Capítulo 22

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— Mamãe, vamos brincar! — Camila pediu pela milésima vez.

Sinu encarou a filha, os olhos cansados e abatidos tentando se mostrarem mais animados.

— Estou cansada, querida.

Camila bufou.

— Mas você está sempre cansada! — Reclamou.

Sinu piscou, os olhos lacrimejando. Endireitou-se no sofá, respirando fundo.

Não podia mais esconder isso da filha.

— Querida, venha aqui. — Chamou. Camila se aproximou, sentando-se ao lado da mãe. — Precisamos conversar sobre algo.

— O quê? — Perguntou, inocentemente.

— Lembra de quando fui para o hospital? — A menina assentiu. — Bom... O médico descobriu algo sobre mim. Eu estou doente. Muito doente.

Camila piscou, parecendo confusa.

— Mas quando você tomar o remédio, vai melhorar, certo?

Sinu apertou os lábios. Não poderia falar sobre esse assunto, Camila não compreenderia. 

— Vou tentar melhorar. — Foi tudo o que respondeu. — Só quero que você saiba que... Eu... Eu... — Gaguejou. — Posso não melhorar.

— Mas todos melhoram com remédio. — Camila, riu, sem entender. — O que acontece se você não melhorar?

— Vou ter que deixar você, querida. 

A menina ficou em silêncio.

Por um momento, Sinu achou que ela não compreendeu. Mas Camila sempre foi muito esperta.

— Você quer dizer... Morrer? — Sussurrou a última palavra, como se fosse proibida. 

— Sim. — Respondeu, quase inaudível. — Mas, querida, você tem sua avó...

— MENTIRA! — Camila gritou, ficando de pé, os olhos brilhando, cheios de água. — Para de mentir! É mentira!

Sinu estendeu a mão na direção dela, mas a menininha correu, subindo os degraus da escada e batendo a porta do quarto. 

A mulher cobriu o rosto, não contendo os soluços quando sua mãe a abraçou. Doía pensar que Camila não saberia o que é ter esse conforto por muito tempo.

— Ela vai entender. — A mulher mais velha sussurrou, embalando-a como se fosse um bebê.

*

Estava nervosa mais cedo, antes de entrar na empresa dos Mendes. 

Era o momento que eu tanto esperei, que passei anos imaginando na minha mente.

Meu coração batia, acelerado.

Mas não tanto quanto fazia agora que eu estava parada em frente à casa de praia. 

VENDETTAOnde histórias criam vida. Descubra agora