não soubesse da verdade. - Suspirou se jogando contra o estofado da cadeira. - Mas como você deve imaginar, o tiro saiu pela culatra, quanto mais eu via os dois, mais eu percebia do que eu estava privando eles... da verdade, e depois isso tudo aconteceu...

- Certo... - Suspirou bagunçando os cabelos. - Vamos fazer assim. - Suspirou depois de um tempo quieto, chamando a atenção do pai. - Vamos resolver todo esse conflito, até o Denki estar seguro, longe do perigo, isso ficará em segredo. - Falou medindo cada palavra, o rosto de Aizawa se iluminando com calma. - Não se anime, eu ainda estou nervoso, agradeça por eu não ter ido matar aquele desgraçado, coisa que você deveria ter feito anos atrás! - Falou duramente, Aizawa confirmando seriamente. - Assim que tudo isso se resolver, você vai contar tudo, se não fizer isso, eu farei. - Falou em tom de ameaça. - Só estou te dando tempo, mas você já teve mais do que suficiente. - Ralhou se afastando do local, indo até a saída. - Isso tudo já virou uma bomba relógio pai, cuidado para não explodir com ela. - E bateu a porta abandonando Aizawa na sala.

{...}

O loiro suspirou mordendo a palma da mão fechada, fazia alguns minutos que Shinsou conversava nervoso andando de um lado para o outro na sacada do apartamento. Denki não fazia ideia do que se tratava, mas as expressões que ele fazia, lhe davam medo.

A alguns dias atrás, Shinsou havia chegado tarde da noite, estava sujo e era óbvio que tinha se metido em uma briga. Ele apenas disse que tinha conversado com seu pai, e que não queria ser incomodado.

Denki obviamente ficou triste, mas resolveu não se meter. O muro que os separava, que achou que tinha derrubado, ainda estava ali, e ele não podia fazer nada para mudar aquilo. 

Depois daquilo, Shinsou fingiu que nada havia ocorrido, mas por algum motivo, ele não conseguia olhar fixamente para Denki, nunca, desde aquele maldito dia.