Jimin.
Eu sou muito consciente da minha realidade, sei que desde que meus pais morreram, eu me tornei sozinho, que nada tenho que possa chamar de meu. No entanto, ouvir Helena falando tudo isso de forma cruel, somente no intuito de me colocar em meu lugar, dói, dói muito. Só eu sei o quanto eu tento ser forte, porém há momentos em que é muito difícil segurar o choro.
Mesmo que eu tenha ouvido por muitas vezes que meu choro não passa de drama ou até mesmo autopiedade, só eu sei o quanto eu sinto falta dos meus pais, do colo e abraço da minha mãe, dos beijos de boa noite do meu pai, que até na noite anterior a sua morte, ele fazia questão de ler contos românticos para eu dormir... Eu sinto tanta falta de carinho e atenção.
O que tem me fortalecido é justamente a lembrança das lindas histórias que ouvi, que me ensinou que por mais difícil que seja a vida, eu preciso acreditar que num futuro próximo, tem algo muito bom me esperando, e eu preciso ser forte para que eu consiga chegar até lá e viver tudo que está separado para mim.
Meus pais sempre foram muito carinhosos comigo e todos a sua volta, mesmo eu sendo de uma família de classe média alta, onde haviam muitos empregados, minha mãe fazia questão de me ensinar a cuidar de uma casa, preparar pratos requintados, a pôr a mesa com requinte. Eu nunca fui tratado como um príncipe, ao contrário, fui ensinado a servir, para quando eu tivesse minha família, pudesse ser um bom anfitrião ao lado da pessoa que me escolhesse.
Minha mãe também me ensinou usar o tear, a costurar, bordar, pintar telas, tocar piano, gostar de artes... Hoje consigo servir meus tios de forma que os agrade.
Certa vez, meus tios receberam o Conde Kim e sua família para um jantar, não sei bem qual foi a razão para eles terem vindo, já que nunca sou convidado a me sentar à mesa com eles, mas fiquei muito feliz ao receber elogios pela comida e a forma de servir. Também me lembro que o filho do Conde, o jovem Kim Taehyung, não parava de me olhar, algo que incomodou profundamente minha prima Helena, que tentava a todo custo prendê-lo com um assunto que ficou bem claro que não estava agradando muito o rapaz, que vez ou outra olhava seu relógio de bolso demonstrando estar entediado.
Não que Helena alguma vez tenha sido amável comigo, mas a partir desse dia, passou a usar mais de sua hostilidade para comigo, sempre usando palavras que me machucam, me tratando como alguém inferior.
Contudo, não reclamo, sou muito grato por não ter sido mandado para um orfanato. Por mais difícil que minha vida seja, é melhor do que viver sem um sonho, sem esperanças.
— Jimin! — Sou tirado dos pensamentos ao ouvir minha tia me chamando — Você poderia me explicar como conseguiu essas roupas?
Minha tia entra na cozinha com Helena ao seu lado, segurando as roupas que fiz com os retalhos que meu tio me deu. Helena sequer consegue esconder seu sorriso macabro, de quem quer de alguma forma se vingar por algo que não faço a mínima ideia do que seja.
— Sim titia, meu tio me deu alguns retalhos, junto com as sobras de algodão e lã que ele sempre me dá — tento pegar as roupas de volta porém Helena foi mais rápida que eu — Eu levei uma semana inteira para fazê-las.
— Não acredito que você tenha feito algo tão delicado... — Helena diz examinando as peças de roupas — Isso aqui parece aquelas roupas feitas na alfaiataria, será que meu pai está comprando roupas para você em segredo?
— Pode perguntar ao titio se não foi ele quem me deu os retalhos... — tento novamente pegar as roupas de suas mãos, mas novamente foi em vão — Eu tenho em meu quarto alguns pedaços do mesmo tecido que usei para fazer, se quiser eu posso lhes mostrar...
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𝕮𝖆𝖙𝖎𝖛𝖆-𝖒𝖊 (𝔍𝔦𝔨𝔬𝔬𝔨)
WerewolfInício: 27/01/22 Término: 20/02/22 Após a perda de seus pais, Jimin teve que morar com seus tios e sua prima. Um jovem simples, que é muito grato aos tios pelo teto sobre sua cabeça e algo para comer, por isso ajuda em tudo que pode. Jimin usa as so...