Capítulo 30

1.3K 135 71
                                    

Pov: Natasha Romanoff

Wanda estava desacordada há cinco dias. Os médicos disseram que não havia nada de errado com ela, biologicamente falando. Stephen tinha a teoria de que o corpo de Wanda estava tentando se curar do trauma de ser possuído por um demônio ou que seu corpo estava tentando se acostumar com a imensa quantidade de poder que ela carregava dentro de si agora. Nenhuma das alternativas me agradavam muito, mas independente do que fosse, eu só queria que ela acordasse logo.

Wanda repousava tranquilamente em sua própria cama, os cabelos, agora ruivos e extremamente compridos, se esparramavam por seu travesseiro. Em seu braço, havia um acesso ligado ao soro que ela precisava tomar constantemente para que seu corpo não desidratasse enquanto ela dormia. Wanda parecia serena, embalada em um sono leve e feliz, como se estivesse tentando mascarar o fato de que ela estava em coma.

Ross vinha aqui quase todos os dias, ele tinha medo de Wanda acordar e nós a escondermos em algum lugar para que ela não respondesse "pelos seus crimes". Mesmo acamada e doente, ele não a deixava em paz.

Me sento na poltrona ao lado de sua cama, minhas mãos correm diretamente até seu rosto delicado, não consigo não admirá-la, admirar sua delicadeza e sua beleza. Penteio suas madeixas com meus dedos, apenas desembaraçando os fios da forma que fosse possível:

- O que vamos fazer hoje, meu amor? - continuo alisando seus cabelos - Série ou livro? - abro a primeira gaveta do criado que ficava ao lado de sua cama. "Harry Potter e o Cálice de Fogo". Analiso o livro e percebo que ela já havia começado a ler, seu marca páginas com o desenho dos Vingadores originais marcava o local que ela tinha parado - Acho que você vai ficar muito triste com o final, mas esse é o meu favorito de toda a saga.

Subo em sua cama, com o maior cuidado do mundo, para não tocá-la ou tirar o soro do seu braço. Passo meu próprio braço por cima do seu corpo e começo a ler as palavras do livro como se ela fosse ouvir e me entender.

Eu ainda acreditava na recuperação de Wanda, eu sabia que ela estava ali dentro, apenas descansando, mas eu sabia que ela iria voltar, ela precisava voltar.

As horas se passaram, e quando me dei por mim, o sol já havia se posto, já era noite. Me retiro de sua cama e guardo o livro no mesmo lugar que eu havia pego:

- Amanhã eu leio mais para você, agora está na hora do banho - vou até seu banheiro e pego a bacia que ficava ali, justamente para isso. Abro a terceira gaveta e alcanço a toalha que eu usava para limpá-la. Abro o chuveiro e deixo a água quente encher a bacia. Me perco em pensamentos, me perco na última noite que passei com Wanda. Ela estava tão linda, seu cheiro tão inebriante, seu toque tão delicado e sincero, e no final, eu fodi com tudo. Wanda merecia mais do que eu era, merecia mil vezes mais, mas eu sou tão egoísta que não consigo parar de pensar em formas de ganhar seu perdão quando ela acordar. Me assusto com a água que transbordava da bacia - Cacete! - corro para desligar a torneira. Inclino um pouco o recipiente e deixo um pouco do líquido escorrer. Passo meus dedos pela água me certificando que estava quente, mas não muito. Em passos lentos e cuidadoso, vou até a cama de Wanda com a bacia em meus braços e a coloco no chão - Okay, hora do banho, gatinha - ela vestia um daqueles roupões de hospital, o que deixava meu trabalho bem mais fácil. Molho a toalha azul na água e passo por seus braços com uma paciência quase que celestial. Me demoro ali, acariciando suas mãos, sentindo sua pele quente por conta do banho.

Levo um pouco mais de quarenta minutos para terminar, fazia tudo com o máximo de cuidado possível. Assim que termino, jogo a água fora no ralo do banheiro e coloco a toalha pendurada na porta. Caminho até seu guarda roupa e pego seu creme de rosas, e mais uma vez me perco em seu corpo. Não havia nada de sexual na minha fixação em tocá-la. Eu sentia saudades! Saudades de ter Wanda, saudades de abraçá-la, de sentir seu cheiro, de entrelaçar nossas mãos e vê-la corar, eu sentia falta de tocar em sua pele. Ela parecia tão indefesa ali, deitada, quase sem vida, com os olhos fechados. Eu sentia falta dela.

Love Is The Death Of DutyOnde histórias criam vida. Descubra agora