Assalto da madrugada

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POV ANY GABRIELLY

Dormir fora de casa nunca foi um problema para mim, sempre dormia na casa da Sabina e do Noah, ou então na casa da vovó, ou até mesmo nos acampamentos para moças que meu pai insistia em me colocar todo verão dos meus quatro a oito anos, mas...ali era diferente, não estava por vontade própria, e sabia que não era bem vinda...por mais que tenham me dito...eu nunca fui de me sentir insegura, mas algo em relação ao príncipe sempre me fez sentir inferioridade, o que automaticamente me fazia agir com rispidez.

O quarto era lindo, de fato, não posso negar que adorei o luxo, por mais que eu seja rica, não chegava naquele nível de luxo, o que vamos ser sinceros, eu amo, eu amo toda essa atenção, amo todo esse glamour, amo toda essa glória que a coroa tem, e eu daria tudo para ter um dia com esse luxo e atenção toda, afinal eu faço qualquer coisa para receber um mínimo de reconhecimento, não que eu seja fútil, não, é questão de querer que me aceitem, que percebam quem eu sou, de saber quem sou e o que eu posso fazer.

Questão de um dia poder fazer a diferença, eu conheço o povo, eu vivi no povo, eu daria tudo para ajudar esse reino, que é tão desigual, eu daria tudo para mostrar que eu sou mais que uma ovelha fora da curva, eu daria tudo para gritar bem alto que :

" Uma mulher pode fazer a diferença, uma mulher pode comandar a pátria, uma mulher pode fazer o que quiser, e o lugar de mulher, é onde ela quiser".

Mas vamos ser realistas, porra estamos na idade média, uma mulher nunca vai ser vista, então é por isso que tento usar o máximo de coragem que eu tenho para encorajar outras, tento mostrar que posso vestir o que eu quiser sem deixar de ser mulher, posso falar e ser como eu quiser,  e é por isso que sou considerada selvagem, porque tento mostrar que nós mulheres podemos e conseguimos ser e fazer tudo o que um homem faz, enfim...

Voltando ao assunto do quarto, de fato era lindo, tudo decorado em tons de prata, bronze e ouro, mas...ainda sim, não era meu lar, não era a onde me sentia acolhida, eu me sentia desprotegida e indefesa...(foto).

Rolava de um lado, rolava de outro, bagunçava os lençóis de seda da cama, mas nada de pegar no sono, então me levantei, e decidi andar pela ala leste do castelo.

Abri a enorme porta do quarto, e caminhei descalça pelos longos corredores frios e vazios, iluminados penas por candelabros, eu vestia apenas uma camisola de seda cor de rosa, o que me ajudava a sentir mais frio, então apertei o passo, e fui em direção da enorme cozinha.

Entrei na enorme dispensa e fiquei olhando o que de mais simples poderia pegar para comer sem que dessem falta.

Tudo estava no mais sereno silêncio da madrugada, só se ouvia as cigarras e os grilos do lado de fora, todos do castelo dormiam, pelo menos era o que eu achava.

Até ouvir passos, peguei a primeira coisa que vi que poderia ser uma arma, uma frigideira no caso, e fiquei esperando no escuro, até que o caminho foi se clareando com a luz de um castiçal, e do clarão surgiu a imagem do príncipe, não usando um terno, mas sim, uma camiseta cinza e uma calça de pijama xadrez.

Seu cabelo estava bagunçado, e seus pés descalços, o que o tornava surpreendentemente humano.

Josh: Você vai me acertar com uma frigideira, é sério?

- An...? Ah- falei relaxando o corpo e largando a frigideira no balcão- desculpa, eu só pensei que...

Josh: poderia ser alguém perigoso? - ele perguntou soltando um sorriso rápido

- Isso...eu não ia te acertar...não agora, tipo, com uma frigideira, seria meio idiota, eu poderia sei lá, te acertar com uma flecha, eu sou muito boa nisso, seria mais digno minha sentença, já pensou? Jovem é condenada a forca por matar o príncipe a frigideiradas? Seria uma piada, principalmente quando eu chegasse no inferno e tivesse que explicar meu peca....- desatei a falar desesperada e ele simplesmente ficou me encarando confuso por longos segundos

Josh: Desculpa...eu só...am...ia comer um lanche...sabe, fome da madrugada- ele falou pegando um pão e uma peça de presunto

- Ah sim...eu vim fazer a mesma coisa, eu sabia que tinha presunto estocado na sua dispensa - falei tentando aliviar a tensão

Josh: Você assalta a dispensa de todas as pessoas que te chamam pra dormir? - ele perguntou arqueando a sobrancelha

- Só quando não consigo dormir- falei rindo- e eu não sabia que estava acordado...

Josh: Bom...eu nunca consigo dormir...sabe, problemas com insônia

- ah...entendi...- falei meio sem graça pegando uma fatia de pão na qual ele cortava

Josh: Você treinou o que falar amanhã para o escrivão?

- Claro que treinei, você não é o único responsável sabia? Eu sei minhas responsabilidades

Josh: Eu não quis dizer...- ele hesitou- só quis saber se você acha que a gente deveria...tipo...ensaiar?

- Você precisa?

Josh: Bom...eu pensei que poderia te ajudar

É claro que ele sabia, tudo o que Josh já fez publicamente deve ter sido ensaiado em segredo.

- Não, não preciso, eu sei o que devo fazer, não pense que só porque sou mulher, que não sei pensar, seu...

Josh: Ei, ta bom, vai com calma...eu não achei nada...eu só...

- Só pensou que eu não tivesse capacidade de pensar

Josh: Não any...não pensei...aliás...você acha que sabe o que passa na cabeça de cada um, mas na verdade, você não deve entender nem o que passa na sua cabeça, chega a ser ridículo essa sua armadura toda, sua mãe não te ensinou etiqueta não?

- Não fala da minha mãe...

Josh: Por que? A princesa não gosta que fale da mamãe dela? Vai ficar bravinha vai?

- Joshua, cala a porra da boca, minha mãe morreu seu idiota, quando eu nasci se quer saber, e ela foi muito forte por dar a vida dela pela minha, e é graças a ela que eu tento lutar para que todas as mulheres tenham garra

Josh: Ah...desculpa...eu não sabia...

- É, você não sabe nada seu mimadinho idiota, você se diz tão inteligente, mas não sabe nem o que é ter problemas, não deve ter ideia de como é não ter uma mãe

Josh: É gabrielly...você está completamente certa, eu não faço ideia - ele ficou me encarando por longos segundos em silêncio- bom...eu tentei te ajudar

- E eu já falei que não preciso da sua ajuda

Josh: Certo...desculpa querer que isso de certo...- ele falou mordendo o pão dele em total silêncio.

- Bom, se você puder sair...

Josh: Ah...sim...claro...só...achei que essa camisola valorizou bem suas curvas- ele falou dando um sorriso amarelo e saindo da cozinha.

Moleque idiota...dai-me forças senhor, para aguentar esse homem.

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Notas da autora: Foi isso, espero que tenham gostado, me perdoem os erros, e não esqueçam de votar.

Beijinhos doces, Milla <3

25/01/2022

Vossa Chatice Real - Beauany Onde histórias criam vida. Descubra agora