Sobre Amor, Tartarugas e Novas Chances

I

Elas estavam deitadas no colchão de Gabriela que estava na sala de estar porque seu irmão estúpido tinha preferido flertar com uma garota em vez de ajudá-la a movê-lo para o quarto dela. Bem... Agora ela e Sheilla estavam lá, tomando vinho e batendo papo, sobre coisas importantes, coisas não tão importantes assim. Elas tinham um cobertor sobre elas, era uma noite fria. Já era tarde, mas mesmo assim Gabriela podia ouvir um murmúrio vindo de fora, denunciando que a cidade não estava completamente adormecida.

A mente da morena estava divagando... Sobre o caso, sobre como Jessica havia mentido para eles, fazendo-os acreditar que era apenas uma vizinha normal e não uma policial disfarçada. Agora Henrique tinha um coração partido e ela um colchão no chão. Henrique, estúpido! Ela pensou que ele seria mais inteligente do que isso. Ela estava tão concentrada em seus pensamentos que tinha perdido as últimas palavras de Sheilla.

– Gabriela?

– Sinto muito, o quê?

– Eu estive pensando... Sobre o que você disse do seu sonho de casamento.

– E aí? Eu já te disse, Shei. Sim para gummy bears, e não, definitivamente NÃO para o vestido de noiva. – ela brincou.

– Não é isso. – Sheilla virou-se ao seu lado para encarar Gabriela.

– O que é, então?

– Na verdade, não é sobre casamento.

– O que é, então? – ela perguntou de novo, impaciente.

– Bem, eu... Bem. Não fique brava comigo.

– Sheilla. – ela alertou-a com irritação na voz.

– É que eu não consigo imaginar você como uma mulher casada.

– Espera, o quê? Por que, Sheilla? – agora foi a vez de Gabriela rolar para um lado.

– Porque sim... Eu nunca vi você apaixonada. Quer dizer, além de Juliana.

– Eu não entendi.

– Quando você estava saindo com algumas mulheres, você não se importava com seu relacionamento, ou com elas, de qualquer maneira.

Gabriela arqueou uma sobrancelha, deixando Sheilla terminar sua análise.

– Agora, com Juliana. Bem, você não parecia ser você mesma quando você estava com ela. Você disse que estava apaixonada, mas não parecia como se estivesse. Você queria ela e não queria ao mesmo tempo.

– É muito complexo? – era meio que uma pergunta.

– Pode ser. Eu só queria saber... Como você agiria quando estivesse realmente apaixonada.

– Como seria para mim, você quer dizer?

– Sim.

– Bem... É tarde demais para isso. – o teto estava girando. A coisa é que ela não queria falar sobre isso agora. Estar deitada ao lado de Sheilla com o adicional desse assunto era algo muito perturbador. Entretanto, os olhos questionadores da médica não parariam de estudá-la enquanto ela não ouvisse uma resposta que a deixasse satisfeita, então...

– Ok. Você está certa, quando eu estava com ela eu não me sentia como eu mesma. Isso foi um grande problema. Eu acho que... Quando eu tiver a pessoa certa, vou me sentir como eu. Eu gosto do meu espaço, como você sabe... E seria bom ter alguém para falar sobre as coisas no final do dia, sentindo-se confortável em apenas estar lá, sabe?