- A última peça de roupa: dobrada! – Yuju comentou, erguendo as mãos em comemoração assim que colocou a dita camiseta no guarda-roupas.
Ela se jogou de costas na cama com um lençol recém colocado, presente de minha mãe. Eu, que terminava de pregar um crucifixo acima da cabeceira, logo a acompanhei. Me sentei ao seu lado, olhando para frente enquanto ela observava o teto. Era possível ouvir o barulho dos carros passando esporadicamente na rua em frente à casa. Finalmente havíamos nos mudado, antes mesmo do casamento. Aparentemente nenhum de nós suportava mais ficar em suas próprias casas, e quando o assunto da mudança adiantada surgiu, a decisão foi unânime.
- Uma semana. Dá pra acreditar? – Continuou tentando iniciar uma conversa, infelizmente com um assunto que eu queria evitar ao máximo.
Faltava uma semana para o casamento. Dias e mais dias haviam se passado após o batismo, e desde então, Jeong Yunho me ignorava. Desviava o olhar quando nos encontrávamos em sua casa, se retirava do local assim que eu chegava e fazia de tudo para se manter longe. Era tortura. Sentia meu coração se partir a cada vez que meu olhar não era correspondido, e doía como o inferno não poder fazer nada a respeito disso. Era a sua vontade. Era o que devia fazer.
Eu estava noivo, prestes a me casar, e tudo o que conseguia pensar era em seus lábios macios. Em como ele me deixava louco apenas por existir. Depois de tanto remoer a respeito disso, cheguei à hipótese de que havia sido possuído por um demônio que queria me afastar dos caminhos de Cristo. E Yunho havia percebido isso antes de mim, decidindo cortar qualquer laço que um dia tivemos.
- Você está nervoso? – A Jeong perguntou, virando o rosto em minha direção.
A fitei do mesmo modo, notando como suas bochechas cheinhas se pareciam com as do irmão.
- Sim. Você não está?
- Claro que sim! Tá brincando? – Continuou, um sorriso no rosto. Ela parecia tão feliz que me confundia as vezes.
Me levantei com um peso anormal nos ombros. A cada segundo, tinha um pouco mais de certeza que estava atingindo meu limite. Era como se houvesse uma bomba relógio dentro de mim, em contagem regressiva, esperando o momento certo para explodir.
Meu celular vibrou dentro do bolso, com uma mensagem de San acesa no visor.
"Tenho uma surpresa pra você então trate de vir aqui o mais rápido possível."
Enquanto digitava uma resposta, a voz da garota me chamou a atenção.
- Eu vou sair com umas amigas hoje, tudo bem?
Me virei para ela, observando como mexia nas unhas nervosamente, aguardando uma confirmação.
- Você não precisa da minha permissão para sair, Yuju.
Ela sorriu sem mostrar os dentes, contente. Voltando a minha tarefa anterior, apaguei a mensagem que havia escrito, reformulando o recado.
"Vem aqui em casa."
--*--
- Ok. Eu trouxe algo muito especial. – San passou a tagarelar no momento que eu abri a porta, carregando um grande tubo de papelão em mãos. – Tenho certeza que sua memória vai aflorar assim que ver a belezura.
Minha noiva havia saído há alguns minutos, me deixando sozinho no apartamento novo. Bom, até agora.
- Sua casa é muito fofinha! – O Choi continuou, animado. Alisou o balcão da cozinha, com uma admiração que só ele poderia expressar.
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cure-me - yungi
Hayran KurguMingi nasceu em uma família extremamente religiosa. Tudo o que fazia era estritamente regulado pelos pais, que assim que perceberam as tendências homossexuais do filho, o enviaram para um Reformatório, onde ele poderia ser curado. Quando sua estadia...