VIII

1.5K 107 38
                                    

Pra compensar ontem que não teve um capítulo pra vcs ;)

Boa leitura!


Finalmente, ela encontrou seu smartphone no balcão da cozinha, ela desbloqueou e estava prestes a discar quando viu Canela cruzando a sala de estar, vindo encontrá-la. O pequeno cão sentou-se no chão de madeira e agora estava abanando o rabo pacientemente para ela.

Canela. Sheilla franziu a testa. É claro. Por que ela não pensou nisso em primeiro lugar? Noah! Sheilla sentiu uma pequena centelha de esperança iluminando o coração. Ela caminhou pela casa de novo, seu corpo tremia de medo e expectativa, e logo quando ela estava passando pela sala de yoga, ela viu a menina de joelhos, de costas para Sheilla, e a tartaruga na frente dela.

– Lina! – Ela chamou firmemente, aliviada demais para se preocupar com seu tom de voz, a palavra enchendo o ar silencioso. Ela se sentiu culpada imediatamente quando viu a menina saltar de medo.

– O que?! – Ela suspirou e encolheu antes de virar-se para Sheilla.

– Desculpa, querida, eu não queria assustá-la. – Ela baixou a voz, tomando de volta o controle que, aparentemente, ela tinha perdido antes.

A menina não disse nada, ela só ficou olhando para Sheilla, as sobrancelhas erguidas em alerta, como se espera de uma reprimenda. Sheilla deu alguns passos e sorriu para ela, queria que ela soubesse que estava tudo bem.

– O que você está fazendo? Eu estava procurando por você.

– Eu estou alimentando o Noah. – Ela mostrou para Sheilla um morango que tinha na mão. Só agora Sheilla percebeu a tigela cheia de morangos no chão ao lado de Lina, a boca e as mãos da menina estavam sujas com suco vermelho da fruta. – Gabriela me disse para ficar aqui e cuidar de você.

Sheilla abriu um sorriso. – Aposto que ela pediu. Você está comendo isso também? – Ela perguntou enquanto ela se sentou ao lado de Lina e apontou para a fruta.

– Tem problema? – Ela perguntou timidamente.

– Claro que não.

A menina sorriu para ela e mordeu metade da fruta, uma nova onda de água vermelha escorrendo de seus lábios.

– Você dormiu bem neste pijama? – Sheilla colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha de Lina.

– Uhum. Macio. – Ela comeu a outra metade da fruta e parou para ver Sheilla. A morena sabia que ela queria saber o que ia acontecer agora, mas isso, até mesmo Sheilla não sabia.

A morena viu Lina se encolher quando Noah começou a andar para longe delas. A menina riu, achando engraçado a maneira como ele se arrastava no chão.

Quando ela voltou os olhos para Sheilla, a morena se perguntou se as amêndoas poderiam ser tão escuras quanto os olhos daquela menina, a mancha vermelha em seus lábios contrastando-os ainda mais. Ela parecia em paz, tanto quanto uma criança poderia depois de passar por tudo o que ela tinha passado, ou talvez ela estava apenas deixando de lado seus sentimentos – isto é, se ela sabia como fazer isso. De alguma forma, ela parecia ser forte. Mas seus olhos... Eles estavam segurando a dor, um tipo de dor que Sheilla sabia que levaria tempo, e paciência, e noites de choro e Deus sabe o que mais para desaparecer. Não era apenas um estado de espírito, a dor na maioria das vezes parecia real, como se alguém estivesse esmagando seu coração – ela já tinha experimentado isso. E Lina era apenas uma criança, uma doce garotinha que agora estava chupando os dedos cobertos de suco.

Sheilla riu com a visão. Era adorável, muito doce para se perder no tempo ou até mesmo em sua memória. Segurando seu celular, ela perguntou: – Lina, posso tirar uma foto de você?

Sobre Amor, Tartarugas e Novas ChancesOnde histórias criam vida. Descubra agora