Capítulo 34

139 18 11
                                    

Ela estava quase irreconhecível.

A mulher cheia de classe com a aparência bem cuidada e roupas finas havia ido embora, dando lugar a roupas mal velhas, e uma aparência cansada.

Não falei nada por um instante, surpresa, intrigada e, ao mesmo tempo, odiosa por vê-lá depois de tudo o que aconteceu.

Houve um momento de silêncio, onde apenas nos encaramos, tensão pairando no ar.

— Achei que a este ponto você já estaria longe daqui. — Fui a primeira a falar, calma, ainda que por dentro meu coração batesse desenfreado.

— Não se preocupe, vou fazer isso quando sair daqui.

A ameaça estava por detrás da sua frase, mas não demonstrei nenhum sinal de abalo, caminhando tranquilamente pela sala de estar.

— Isso era para me deixar preocupada? — Abri um sorriso zombeteiro.

— Não, mas acho que isso vai te preocupar.

Eu demorei um tempo para entender, mesmo quando elas estendeu a mão na frente do corpo.

Era difícil absorver que Karen tinha uma arma apontada na minha direção.

— Você vai me matar? — Tentei parecer impassível, mas senti uma pontada de medo por dentro.

Karen poderia parecer apenas uma mulher egoísta e interesseira, mas eu sabia que ela tinha a capacidade de coisas muito mais cruéis, porém nunca sujando as próprias mãos.

— Está com medo?

Ela com certeza gostaria de me ver demonstrar medo.

Antes que eu pudesse falar qualquer coisa, a campaninha tocou. Karen sorriu.

— Meu convidado chegou. — Foi tudo o que disse.

Antes que eu pudesse questionar qualquer coisa, Manuel entrou na sala.

Seus olhos passaram por mim, confusos, e em seguida para a mulher na sua frente para, por fim, se arregalarem ao focarem no objeto em sua mão.

— Karen, o que você...

Cala a boca! — Exclamou, perdendo toda a compostura, o que me fez pular levemente com o susto pela ação inesperada.

Ela encarou nós dois, os olhos intercalando nas duas direções, como se não soubesse para quem direcionar seu ódio. Sua mão tremia e seu rosto estava vermelho.

Shawn deveria chegar a qualquer momento e não sei se isso me tranquilizava ou preocupava ainda mais.

— Você não quer fazer isso. — Manuel continuou, dando um passo para mais perto.

Uma risada saiu de seus lábios.

— Ah, você não faz ideia do que eu quero. — Seus olhos me olharam. — Fico triste da vadiazinha da sua mãe não estar aqui, porque eu gostaria de ter o prazer de acabar com ela com as minhas próprias mãos.

— Não fale da minha...

— Eu vou falar o que eu quiser e você vai me ouvir calada! — Deu um passo a frente e eu tive que me segurar para não dar o prazer dela me ver recuar. Eu não teria medo, se Karen não parecesse tão transtornada naquele momento. Eu sequer acreditrata que tinha coragem de matar alguém sem tercerizar a tarefa. Mas o olhar em seus olhos... realmente senti medo. — Acha que pode chegar aqui e destruir a minha vida? Vocês duas acham isso?

Franzi as sobrancelhas, percebendo que ela realmente falava da minha mãe como se ela estivesse aqui.

— E você... — Olhou para Manuel. — Só não acabei com você há muito tempo atrás porque precisava da sua palavra para tomar qualquer decisão, mas agora... — Riu. — Não preciso de você mais, afinal, estou arruinada. Essa é a única parte boa: não tem mais o que eu possa perder.

VENDETTAOnde histórias criam vida. Descubra agora