Capítulo 18

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— Ela não pode estar aqui! — Camila ouviu o grito de Karen ou, como ela preferia chamar, "bruxa".

— O que você queria que eu fizesse, Karen? Ela não tem ninguém pra ficar e acabou de ver a mãe ser socorrida! — Manuel exclamou. Camila continuou atrás da parede, observando em silêncio o casal discutir.

Mandasse ela pra merda de um orfanato. Eu não vou aceitar a filha daquela mulher dentro da minha casa!

Manuel ficou em silêncio por alguns segundos, encarando a esposa.

— Como você consegue ser assim? — perguntou, o desprezo claro em sua voz.

— O que você esperava, Manuel? Você me traiu...

— Ah, por favor! Não aja como se isso fosse um casamento de verdade, Karen! Como se eu tivesse te enganado e você fosse uma pobre coitada. Só tem um motivo para eu ainda estar com você e com certeza não é amor.

A mulher apertou os punhos e, por um momento, Camila jurou que ela iria para cima dele.

— Quero ela fora daqui.

— Ela fica. E espero muito que você não tente fazer nada, Karen, porque eu juro que faço você se... — Os olhos dele bateram na garotinha e sua feição se suavizou automaticamente.

Karen seguiu seu olhar, soltando uma risada irônica.

— Não vou sair da minha casa por causa dessa pirralha.

Manuel a encarou, antes de dizer:

— Não estou pedindo pra você sair. Mas enquanto Sinu estiver no hospital, Camila fica e você não vai nem se dirigir a ela. Está decidido.

— Vai se arrepender disso. — Foi tudo o que ela disse, antes de sair do local.

Manuel suspirou, esfregando as mãos no rosto antes de olhar para Camila, se aproximando.

A menina se encolheu, os olhos olhando-o com atenção.

— Ei... — Ajoelhou-se na frente dela. — Você já almoçou?

Camila negou com a cabeça.

Mesmo sendo tão nova, sentia a estranheza no ar. Ela se divertiu muito com Manuel, meses atrás, mal podia esperar para vê-lo. Agora, era como se ele fosse um estranho.

— Então vamos comer. — Estendeu a mão.

Camila hesitou por um momento, parecendo pensar. Mas, por fim, segurou a mão, deixando-se ser conduzida até a mesa da sala de jantar.

— Agatha, por favor, traga o almoço para Camila. — Manuel se dirigiu a uma funcionária. 

A menina sentou-se, juntando as mãos no colo, esperando. Não demorou muito para que a comida chegasse e fosse colocada na sua frente.

Ela encarou o prato, sem mover um músculo para pegar o conteúdo ali .

— Você não gosta disso? — Manuel perguntou.

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