Príncipe Aladim

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POV ANY GABRIELLY

O trajeto até o estúdio do escrivão foi turbulento, mas felizmente rápido, eu estava nervosa ao ponto de passar mal, só por insegurança de dar tudo errado na entrevista, mas ainda sim botei culpa na comida do castelo apenas para não dar o braço a torcer.

Josh ficou sentado ao meu lado na enorme carruagem, cercado por uma multidão de empregados e alfaiates. Um ajeita seu cabelo com uma escova, o outro segura um caderno com tópicos, já outro ajeita sua gola, e as medalhas na farda real. Do banco em frente ao nosso, May tirou um comprimido amarelo de um frasco e o passa para Josh, que o coloca na boca, e prontamente o engole.

Decidi não perguntar para o que era, afinal, não me importo com ele, quanto menos saber dele, é melhor.

O comboio de carruagens para em frente ao estúdio de produção das placas de notícia, e quando a porta foi aberta pelo cocheiro, lá estava a fila de súditos adoradores da realeza e fofoqueiros doidos para saberem de algo em primeira mão.

Josh se virou para mim, com aqueles olhos extremamente azuis e calmos, me encarou por alguns segundos, e fez uma careta, prestes a dizer algo que foi impedido pelo cavalariço:

Bailey: O príncipe vai primeiro, depois você - concordei com a cabeça, abrindo um enorme e falso sorriso, charme solariano

- Vai em frente, vossa alteza- falei dando uma piscadela- seus súditos o aguardam

Joshua pigarreou e levantou, saindo para o sol matinal e acenando amavelmente para a multidão. Pessoas entregam caderninhos para o príncipe assinar, pessoas gritando. Uma menina de olhos verdes na multidão ergue um cartaz em que está escrito em letras grandes e douradas: "me escolhe príncipe, te garanto ser a melhor rainha para você!", por cerca de cinco segundos até um membro da equipe de segurança jogar o cartaz numa lixeira próxima.

O que eu achei patético, quem gostaria de casar com esse idiota?

Revirei os olhos, e sai em seguida, entrelaçando meu braço no do príncipe

- Finge que gosta de mim- sussurrei entre um sorriso

Ele me olhou sério mas com um sorriso estúpido no rosto, e soltou meu braço, me abraçando pela lateral, colocando seu braço em volta da minha cintura

- agora sim

Os escrivões são tão "lunáticos" ( lunares) que chega a dar agonia, um homem de meia idade chamado Dave, vestindo um terno verde água e um outro chamado Stuart com cara de quem grita com a esposa para colocar o jantar em seu prato, ambos loiros, olhos claros, e pele alaranjada, típico de quem mora na parte lunar.

Eu assistia de longe o que os escrivões faziam para preparar as placas, enquanto uma mulher enchia minha cara com um pó amarelo que realçava o negro de minha pele.

Então...isso está acontecendo.

Eu tentava ignorar o loiro a poucos metros a minha esquerda, a onde um alfaiate da os últimos ajustes em seu traje real, já que haveria um pintor para registrar o momento da entrevista.

É a última chance do dia que eu tenho para ignorá-lo.

Pouco depois, Josh saiu do camarim, a onde eu o segui, o loiro apertou a mão de Dave primeiro, voltando seu sorriso político para ele, aquele que faz muitas moças babarem só de ver.

O homem deu um beijo em minha mão, e respondi com um sorriso simples e simpático, indo juntamente com os três homens para a mesa onde seria talhada as placas com nossa entrevista.

Josh sentou no sofá da sala, a onde me sentei ao seu lado, sua postura era perfeita, parecia uma boneca de porcelana, com a luz do sol batendo em seus fios loiros, e clareando ainda mais o tom de azul de seus olhos, uma verdadeira pintura feita pelo melhor e mais brilhante pintor.

Sorri para ele, fingindo estar a vontade com sua companhia, e posso confessar, é mais difícil do que eu achava que seria, porque, derrepente as luzes para iluminar as placas foram ligadas, deixando claro para todos o quão lindo é o príncipe Joshua, ele está usando uma farda vermelha cheia de medalhas, ficando mais reluzente diante da luz, e seu cabelo parecia estranhamente sedoso.

Ta, tudo bem. Chega a ser irritante o quanto Josh é atraente. Isso sempre foi verdade, objetivamente falando. Não é um problema.

Quando percebi, já era tarde de mais, me perdi olhando o Josh, que nem prestei atenção que o escrivão estava falando comigo:

Dave: O que está achando da parte Lunar do reino senhorita?

- Ah...eu...sabe Dave,é maravilhoso, já estive aqui algumas vezes desde que meu pai foi nomeado capitão da economia do reino, e é sempre incrível ver a história do povo, além dos vinhos daqui que são incríveis - falei sorrindo e vendo o loiro soltar uma risada baixa- ah, e é claro que é sempre bom rever meu melhor amigo

Josh se virou para mim, e estendeu a mão em minha direção, hesitei um pouco, mas fiz um hi-five com ele, com um certo ar tenso de quem acaba de cometer um ato de traição.

(...)

O motivo por sempre desejar ser da realeza, mesmo sabendo que todos acham que eu quero correr dela por causa do conservadorismo, é que eu realmente me importo com o povo.

O poder é ótimo, claro, não posso negar, a atenção é divertida, mas o povo...o povo é tudo. Eu tenho esse problema de me importar demais com todas as coisas, incluindo se as pessoas conseguem pagar suas despesas médicas, se casar com quem amem, ou conseguirem comprar comidas dignas para comerem. Ou nesse caso, se as crianças órfãs enfermas tem brinquedos e comidas suficiente para se distraírem e melhorarem.

