[25/12/1940, Washington D.C.]
Sentada no sofá de sua casa, Beatrice desfrutava de sua própria companhia depois de uma Ceia de natal movimentada. Ela admirava o esforço que todos estavam fazendo por ela, seus pais se mobilizaram para juntar todas as pessoas que a faziam se sentir bem e aquilo para ela era melhor que qualquer presente. De longe, ela apreciava a conversa anima que seu pai e seu sogro mantinham junto dos pais de Damon e Edit e claro, e Evan, noivo de Margot. Também estava feliz em ver seus amigos entrosados com Elizabeth e o futuro marido, sabia que no futuro seria ótimo ter todos eles visitando junto sua casa. Trice também pode perceber que as mães conversavam perto do piano, onde Margot tocava agradavelmente. Olhando de longe todos pareciam uma grande família e completa família.
Tudo parecia estar em ordem, e ela poderia se sentir feliz e realizada com esse natal incrível. Acontece que um presente em baixo de sua árvore de Natal, o único que não foi aberto, a lembrava da única pessoa que ela queria que estivesse ali. A angústia tomou conta de seu coração, seria possível pensar nos planos para o futuro e nas alegrias da vida sem ele ao seu lado? Beatrice não tinha a resposta, mas mantinha sua esperança em que mais cedo ou mais tarde estariam juntos novamente.
— É muito bonito não é!? — Elizabeth se aproximou da garota que estava imersa em seus pensamentos.
— O que? — Beatrice perguntou, ainda aérea.
— Como a paisagem fica com a neve. — As duas olharam para a janela ao lado delas. — acho que é minha estação favorita. Me lembra a infância.
— O inverno é calmo, eu gosto disso. — Completou a mais nova, deixando escapar um leve suspiro.
Logo o silêncio apareceu com o fim da conversa, e as duas contemplaram a paisagem, felizes com a companhia uma da outra. Beatrice sempre fora filha única, nunca soube como era ter um irmão, mas gostava de imaginar que Elizabeth era como uma. As duas se entendiam bem, adoravam fazer coisas juntas e nunca esconderam nada uma da outra. Por isso, sempre que Elizabeth estava presente, a garota se sentia a vontade para falar sobre tudo.
— Sinto falta dele. — pela primeira vez naquele dia, Trice disse o que todos queriam saber. — o tempo todo.
— Eu também. Ele sempre foi tão incrível para mim. Acho que é impossível não sentir.
— O pior de tudo é que eu tentei. Todo santo dia eu tento! — A menina forçou uma risada. — Eu faço aulas de piano, leio, ouço o rádio, saio com os meus amigos... Mas sempre tem um momento, um mísero segundo em que meus pensamentos me levam até ele e eu nunca sei como reagir.
— Acho que ninguém no seu lugar saberia. — Elizabeth olhou para a mais nova com um sorriso reconfortante. — O que eu posso te dizer é que o meu irmão te ama muito! Ele sempre deixou isso muito claro, e que assim como você, ele também sente falta.
— É. Toda vez que eu penso sobre isso me sinto tão egoísta em querer ele aqui comigo, quando ele está realizando o sonho dele.
— Sabe do que você precisa? Respirar. Vamos dar uma volta?
— Está sonhando só se for. — a menina riu negando com a cabeça. — Meu pai nunca deixaria!
— Não acredita em milagres de Natal? — Elizabeth perguntou incentivando.
Tentava pela frase da amiga, Beatrice caminhou até seu pai pensando em diversos argumentos para que ele deixasse. Quando chegou perto da roda de homens, se sentiu desencorajada. Nem no leito de morte seu pai deixaria duas mulheres saírem desacompanhadas pela cidade. Ou deixaria? E essa dúvida fez com que uma última fagulha de coragem acendesse seu peito e ela tocasse suavemente no ombro de seu pai que se virou prontamente.
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Cartas para você
Romance"Nossos sonhos devem estar acima de qualquer coisa", era o que a mãe de Beatrice sempre dizia. Tomou o conselho como sua verdade, mas não esperava que a afirmação acabaria machucando tanto o próprio coração. Após ficar noiva de James, seu grande amo...