Capítulo 25

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Um soluço baixo. Um choramingo suave.

Camila apertou a mãe mais forte, sentindo os braços dela lhe rodearem, sem força.

— Mamãe? — Sussurrou, a voz embargada preenchendo o quarto.

Sinu tossiu, o som saindo agudo pelos pulmões fracos.

— Minha linda... — Murmurou.

— Eu tô com medo. — A garota disse e uma lágrima escorreu pelo olho da sua mãe.

— Shh... Não precisa ter medo, meu amor. Eu vou cuidar de você, mesmo que eu não esteja mais aqui.

O choro da garotinha tornou-se mais desesperado e ela se agarrou ainda mais à Sinu, como se isso pudesse impedi-la de deixá-la.

Mas não impediu.

— Você é a coisa mais... precisiosa... que eu tive. — Murmurou, os olhos se fechando enquanto abria um sorriso pequeno. — E vai ser muito forte... e feliz... um dia.

Camila balançou a cabeça.

— Não me deixa. — Choramingou.

— Nunca vou deixar você. — A mulher não conseguiu conter seu próprio choro. — Mas não consigo mais ficar.

Tossiu mais e Camila ergueu-se para buscar um copo de água, contudo, Sinu a impediu.

— Deite aqui comigo. — Sussurrou, quase sem forças. Camila obedeceu, como sempre fez. — Eu amo você, Camila.

— Também amo você, mamãe.

E então ela viu.

Viu quando os olhos de Sinu começaram a ficar opacos.

Camila a chamou, mas não obteve resposta. Gritou pela mãe várias e várias vezes, agarrando-se ao corpo fraco enquanto assistia a morte levá-la.

Sua avó tentou afastá-la, mas a garota agarrou-se ao corpo da mãe, como se isso pudesse impedi-la de ir.

Sua avó desistiu, entregando-se a dor de perder uma filha.

Ambas choraram naquele leito de morte, o lamento tornando-se devastador para qualquer um que os ouvisse.

Um superando o outro, afinal, impossível dizer qual doía mais: perder a filha ou perder a mãe?

*

Meus olhos prenderam-se em Shawn pela terceira vez desde que desci para fazer meu café da manhã.

Ele estava em silêncio, engolindo o café como se fossem pequenos cacos de vidro passando em sua garganta.

Me perguntei o que havia o deixado tão irritado.

Como se soubesse que ocupava meus pensamentos, seus olhos se direcionaram para mim, de repente.

Não desviei, temendo parecer nervosa e intimidada por ele.

Shawn me observou por uns instantes, ainda tenso. Quase achei que não falaria nada, mas ele me surpreendeu.

— Sei que você não deve conhecer espaço pessoal, mas prefiro acordar sozinho do meu lado da cama. — Foi tudo o que disse antes de terminar seu café e sair em direção ao trabalho.

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