Capítulo 5

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Pov: Natasha Romanoff

Steve e eu éramos os Vingadores mais experientes quando se tratava de estratégias de combate e técnicas de luta, então quando ele não estava coordenando os treinamentos, eu o substituía e vice e versa.  Separei o resto da equipe em duplas, Rhodes com Visão e Wanda com o Sam. Eles eram bons, não eram os melhores, mas haviam elevado seu nível de luta em uns 60% eu diria:

- Muito bem, Rhodes - digo batendo no ombro do homem mais velho - Sei que é difícil lutar contra um cara que é intangível, mas se ele fosse um humano, tenho certeza que teria acabado com ele, velhote - analiso o Visão e dirijo a palavra a ele - Você foi lento e impreciso, se seu oponente não fosse um senhor aposentado, você teria levado uma surra. Mantenha a postura.

- Sim, agente Romanoff - o androide responde e se posiciona frente ao James.

Meus olhos percorrem o ambiente e encaro Wanda e Wilson. Sam, claramente estava com medo de encostar na menina, talvez por ela ser uma mulher ou talvez por medo dela usar seus poderes:

- Sam, por que você não ajuda o Rhodes com o Visão, eu cuido dessa mocinha aqui - o rapaz passa por mim e então volto minha atenção a morena a minha frente. Seu cabelo estava preso em um rabo de cavalo, algumas gotas de suor começavam a escorrer pelo seu rosto - Vamos lá, me mostra o que aprendeu - Wanda se aproxima devagar e quando tenta me acertar um soco, seguro a sua mão - Não dá para você usar seus poderes sempre, precisa aprender luta corporal.

- Eu sei, você já me disse isso antes - ela responde em um tom irritado. Okay, já que ela quer ser bravinha, vou dar motivos para que ela se irrite. Dou sinal para que ela se aproxime novamente, e quando Wanda faz menção de me acertar um chute, seguro sua perna e a derrubo no chão. Ela me encara e consigo ver a faísca vermelha querendo tomar conta da íris verde. Mas a morena fecha os olhos e balança a cabeça, como se dissesse a si mesma que isso não era uma luta séria. Ela se levanta e parte para cima de mim. Me desvio de três socos antes de acerta-la com uma joelhada no estômago. Wanda cai no chão com a mão no local.

 - Me desculpa, mas você precisa aprender - ela continua deitada, então estendo a mão ajudando-a a se levantar - Seus movimentos são puramente instintivos, é bom ouvir seus instintos em uma luta, mas além do coração e dos punhos, precisamos usar a mente, conhecer nosso inimigo, analisar sua postura de batalha e gravar seus movimentos, com isso podemos criar um plano de ataque. Entendeu? - ela faz que sim com a cabeça, sua mão continua pressionando o local no qual foi atingida - Coloca uma compressa fria, vai ajudar com a dor.

Wanda se apressa a subir as escadas enquanto eu volto minha atenção ao trio que nesse momento já estavam dando risadas:

- Eu disse que era hora do recreio? - os três se calam e me olham - Vamos - bato palmas - Mexam essas bundas e voltem para o treino.

Após o treinamento decido ir até o quarto de Wanda, ver se estava tudo bem. Me aproximo lentamente e bato na porta, assim que encosto no móvel a porta se abre. Entro no quarto com um pouco de receio e vejo a morena sair do banheiro com lágrimas nos olhos, imediatamente a sensação de culpa enche meu coração:

- Me desculpa, a intenção não era te machucar de verdade - tento segurar em seu braço, mas ela se solta de mim e começa a abrir as gavetas de sua cômoda - Wanda, eu já pedi desculpas...

- Não consigo encontrar - ela diz com a voz rouca e os olhos marejados - O colar que meu irmão me deu. Eu perdi, não acho em lugar nenhum - a primeira coisa que sinto é um alívio, ela não estava chorando por minha causa.

