Capítulo 12

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Algumas vezes, a partir de agora, ao invés do diário, teremos flashbacks, que inclusive eu amei escrever.

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Descansei a cabeça conta a porta de madeira antes de entrar no quartinho. Exaustão tomava conta do meu corpo, seguida de uma dor de cabeça monstruosa.

Mas, ainda assim, o cansaço na minha mente e o peso em meu peito eram maiores.

Você só precisa aguentar mais um pouco, Sinu. Era o que eu repetia na minha mente. Por Camila.

Logo vocês terão um lugar só para vocês. Vai poder trazer sua mãe também.

A expectativa de um dia conseguir tudo isso era o que me dava forças. Era o que fazia aguentar tudo.

O som suave de passos na grama de trouxe de volta à realidade. Meu corpo automaticamente ficou tenso, antes mesmo que ele anunciasse sua chegada.

Sinu... — Começou. Imediatamente arranque a chave do bolso, tentando abrir a porta. — Não. Espera. — Chegou mais perto, segurando meu braço. Logo me afastei, dando um passo para atrás, ainda com a cabeça abaixada.

— Vai embora. — Foi tudo o que falei.

— Vamos conversar. — pediu, estendendo as mãos para tocar meus ombros, mas parou no meio do caminho quando me retrai. Seus braços caíram pendentes ao lado do seu corpo.

— Eu não tenho nada para falar com você. Me esqueça. — Falar essas palavras era mais difícil do que parecia.

— Você sabe que eu nunca conseguiria. — Ri, porque não queria chorar na sua frente. — Sinu, por favor... — Chegou na minha frente, colocando a mão no meu queixo e o erguendo. Tentei me afastar, mas ele o segurou assim que viu minha face por completo. — O que aconteceu?

— Bati na parede.

Manuel afastou meu cabelo do rosto e estremeci, me odiando por ainda sentir algo com seu toque.

— Isso não é um roxo de quem bateu na parede. — disse, parecendo exasperado. — Bateram em você?

— Me deixa em paz. — falei, tanto um passo para trás.

— Eu estou falando sério, Sinu, quem fez isso? — insistiu — Eu juro que se descobrir...

— Você não vai fazer nada.

Não sei se foi a amargura em minha voz, ou a expressão em meu rosto, mas, de alguma forma, Manuel entendeu. Ou pelo menos supôs.

— Foi... — respirou fundo — Karen fez isso?

Permaneci em silêncio, o que foi a resposta que ele precisava.

Manuel agarrou os cabelos, andando de um lado para o outro, parecendo transtornado demais para formar uma frase coerente.

Com um suspiro cansado, caminhei até a porta, girando a maçaneta.

Sinu...

VENDETTAOnde histórias criam vida. Descubra agora