Prólogo

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  Vendetta significa "Vingança".

O título é autoexplicativo.

Ia deixar pra postar depois que terminasse uma das outras, mas vai ser agora sim.

Essa história não é saudável, já vou logo avisando.

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— Camila, meu amor, você vai se atrasar para a escola. — A menina ouviu o grito vindo do andar de baixo da casa.

Ela bufou, rabiscando o papel com mais força. Os dedos pequenos estavam sujos pelo giz vermelho que ela usava e provavelmente teria que trocar de blusa antes de pegar o ônibus, mas Camila não ligava, sua atenção estava toda focada no que fazia e aquilo parecia ser muito mais importante do que a escola.

A menina encarou o caderno ao seu lado, lendo as últimas frases escritas ali. Sua mão se movia sem parar, mesmo que ela não estivesse olhando. Analisando a caligrafia tremida, claramente escrita com dificuldade, ela sentiu a raiva preencher seu peito mais uma vez.

Raiva não. Ódio.

Um sentimento sujo demais para uma criança de nove anos. Mas nada naquela história era limpo.


 Hoje é vinte e cinco de novembro. É o meu último dia escrevendo aqui. Pra ser sincera, sinto que meu último dia de vida está se aproximando.

 Penso como seria minha vida se eu tivesse tomado escolhas diferentes. Se eu não tivesse abandonado minhas morais e se não tivesse sido tão ingênua. Eu poderia estar agora aproveitando a vida com a minha filha e não nesse hospital sujo esperando o momento em que a morte terá piedade de mim e finalmente vai me levar.

Nunca vou me perdoar pelas escolhas que fiz, apesar de ter sido enganada para tomar a maior parte delas.  Ainda sim, terei que sofrer as consequências por ter amado quem não era meu. Por ter amado quem só me usou. Por ter amado alguém que me destruiu de dentro para fora.

E é aqui que eu me despeço.

Sinu Cabello.


Camila deixou as lágrimas escorrerem pelo seu rosto e encarou o retrato da sua mãe na escrivaninha. Ela estava pálida, magra, uma bandana cobrindo a cabeça careca. Ainda assim, Sinu sorria, abraçada com sua filha. A foto foi tirada dois dias antes da sua morte.

A menina notou que sua mão havia parado com o movimento e encarou o papel em sua mão. Ela viu a foto daquela família, um círculo vermelho na cabeça de cada um, uma seta sendo puxada para um rabisco na letra dela. Tinha cada coisa que ela iria fazer com cada um deles.

Ainda chorando, Camila sorriu, de orelha a orelha, estranho para quem chorava a morte da mãe.

Ficando de pé, ela levantou o papel, colando-o atrás do quadro na parede, onde diversas colagens de jornal estavam presentes. Eram diversas, mas todas falando de algo em comum:  os Mendes.

Iam desde o desempenho financeiro, até o nascimento da filha mais nova.

Camila observou tudo com os olhinhos brilhando. Um brilho assustador até para um adulto.

Sua avó a chamou de novo e ela pendurou o quadro na parede, escondendo os recortes de quem entrasse em seu quarto. Camila pegou a bolsinha, colocando nas costas e ajeitando as duas chiquinhas no cabelo. Calçou o tênis rosa e guardou sua garrafa de água. Se encarou no espelho. Não sujara a blusa, constatou.

Antes de sair do quarto, parou em frente a um calendário, marcando um "X" em mais um dia.  Quinze anos, cinco meses e vinte e quatro dias. Era esse o tempo que faltava. 

Camila suspirou, sorrindo mais uma vez.

Ela mal podia esperar.


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Digam o que acharam.

Até o próximo.

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