Dois dias antes...
Luke Patterson
"Me desculpe, é tudo culpa minha!"
Penso, logo existo. Essa é a frase usada por Descartes para "provar" a nossa existência. Mas, os pensamentos podem ser muito mais que uma prova para nossa existência, eles podem ser a prova da nossa destruição.
Eles te controlam, te sabotam, acabam com sua sanidade, pensamentos são a maior arma que o sua própria mente pode achar para perturbar você.
E é no meio dessa destruição que nos perdemos, é no meio dessa confusão que não achamos a luz. Mas quem irá nos encontrar na escuridão? Quem pode iluminar tudo isso? Quem pode apagar cada estrago feito pelos nossos próprios pensamentos?
Leiam e tirem suas próprias conclusões.
- Não consigo ler isso. - respirou fundo, segurando o papel com força.
- Você não tem escolha. - ele desviou o olhar para o papel
- Não sei se consigo lidar com o ódio dela agora. - colocou o papel ao seu lado e empurrou para a loira
- Mas você tem que lidar. Lucas, toda ação tem consequências, lide com isso. - o encarou séria
- Eu acho melhor falarmos de outra coisa. - se levantou e Carrie o segurou pelo pulso.
- Pare de fugir.
- Eu não estou fugindo! - se soltou
- Você está! - exclamou a loira.
Ele respirou fundo, tentando acalmar a própria cabeça.
- Quer saber? Eu estou fugindo. - entrou em casa
Carrie o seguiu.
- Você não pode continuar assim. - ele entrou no próprio quarto.
- Assim como? Evitando que isso doa? Muito obrigado, mas eu prefiro continuar assim. - ela engoliu seco
- Lucas, isso precisa doer. - falou, segurando o papel - Nela está doendo, você precisa sentir a dor também!
- Tudo que eu tenho sentido ultimamente foi a dor, estou cansado. - passou a mão pelo rosto.
- Você precisa sentir a dor dela, Lucas... - deu um passo à frente - Precisa entendê-la, precisa dividir essa dor com ela.
- Eu não consigo... - seu corpo estava tenso e sua mente trabalhava em uma velocidade absurda.
- Você consegue, - se aproximou mais - A dor é um lembrete de que precisamos melhorar. - tocou seu ombro
- Eu só conseguia sentir dor com ela, Carrie. Ela fazia a dor parar.
- Eu sei que não é a mesma coisa. Mas, como sua amiga, eu posso tentar fazer a dor parar. - ele se virou para ela - Escute-a, mesmo que seja com palavras. Sabemos que ela precisa disso. - entregou o papel dobrado.
- Ok... - pegou o papel com calma, as mãos trêmulas entregavam o seu nervosismo.
Se doía nela, ele teria que sentir a dor também.
Ele sentou em sua cama, olhando fixamente para o papel dobrado. O papel que tem cada palavra escrita por ela, o papel que tem os sentimentos dela, o papel que era tão leve e mesmo assim parecia mais pesado que qualquer coisa.
Carrie sentou em sua frente, o encorajando a abri-la. Ele relutou um pouco, mas abriu devagar, se preparando para ler o que ela sentia, se preparando para saber o que mais causou no coração dela.
Com o papel aberto, fechou os olhos com força, repassando cada acontecimento pela sua mente, se auto sabotando mais uma vez, era automático. A culpa era automática, a vontade de acabar consigo mesmo por isso, também.
A partir da primeira palavra lida, a culpa aumentou...
"Luke," Seu coração acelerou.
Ele realmente nunca conseguiria se preparar para aquilo.
"Eu te amo, e te amar pode ser o maior crime que eu esteja cometendo, pois esse amor, está me matando, profundamente." Sentiu o ar indo embora, ele estaria a matando?
"E isso é uma tortura, pois logo depois de cada lembrança boa, vem sempre aquela imagem, a imagem do beijo, que tanto me destruiu." Seu coração batia rápido demais.
"Porque eu sei que seu beijo foi verdadeiro, eu senti, mas aí, eu lembro que você está com ela e percebo que não há comparação." Ele não devia ter a beijado!
"A beleza dela ofusca até o meu sorriso que é o que eu mais gosto em mim." Tudo culpa dele!
Procurava o ar que tanto precisava, procurava ver algo claramente em meio a tantas lágrimas, procurava o silêncio em meio ao caos da sua mente. Ele se culpava demais, era torturante.
- Lucas? - a voz da loira soava distante.
Ele puxava o ar com força, desespero, medo. Ele tremia, chorava, sua voz simplesmente não saía.
- Luke! Ei, calma! - se aproximou dele segurando o seu rosto
Ele conseguiu vê-la, conseguiu escutá-la.
- Respira, devagar. Escuta, não deixe isso acontecer, não deixe sua mente vencer. - sua voz soou séria
- Eu... não...- sua voz continuava presa
- Lucas, estou aqui ok? Não me assusta pelo amor de Deus! - ela o abraçou com força
Ele sentiu seus músculos relaxarem, e recuperou o fôlego. Mas sua cabeça não lhe dava paz.
E ele só queria isso, paz, toda aquela pressão, toda aquela aflição, toda aquela culpa. Era demais para ele.
Ele só queria estar com Julie, queria estar nos braços dela, queria que ela dissesse que está tudo bem.
- Vai ficar tudo bem. - disse a loira, saindo do abraço - Sei que não é ela dizendo isso, mas vai dar tudo certo.
- Obrigado. - saiu como um sussurro - Por tudo.
Amigos. Eles nos tiram do caos, eles diminuem a nossa dor, eles estão sempre aqui. São eles que leem seu olhar, são eles que te decifram, te conhecem. É deles que cada um precisa.
Até os maiores vilões precisam de amigos, os incompreendidos também. Amigos, são muito mais que confidências, amigos te fazem enxergar o quanto você merece a vida. Amigos te ajudam a viver.
Mas nem sempre os amigos podem preencher o vazio de um amor.
Ao anoitecer, Luke pegou seu celular e, totalmente decidido, discou o número de telefone. Esperou que atendesse, mas não aconteceu...
Um toque.
Dois toques.
Três toques.
E caiu na caixa postal.
- Oi, você ligou para a Julie. No momento não posso atender, estou admirando o meu pôr-do-sol. Então, deixe seu recado. - ele escutou surpreso.
-Oi, Julie. Eu...
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Pedaços | JUKE
Fiksi PenggemarJulie Molina é uma jovem garota de coração partido. Perdeu sua mãe e seu grande amor não ficou do seu lado, deixando-a destruída. Ela luta todos os dias contra a dor da perda da mãe e a dor do amor. Seus melhores amigos e sua família lhe ajudam ness...