|ILHA DO ARRAIAL - COFRE SECRETO, DO LABORATÓRIO SUBTERRÂNEO, DA DOUTORA JÚLIA ZACCARIAS|
Vinte e cinco anos antes...
24 de abril de 1985...
Uma pequena figura, meio pálida, magra e baixa, aparentemente uma menina frágil, e delicada, de uns cinco anos, ou talvez, bem mais nova, do que isso, não entendia o porquê, de estar ali, trancada, e acorrentada, em uma cela, meio escura, de luzes vermelhas, tão fortes, que quase a cegavam. Seus cabelos, longos, lisos, negros cobriam o seu rosto fino e delicado, correntes grossas, prendiam os seus pulsos, aparentemente frágeis e delicados, mal sabia aquela pobre menina, a força, que tinha, e muito menos, o que o destino lhe reservava. Seu nome era Samira Mayer, disso a pequena sabia, e muito bem, já que Júlia Zaccarias, a disse, há alguns anos, mas isso não significava, que ela soubesse, quem era, de fato, e muito menos, quem era sua família, se é que, ela tinha alguma, considerando, que, Samira nunca conheceu os seus pais, e nem havia experimentado os carinhos de uma mãe, ou, a alegria de ter irmãos, para tornar a sua existência, menos triste e solitária, como o era, desde, o seu nascimento. Tudo que Samira sabia da vida, e do mundo lá fora, em si, que ela nunca pôde ver com os seus próprios olhos, e que Júlia chamava de continente, a pequena havia aprendido através de uma antiga televisão, que existia em sua antiga cela, quando ela ainda não tinha sido acorrentada na que ela estava, e que era bem mais sombria, e assustadora, do que, a anterior. Ou então, por alguns livros, que Júlia, lhe deu, em seus raros ataques, de bondade.
O maior sonho de Samira, era sair daquela cela, deixando de ser uma prisioneira, para finalmente ser livre, de uma vez por todas. Livre para sair da ilha onde estava, conhecer o container, e por fim, viver tudo aquilo, que só conhecia por livros, ou, programas de TV. Ela queria ter uma mãe amorosa e gentil, igual as das novelas, que assistiu, e quando se tornasse uma mulher, conhecer o amor nos braços de um homem, que fosse só dela, e que a ajudasse a realizar o maior, de todos os seus sonhos, o de, ter uma família, sendo livre, para amar, e ser amada, como ela sentia que merecia, e não era. As correntes em seus pulsos, a machucavam constantemente, sempre que ela se mexia, deixando muitas cicatrizes neles, e sendo trocadas, de tempos, em tempos, sempre que Samira começava a crescer. Júlia a tratava pior do que um animal, mas não era apenas Samira, que era sua prisioneira, Mariana Mayer, a mãe de Samira, também era uma das cativas, da louca geneticista. Mas Júlia era tão sádica, que não permitia, que mãe e filha se encontrassem, tendo tirado a menina de sua mãe, logo após o desmame da mesma, impossibilitando a criação de um vínculo forte e duradouro, entre mãe e filha.
Estava na hora, chegou o momento, que Samira tanto esperava, impacientemente, o dia em que Júlia iria supervisionar pessoalmente, a troca de suas correntes. Pois, finalmente, Samira havia criado coragem para lhe pedir para sair de sua cela, nem que fosse, por cinco minutos, apenas. Levando em conta, que, até mesmo os mutantes da concentração, podiam sair de suas celas, em dias especiais, como nos seus aniversários, por exemplo, menos os mutantes mais perigosos. Samira sabia que o seu aniversário era no dia vinte e quatro de abril, mas como, ela não tinha um calendário, não sabia ao certo, se já tinha passado, ou não. Assim que Júlia apareceu na cela de Samira, as coerentes de seus pulsos foram trocadas, e novas, foram presas, bem firmemente, em seus tornozelos, aparentemente frágeis.
- Eu queria ver o continente, é o que eu mais quero, na vida, Júlia, e, você me prometeu, que um dia, ia me tirar daqui, e me levar até lá - Começa a pequena, cada vez mais impaciente, e nervosa - Então, eu quero sair daqui, agora, imediatamente, Júlia, pois, foi, o que, você me prometeu...
- A paciência, é uma das melhores qualidades, que existem no mundo, senão, a melhor, uma grande virtude, que não deve ser, em hipótese alguma, ignorada, Samira, e eu já lhe disse isso, muitas vezes - Diz isso, pacientemente, encarando, sem nenhuma emoção, em seu semblante, sua criação nos olhos, uma de suas primeiras e mais perfeitas criações do projeto DNA - E ainda não é o momento certo, para que você saia daqui, e muito menos, que conheça o continente, que é muito perigoso, para uma criança de sua idade.
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Samira, a gêmea perdida...
Fanfiction|Uma fanfic inteiramente dedicada a Samira, a Mayer esquecida, com algumas cenas de Maria, antes e depois, dela, ser acusada, da suposta, morte de seu pai, o doutor, Sócrates Mayer| Trinta anos, presa em uma cela, em um laboratório subterrâneo, de u...