Capítulo 6

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Pov: Wanda Maximoff

Outra noite e outro pesadelo. Acordo incrivelmente mal humorada, não aguento mais ter os mesmos sonhos, não aguento mais sentir falta do meu irmão, estou cansada. Termino de me trocar e desço para o meu treinamento diário. Hoje estaria sozinha com Clint, segundo ele, e o resto dos Vingadores, preciso melhorar a minha mira e aprender a me concentrar com distrações em batalhas.

Barton havia colocado cinco alvos em movimento, eu precisava acertá-los, mas não poderia destruir nenhuma das estruturas em volta e ainda tinham alguns bonecos que simulavam civis e eu precisava mantê-los a salvo. Eu não estava na minha melhor forma hoje, tudo parecia me distrair, minha mente ficava indo e voltando em meus sonhos e em Agatha, e sinceramente, a voz de Barton gritando meu nome e "brigando" comigo não ajudavam de forma alguma:

- Qual é, Wanda! Você é melhor que isso - respiro fundo e espero o set de treinamento ser todo remontado pelo sistema automático que Stark criou. - NÃO! Esses são os civis, não mate civis - eu queria tanto acertá-lo com meus poderes agora. - WANDA! Preste atenção.

- Estou tentando, mas com você gritando no meu ouvido o tempo todo fica difícil!

- Não pegue pesado com ela, Clint - vejo Natasha entrar na área de treinamento - Você está bem? - ela se aproxima de mim tocando em meu ombro.

- Sim, só estou um pouco cansada.

- Já chega por hoje - ela diz para Barton, que apenas desiste e nos deixa sozinha - Você quer sair daqui? Respirar um pouco?

- Por favor - sinto que meus olhos estão começando a lacrimejar.

- Sobe e troque de roupa, vamos dar uma volta - subo para meu quarto e coloco uma calça jeans, uma regata e então cubro meus membros superiores com uma jaqueta vermelha. Desço as escadas e Natasha está lá me esperando com as chaves do seu carro em mãos.

- Onde nós vamos? - pergunto passando por ela e saindo do Complexo. Mas Nat não responde, apenas entra no carro e dá partida.

Ficamos o caminho inteiro em silêncio. Se eu não conhecesse Natasha, diria que ela estava me levando para um lugar tranquilo com a intenção de me matar. Já estamos no carro a mais de trinta minutos, passamos por uma floresta vazia e de um verde vivo que brilhava, podia-se ouvir os pássaros cantando, abaixo o vidro apenas aproveitando a brisa gelada batendo em meu rosto. Minha mente começa a divagar e paro em uma lembrança especial para mim, o último natal que passei com minha família, Pietro e eu assistindo a neve cair através da janela, mamãe preparava um chocolate quente, enquanto papai montava uma cabana na sala de estar. O vento que agora acariciava meu rosto me lembrava da minha família, a família que eu não tenho mais, minha família que foi assassinada, cada um de uma maneira. O vento gelado em meu rosto me trazia essas lembranças, a brisa me carregava e me levava de volta a momentos que eu nunca mais teria, o frio do clima adentra o carro e envolve meu coração em uma sensação congelante e dolorosa, quando me dou conta estou tendo uma crise de choro. Começo a soluçar de tanto chorar, o carro para de se mover e sinto as mãos de Natasha em meus ombros.

- Wanda!? O que foi? - minhas mãos vão até meu rosto, tento limpar as lágrimas que caiam, mas foi em vão, não consigo controlar a dor imensa que assolava meu peito e começo a chorar mais ainda - Fala comigo, por favor!

- Eu estou sozinha - tiro a mão do meu rosto e encaro Natasha que parecia estar muito confusa nesse momento - Eu sinto falta da minha família, sinto falta do meu irmão, sinto falta da minha casa. Qual o propósito de viver uma vida sem aqueles que eu amo?

- Eu sinto muito, Wanda! - ela toca em meu rosto, obrigando-me a olhá-la nos olhos - Eu sei o que está sentindo agora, sei que está se sentindo perdida e querendo morrer junto com aqueles que se foram, mas você não está sozinha, Wan. Sei que somos meio rabugentos e esquisitos, mas somos sua família, uma família disfuncional, mas você faz parte dela.

- Me desculpa por estragar o passeio. Sinto como se eu não conseguisse respirar, me falta ar. Dói muito, o tempo inteiro, tudo dói e eu não sei mais o que fazer, como segurar essas emoções.

- Não precisa segurar nada, diga o que sente, fale comigo. Eu me preocupo com você e quero te ver bem. Se você quer chorar, chore. Estamos só eu e você aqui - volto a chorar como uma criança com medo do escuro. Os braços de Natasha me envolvem em um abraço quente e apertado, consigo sentir seu coração batendo contra meu rosto, suas mãos faziam um carinho em meus cabelos, um carinho aconchegante - Vai ficar tudo bem, estou aqui com você! - ficamos uns dez minutos assim, nessa posição, minha cabeça aconchegada em seu colo, as mãos de Natasha emaranhadas em meus cabelos, seus dedos fazendo um cafuné lento - Está melhor? - ela pergunta deixando um beijo no topo da minha cabeça e eu apenas aceno que sim, mas continuo deitada em seu peito - Você tem um cheiro muito bom - Nat diz se abaixando e cheirando a curvatura do meu pescoço - Tem cheiro de rosas, é  muito bom.

- É o meu creme e meu sabonete, uso da mesma marca e fragrância. - Romanoff inala o aroma que ela dizia vir do meu pescoço mais uma vez e eu só fecho os olhos sentindo seu nariz levemente gelado tocando a pele do meu corpo que estava quente por eu ter chorado alguns minutos atrás - Eu também gosto do seu cheiro, e gosto de quando você me abraça assim.

As mãos de Natasha vão até meu rosto me trazendo de volta para seus olhos, seus dedos acariciam minha face limpando as lágrimas que ainda escorriam ali. Fecho os olhos mais uma vez aproveitando o carinho que estava recebendo. Quando abro os olhos, Natasha está tão perto que sinto sua respiração bater contra meu rosto, instintivamente, encaro sua boca me perguntando o que ela faria se eu a beijasse nesse momento, pois, sinceramente, sentir o sabor do beijo de Nat vem sendo meu maior desejo nos últimos meses. Minha mão escorre diretamente para sua coxa e a aperto um pouco, Romanoff continua me encarando e mantém os movimentos com os dedos em meu rosto, mordo meu lábio inferior tentando ao máximo me manter ali, me manter sã:

- Essa jaqueta é minha - com a outra mão, ela acaricia meu braço até chegar em minha mão livre e entrelaça nossos dedos.

- Desculpa, eu esqueci de devolver. - era mentira, eu não planejava devolver.

- Não tem problema, fica bem melhor em você - ela está tão perto que prendo minha respiração, não ouso me mover e nem respirar, a única coisa que passava pela minha cabeça era como seria beijar a Viúva Negra - Já está ficando tarde, vamos embora antes que o Steve mande uma equipe de busca atrás de nós duas - suas mãos me soltaram e voltaram para o volante, apenas lhe dou um sorriso e volto minha atenção para o ambiente fora do carro como se nada tivesse acontecido.

Love Is The Death Of DutyOnde histórias criam vida. Descubra agora