— Ela não pode estar aqui! — Camila ouviu o grito de Karen ou, como ela preferia chamar, "bruxa".
— O que você queria que eu fizesse, Karen? Ela não tem ninguém pra ficar e acabou de ver a mãe ser socorrida! — Manuel exclamou. Camila continuou atrás da parede, observando em silêncio o casal discutir.
— Mandasse ela pra merda de um orfanato. Eu não vou aceitar a filha daquela mulher dentro da minha casa!
Manuel ficou em silêncio por alguns segundos, encarando a esposa.
— Como você consegue ser assim? — perguntou, o desprezo claro em sua voz.
— O que você esperava, Manuel? Você me traiu...
— Ah, por favor! Não aja como se isso fosse um casamento de verdade, Karen! Como se eu tivesse te enganado e você fosse uma pobre coitada. Só tem um motivo para eu ainda estar com você e com certeza não é amor.
A mulher apertou os punhos e, por um momento, Camila jurou que ela iria para cima dele.
— Quero ela fora daqui.
— Ela fica. E espero muito que você não tente fazer nada, Karen, porque eu juro que faço você se... — Os olhos dele bateram na garotinha e sua feição se suavizou automaticamente.
Karen seguiu seu olhar, soltando uma risada irônica.
— Não vou sair da minha casa por causa dessa pirralha.
Manuel a encarou, antes de dizer:
— Não estou pedindo pra você sair. Mas enquanto Sinu estiver no hospital, Camila fica e você não vai nem se dirigir a ela. Está decidido.
— Vai se arrepender disso. — Foi tudo o que ela disse, antes de sair do local.
Manuel suspirou, esfregando as mãos no rosto antes de olhar para Camila, se aproximando.
A menina se encolheu, os olhos olhando-o com atenção.
— Ei... — Ajoelhou-se na frente dela. — Você já almoçou?
Camila negou com a cabeça.
Mesmo sendo tão nova, sentia a estranheza no ar. Ela se divertiu muito com Manuel, meses atrás, mal podia esperar para vê-lo. Agora, era como se ele fosse um estranho.
— Então vamos comer. — Estendeu a mão.
Camila hesitou por um momento, parecendo pensar. Mas, por fim, segurou a mão, deixando-se ser conduzida até a mesa da sala de jantar.
— Agatha, por favor, traga o almoço para Camila. — Manuel se dirigiu a uma funcionária.
A menina sentou-se, juntando as mãos no colo, esperando. Não demorou muito para que a comida chegasse e fosse colocada na sua frente.
Ela encarou o prato, sem mover um músculo para pegar o conteúdo ali .
— Você não gosta disso? — Manuel perguntou.
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VENDETTA
Roman d'amourMinha vida foi dedicada para isso. Cada momento, cada mísero segundo, cada escolha foi feita para que eu estivesse aqui. Nunca me senti tão viva como naquele momento. Eu faria os Mendes se destruírem, assim como fizeram com a minha família. Talvez...