- Calma, nós vamos encontrar - ela para e finalmente consigo encostar em sua mão - Você usou ele no treinamento hoje? - ela diz que não.

- Eu deixei ele em minha cama essa manhã e agora não consigo encontrar - as lágrimas voltam a cair, eu olho para sua cama e começo a tira a colcha e o lençol, mas o colar não estava lá. Me agacho e olho embaixo da cama e lá estava, o objeto vermelho envolvido por prata. Estico o braço e consigo alcançar. Me levanto e entrego nas mãos de Wanda - Obrigada, obrigada, mil vezes obrigada - ela se joga em mim em um abraço meu desengonçado - Eu juro que procurei em todo lugar, mas não conseguia achar.

- No desespero a gente não costuma prestar atenção nas coisas mesmo, não tem problema - ela vai até o espelho e coloca o colar em seu pescoço - Como está a barriga?

- Dolorida, mas vai passar - ela se vira para mim com o rosto completamente vermelho - Eu queria...queria te chamar para tomar um milkshake comigo - ela diz tropeçando nas palavras - Se não quiser, tudo bem, eu entendo. É que eu queria agradecer por ontem, por ter conversado comigo e me ajudado - ela não calava a boca - Então pensei em tomarmos um sorvete.

- Beleza - digo cortando sua fala - Só me dê vinte minutos para jogar um água no corpo e já desço.

Não demoro muito no banho, visto um calça jeans qualquer e já procuro por Wanda, que me esperava sentada no sofá da sala de estar. Assobio e aceno com a cabeça para ela me seguir e em poucos segundos estamos no meu carro. Fazemos o caminho em silêncio, a morena abriu a janela e colocou sua mão para fora, ela parecia curtir esse momento, presa em seu próprio mundo e completamente aérea a minha presença, penso em puxar assunto, mas decido por deixa-la curtindo por mais um tempo. Assim que chegamos na sorveteria não trocamos uma palavra, Wanda simplesmente desceu do carro e caminhou até o estabelecimento:

- Então, vai querer qual? - pergunto me aproximando dela que já estava sentada em uma das mesas.

- Não sei...qual é gostoso? - ela pergunta ainda encarando o cardápio.

- Você nunca tomou um milkshake? - tiro o cardápio de sua mão e a encaro incrédula.

- Uma vez. Quando meu irmão e eu morávamos no orfanato. Mas não gostei, era um branco com gosto de creme barato - dou uma gargalhada.

- De baunilha? - ela confirma e agora foi minha vez de analisar o cardápio - Vamos pedir de chocolate, é simples e gostoso, não tem erro - chamo a garçonete e peço dois milkshakes de chocolate - Como está sendo os treinos? Está sentindo alguma evolução?

- Sim, eu tenho gostado de treinar, mas para ser sincera, gosto mais de passar um tempo com vocês do que ficar dando chutes e socos por aí.

- Fico feliz por isso, mas você precisa aprender a lutar, precisa aprender a se defender - ela me encara e não diz mais nada até nossos pedidos chegarem. Tomamos nossos milkshakes em silêncio até que Wanda solta uma risada - O que foi? Está rindo de mim? 

- Sim...quer dizer, não necessariamente - a morena se inclina em minha direção e toca meu queixo com o polegar - Você tem um pouco de sorvete aqui - ela limpa o lugar onde supostamente eu havia me sujado - E aqui também - seu polegar sobe e limpa minha bochecha - Você parece criança comendo, se suja inteira - sua mão continua em minha bochecha, seus olhos se encontram com os meus e nem por ao menos um segundo ela desconecta nossos olhares, sinto meu peito arder, uma sensação de agonia e inquietação vai do meu dedo do pé até o meu último fio de cabelo.

- Obrigada por me ajudar e por rir de mim também - ela sorri e volta para sua posição anterior. O vazio que o seu toque deixou em meu peito era doloroso.


Love Is The Death Of DutyOnde histórias criam vida. Descubra agora