Eu, Josh e a horda coletiva de guardas tomamos conta do andar da clínica médica, atrapalhando enfermeiras e apertando mãos. Eu estou tentando - pra valer- não serrar os punhos ao lado do corpo, mas Josh está abrindo seu sorriso estupidamente perfeito com um garotinho careca todo enfaixado para uma pintura idiota, e minha vontade é gritar com todos desse maldito feudo.

Mas, como sou obrigada por contrato, a estar aqui, tentei me concentrar ao máximo nas crianças, elas não tinham culpa da merda que eu fiz.

A maioria das crianças não fazem ideia de quem eu seja, mas Josh me apresentava alegremente como filha do comandante do escambo, e não demoravam para me fazerem perguntas do que significava aquilo, o que eu fazia, e porque eu usava roupas de homem. Eu ria com a inocência das crianças, e respondia todas as perguntas.

Tirei um livro do baú de uma das camas e comecei a ler em voz alta para uma menininha que estava acamada.

Só me dei conta que perdi Joshua de vista, quando a menina para quem eu lia, pego no sono, e reconheci o burburinho baixo da voz do príncipe do outro lado da cortina.

Olhei ao redor, não havia mais ninguém no quarto, nenhum pintor, nenhum membro do conselho real, a maioria das crianças dormindo, e apenas eu, o príncipe e uma menininha ruiva que o príncipe conversa.

Em silêncio, levantei da cadeira em que eu estava, e me escondi atrás da cortina que estava em torno da cama da menina, entreabri a mesma, e fiquei observando em silêncio.

Josh está conversando com uma menininha que tinha sido acertada por uma flecha em treinamento da escola, pelo o que eu li na ficha que ficava em sua cama, chamada Claudette, a pele branca como a neve da garota dava contraste nos cabelos vermelhos como fogo e nas sardas de seu rosto, junto com o curativo enorme em seu ombro, manchado de vermelho.

Em vez de estar em pé e sem jeito como eu esperava ver, Josh estava de joelhos no chão para alcançar a visão da garota deitada, sorrindo e segurando a mão da mesma.

Josh: ... fã de contos de fadas, então? - ele falou com a voz baixa e serena, cheio de afeto e ternura, coisa que eu nunca tinha ouvido vindo dele antes, enquanto aponta para o pijama da menina que tinha varias princesas fictícias bordadas

Claudette: Eu amo! Quero ser que nem a princesa cinderela quando crescer, porquê ela é muito forte e enfrentou as coisas ruins da vida dela cheia de alegria, que nem estou enfrentando desde que nasci, resistente e é esperta, e além de tudo beija o príncipe encantado, que é um gato!

Ela corou um pouco por falar em beijo na frente do príncipe, mas é corajosa e mantém o contato visual.

Me peguei sorrindo e esticando mais o pescoço para ver a reação do Joshua, e eu definitivamente não lembro de ver que o príncipe lia contos infantis na lista informativa dele.

Josh: Quer saber, eu acho que você é super parecida com ela

A menina riu baixinho

Claudette: Qual sua princesa favorita?

Josh: Hum...- ele falou fingindo pensar muito- bom, não é exatamente uma princesa, mas sim um príncipe que não foi príncipe a vida toda, mas é o Aladim, sempre gostei dele, ele é corajoso e bom, e é um dos personagens mais justos que eu conheço, acho que o Aladim é a prova de que não importa de onde você venha ou quem seja a sua família, você sempre pode correr atrás dos seus sonhos e objetivos, e sempre pode ser incrível se você for verdadeiro consigo mesmo.

Xxx: Certo, senhorita Claudette- uma enfermeira disse alegremente abrindo a cortina, e desfazendo meu esconderijo, Josh levantou num salto, e eu quase cai tropeçando no tecido da cortina, fui pega no flagra!

Dei uma tosse falsa para limpar a garganta, e me esforcei para não olhar para o príncipe

Xxx: Vocês podem ir, está na hora de fazer os curativos dessa mocinha

Claudette: Diana, o Josh falou que somos amigos agora - ela falou manhosa- ele pode ficar!

Diana: Claudette! Isso não é jeito de se referir a sua alteza real, sinto muito majestade

Josh: Não tem o que se preocupar, a Claudette é uma verdadeira princesa, rebelde, mas é- ele falou rindo - e precisa ter muita coragem para ser rebelde e enfrentar as consequências de frente - ele falou sorrindo e bagunçando o cabelo da menina

- Olha...eu estou impressionada, não é que a pedra de gelo tem um coração? - falei rindo assim que saímos do quarto das crianças

Josh ergueu a sobrancelha e ficou me encarando

- Bom, não impressionada, mas surpresa

Josh: Com o que?

- Que você tem...sabe, sentimentos

Josh: Quando não se tem uma mãe, e tem um pai ocupado internacionalmente, é preciso gostar de cuidar de crianças, principalmente quando se tem irmãs - ele falou sério

Quando não se tem uma...MERDA, eu não sabia, eu juro que não, peguei pesado ontem.

Antes que eu pudesse pedir desculpas, três coisas acontecem em rápida sucessão.

A primeira:  Um grito ecoa na porta oposta do corredor

A segunda:  Ha um estouro alto que assustadoramente parece um tiro

A terceira:  May pega Josh e eu pelos braços e nos empurrou pela primeira porta que viu.

Que deus nos proteja, seja lá o que esteja acontecendo.

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Notas da autora: Espero que tenham gostado, me perdoem os erros, e não esqueçam de votar.

Beijinhos doces, Milla <3

25/01/2022

Vossa Chatice Real - Beauany Onde histórias criam vida. Descubra agora