Boas vindas

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Washington D.C.     09/03/1940

      Olá querido. Desculpa não ter escrito nada antes, a verdade é que não sei ao certo como escrever uma carta para você. Não que me falte palavras, mas, é difícil aceitar que não está aqui comigo como todos os anos. Além disso, esperei um tempo para ter muito o que te contar e parece que funcionou, muita coisa aconteceu nessa semana.

     As aulas de piano com a senhorita Margot evoluíram bastante, agora sou capaz de tocar body and soul olhando poucas vezes para a partitura. Todos ficaram muito orgulhosos, meu pai até chorou, tirando minha mãe para dançar de um jeito muito romântico. Não consegui deixar de pensar na gente, não vejo a hora de você voltar para nossa cidade, para construirmos a nossa família. Eu sei que não faz muito tempo que você foi, e nem quero que se sinta mal por ter ido, eu só não estou acostumada a não ter você aqui e isso acaba comigo.

Vamos deixar de falar de mim, quero saber de você. Como está? Como as coisas são aí? Ouvi no rádio ontem que os conflitos entre a Finlândia e a união soviética acabaram, mas que a França não ficou nada contente com a invasão soviética ao território finlandês. Peço novamente que tome cuidado. É engraçado falar isso para alguém que foi a guerra, mas por favor, tire forças para se manter vivo de mim, da sua mãe e de seu pai que estão muito orgulhosos de você assim como eu. Não esqueça que sonhos são importantes, mas estar vivo para vê-los se tornar realidade é uma prioridade!

Tenho que me despedir agora, o jantar está quase pronto e eu preciso arrumar a mesa ou meu pai ficará muito bravo. Não esqueça que te amo, te quero bem e que anseio por sua resposta. Fique bem.

 Com amor, Beatrice

Cartas para vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora