Vossa Majestade

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POV ANY GABRIELLY

Acabada, era assim que eu estava, com o coração em estilhaços, olhos inchados e vermelhos do choro da noite anterior, e uma dor de cabeça por pensar e repensar em tudo o que o Noah havia me dito.

Não tive ânimo para me arrumar, apenas desci de camisola para a sala de jantar e vi meu pai e minha irmã tomando o típico café da manhã deles.

Senti os dois me olhando, mas não disse nada, minha garganta não tinha forças para proferir nenhuma palavra.

Me sentei junto a eles e comecei a passar geleia em um pão em total silêncio, até minha irmã quebrá-lo sem minha permissão:

Nour: E então...como foi no castelo? Ontem passei o dia no curso de costura e quando cheguei você estava dormindo, não quis atrapalhar

- Foi...estranho, mas...bom- falei simples e mordisquei minha fatia de pão

Silvio: O que aconteceu meu raiozinho de sol? Você é sempre tão falante, e sempre enche o peito para falar mal do príncipe, o que aconteceu lá para te calar?

- Nada pai...não aconteceu nada lá- falei voltando a ficar em silêncio e enchendo o copo de suco

Nour: Any, se não aconteceu nada no castelo, o que aconteceu aqui? Você quase nunca fica assim, as últimas vezes que ficou quieta foi quando brigou com a Sabina quando tinha 10 anos e com o noah quando tinha 11 anos

- Nada Nour, que saco, por que eu sempre tenho que fazer algo que alguém quer? Quando vou poder simplesmente fazer o que eu quero?! Any faça isso, any faça aquilo, por que não fala isso? Por que não fala aquilo? Vai mesmo fazer isso ao invés de outra coisa? SÓ ME DEIXEM EM PAZ - desabafei sem querer, me levantando rápido da mesa.

Um silêncio absoluto se formou, minha irmã me encarava brava e meu pai me olhava confuso, eles não tinham culpa, mas não era o momento de dizer mais nada com eles.

Apenas sai correndo para o andar de cima, voltando para o meu quarto.

Vesti uma calça preta de montaria, uma camisa social amarelo claro aberta até o segundo botão, causando um pequeno decote, coloquei botas de salto, e soltei meus cabelos, e amassando rápido os cachos, dando um volume a eles, passei um perfume e simplesmente pulei a janela do meu quarto, na qual dava para a rua de trás da minha casa.

E lá fui eu para o cemitério no qual minha mãe estava enterrada, lá era meu refúgio, era lá onde eu tinha paz para pensar e desabafar com a pintura de minha mãe no pequeno quadro que tinha em frente a sua lápide.

Caminhava naqueles campos repletos de cruzes no chão, lápides grandes, outras pequenas, capelinhas; até chegar no túmulo dela.

Me sentei na grama e fiquei encarando a pintura da mulher loira, de olhos castanhos e um sorriso marcante.

- oi mamãe...desculpa a demora, a última vez que vim aqui ainda era uma menina de 15 anos...veja já sou uma mulher feita...

- nesse tempo sumida passei por coisas boas e ruins, e nem pude te contar...ai deus...quem eu quero enganar? Estou fazendo exatamente o que o Noah disse, correndo para o colo da mamãe, chorar e me lamentar...se ao menos tivesse um colo e um cafuné seu seria menos pior...

- Que patético...conversar com uma pintura...- falei secando uma lágrima com as costas da mão

Xxx: Não acho que seja patético...desabafar com alguém que amamos muito, faz bem, mesmo que esse alguém já não esteja entre nós - escutei aquela voz masculina familiar soar atrás de mim, junto com uma sobra na minha frente

- Josh...sabia que é falta de educação escutar a conversa alheia? - falei rindo e me virando para ele

Josh: Não quando sua voz atrapalha a conversa com a minha mãe - ele falou dando um sorriso lateral e se sentando ao meu lado na grama sem se quer pedir

- Sua mãe também está aqui?

Josh: Está...na ala real claro, mas, eu te vi aqui, e...sabe, é perigoso uma dama ficar sozinha em um lugar deserto

- E é seguro o cara que vai ser coroado rei estar sozinho aqui?

Josh: Não- ele falou rindo- mas eu quebro regras

- Típico de um mimadinho- falei rindo- e eu não sou uma dama indefesa

Josh: Eu acredito que não, uma mulher que aponta uma faca de pão para o príncipe deve ser muito temida - ele falou rindo

- idiota - falei rindo e negando com a cabeça - o que você faz aqui?

Josh: Já falei, vim ver minha mãe

- Que ridículo Joshua, não sabe inventar uma história melhor? Ninguém vem em plena segunda feira, as dez da manhã num cemitérios no centro da cidade por nada

Josh: Tem razão Gabrielly, eu não vim por nada...as vezes, quando sinto falta dela, venho conversar, ou quando quero desabafar...não sei, olhar a foto dela me trás paz e clareza, e você?

- Eu o quê?

Josh: Por que está num cemitério em plena segunda feira, as dez da manhã?

- Se eu te disser que é pelo mesmo motivo que você, você acredita?

Josh: Acredito, só não concordo que seja patético falar com a sua mãe...é bom falar com alguém amado...mesmo que a distância

- tem razão...- falei ficando em silêncio e olhando a foto dela

Josh: Seu sorriso parece com o dela

- Você acha?

Josh: Acho...os dois tem a mesma energia de alegria, mas agora o seu não está feliz

- Longa história...

Josh: Eu sempre lia para as minhas irmãs, adoro histórias, pode me contar

- Não importa o motivo...você deve estar cheio de afazeres, e não tem obrigação de falar comigo num lugar vazio, vai fingir para os mortos, que gosta de mim?

Josh: Sabe Gabrielly...não é obrigação minha falar com você aqui, realmente, mas...não sou um monstro, não vou deixar uma...futura...am...amiga chorar sozinha

- Não sou sua amiga Joshua, não precisa fingir

Josh: Prefiro quando me chama de Josh...- ele falou levantando- E...não escuta esse tal de Noah, você pode correr pro colo de qualquer um quando se sentir fraca, ninguém é de ferro, somos humanos any, fomos programados para cair- ele falou sorrindo e limpando as calças por ter pedaço de grama nela

- Tem razão...Josh- falei sorrindo

Josh: Já que não sou seu amigo...por que não desabafa com alguém que possa te responder? Eu te dou uma carona de carruagem

- Você não precisa...

Josh: Não perguntei se eu preciso, afirmei que vou te dar uma carona, anda- ele falou esticando a mão - tenho uma dama para levar na casa da melhor amiga - ele falou sorrindo contra o sol

Olhei para ele, e depois para sua mão, sorri sem mostrar os dentes, e segurei sua mão, me levantando

- Obrigada, vossa majestade

Josh: Detesto quando me chama assim, parece igual qualquer outra, e você, definitivamente não é igual as outras - ele falou rindo e me puxando em direção da carruagem

- Ah, me desculpe, vossa majestade, eu não sabia que odiava quando eu te chamo de vossa majestade, se quiser, vossa majestade, eu paro de te chamar de vossa majestade, majestade- falei rindo e entrando no veículo

Josh: Gabrielly, vai se foder- ele falou rindo - Por favor, nos leve ao endereço da senhorita Sabina - ele falou para o cocheiro que concordou com a cabeça, fazendo os cavalos começarem a andar.

- Eu não tenho tempo, Vossa majestade - falei rindo

Ele me encarou com seus olhos azuis, e negou com a cabeça, dando aquele sorriso divertido e descontraído.

(...)

O resto do caminho foi silencioso, mas não desconfortável, apenas um silêncio descontraído, no qual hora ou outra nos olhávamos e sorriamos.

Quando a carruagem parou em frente a casa da Sabina, o próprio loiro abriu a porta do veículo, e saiu, esticando a mão para mim.

Segurei sua mão para descer, mas como o universo me odeia, acabei tropeçando nas escadinhas da carruagem, e sendo segurada pelo príncipe, que quase foi derrubado por mim:

Josh: Tudo bem com você? - ele perguntou rindo e me olhando no fundo dos olhos

- Ah...eu...é...- falei sorrindo e olhando para os olhos dele, mas saindo do transi assim que meus olhos subiram os ombros do loiro, e encontraram o olhar de raiva do moreno parado na escada da casa, segurando baldes vazios - estou ótima, obrigada - falei me endireitando e saindo dos braços do herdeiro

Josh: tem certeza, não torceu o pé? Está com botas de salto e...

- Eu tenho certeza Josh, estou bem- falei ainda encarando meu amigo, que largou os baldes e subiu correndo para dentro de casa

Josh: Bom...acho que é agora que eu vou embora

- Isso, é agora, volta pro seu castelo, obrigada - falei rápido tentando subir as escadas mas sendo cortada pela mão do loiro segurando meu pulso

Josh: Boa sorte e...melhoras, seja lá o que esteja sentindo

- Obrigada Joshua, mas agora realmente tem que ir- falei me soltando e subindo as escadas correndo.
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Notas da autora:

Foi isso, espero que tenham gostado, perdoem qualquer erro, e não esqueçam de votar.

Feliz aniversário para mim aaaa

Beijinhos doces, Milla <3

12/02/2022

Vossa Chatice Real - Beauany Onde histórias criam vida. Descubra agora