Nove - Parte II

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"Casa, é qualquer lugar que eu esteja com você."

Julie Molina

— O que faz aqui? — seu peito apertou, não era possível.

Não era possível que sua mente pudesse fazer aquilo, não era possível que sua mente cometesse tamanha traição.

Eu queria te ver, queria falar com você. — a serenidade na sua voz era minimamente irritante.

— Você não é real. — riu com amargura — Você não pode ser real — seus olhos estavam se afogando, ela estava se afogando

O que seria real para você? — ela não tinha coragem de encará-la — Você está me matando, Julie.

Aquilo só poderia ser um castigo dos céus.

— Não estou de matando, você já está... está morta. — sua cabeça parecia mais pesada que o normal

Julie observou como ela respirou fundo, abrindo os braços para sentir a chuva cair sobre ela. Ela sempre fez isso, era a sua forma de sentir a liberdade.

Droga! Ela tinha tanta saudade!

Olha essa chuva, não é linda? 

Qual o sentido dessa conversa? 

Ela nunca sentiu tanta vontade de desabar como estava sentindo nesse momento.

— Que beleza há em algo que pode tirar a vida? — fungou

Julie, tudo que nos deixa vivos vai nos matar um dia... — a cacheada tentava reprimir a dor que crescia dentro de si — ... e é aí que está a beleza da vida.

— Isso é patético. — respondeu com a voz embargada

Precisava respirar.

Lembra que, em dias como esses, brincávamos com o Carlinhos, ele era tão pequeno... — Julie sentia que iria explodir ali — ... ficávamos encharcados esperando o sol aparecer, lembra?

— Não gosto de lembrar.

Mas deveria.

— Mas dói.

Eu sei, sinto muito filha. Sinto mesmo. — e então o choro aumentou

Julie se sentia entregue, entregue à dor, às lembranças, à saudade. Suas forças se esvaíram, ela só precisava de alguém que pudesse segurá-la, mas o que ela não tinha percebido era que mesmo sem forças, ela que segurava a si mesma, e este era seu maior erro.

Seus ombros tremiam conforme seu choro se intensificava, e ela se ajoelhou, sentindo a chuva lavar a sua alma, mesmo lutando contra isso à um tempo.

Você era tão feliz, Julie. Com o Luke, sem o Luke, comigo, sem mim, você era feliz. — ela se aproximava da cacheada — Você era a definição de felicidade, era o motivo da minha felicidade. 

E quando sentiu seu toque, se sentiu em casa.

Apenas me leve pra casa.

Apenas volte a ser você, Julie. Eu nunca vou te deixar sozinha.

Ela respirou fundo, se acalmando cada vez mais.

Essa chuva é a sua liberdade, Julie. 

Então Julie relaxou, pela primeira vez.

E Rose, realmente se foi.


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⏰ Última atualização: Jun 27, 2022 ⏰

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