Capítulo 28 - Red Bandana.

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Tudo estava girando e em câmera lenta, aos poucos fui recuperando minha consciência e me situando das coisas. Eu havia apagado com um cabo de uma arma. O universo deve ter algum tipo de obsessão em me fazer levar pancadas, já é a segunda vez que sou acertada na cabeça e fico inconsciente.

Eu não conseguia escutar nada, apenas via aqueles caras enormes que seguravam armas balbuciando alguma coisa. Fui olhar ao redor, até que vi Halsey em um canto abraçando Charlie. Ela estava bem, as duas estavam bem e isso me aliviou um pouco. Mas suas expressões eram de puro medo, era notório que estavam completamente assustadas.

Assim que Halsey me olhou, seus olhos se arregalaram. Tentei mexer meus braços, mas falei miseravelmente. Eles estavam amarrados em uma cama dos leitos. O leito sete. Lauren, Lauren, Lauren. Me lembrei dela. Lauren viria aqui a qualquer momento para me buscar. Merda, ela ficará presa se entrar aqui ou se até ferir, assim como eu. Será que Halsey conseguiu chamar a polícia?

Por algum motivo eu ainda não conseguia escutar nada, minhas mãos estavam amarradas com uma bandana vermelha, por isso passei a tentar pensar em uma forma de me soltar sem aqueles caras perceberem. Mas desisti no meio do caminho e decidi que apenas ficaria assistindo o que aquelas pessoas estavam fazendo.

Tinha um leito com a luz acessa e os outros estavam todos apagados. Eles estavam apontando armas para alguém, metade de seus rostos estavam tampados por bandanas, todas parecidas com a que estava amarrada em minhas mãos. Bandanas vermelhas. Encarei os olhos deles e eles pareciam irritados.

Xxxx – Não está vendo? Ela está chorando, você está a machucando, seu IMBECIL! - gritou.

Xxx – Desculp-pe senhor, eu sou apenas um estagiário - choraningou.

Xxxx – INCOMPETENTE! - exclamou em alto e bom som, assustando o rapaz.

Xxx – Eu realmente sinto muito - pediu de cabeça baixa e olhos fechados.

Xxxx – Irei chamar alguém pra ficar no seu lugar - afirmou. Eu realmente não sabia o que eles estavam dizendo, só podia concluir que ambos ainda pareciam furiosos. Diria que agora parecia pior. Até que, de repente, vi um daqueles abutres me encarando e balbuciando algo. Ele se aproximou, arrancando a bandana que amarrava meus pulsos e me puxando pelo braço esquerdo. O homem apontou para uma senhora que tinha uma grande corte na testa e rapidamente entendi o que estava acontecendo - dê os pontos, esse mauricinho do seu colega fez a nossa mãezinha chorar!

Mesmo sem ter ouvido se quer uma palavra, sabia que ele estava me mandando dar pontos no ferimento daquela mulher.

Camila – Eu preciso lavar minha mão adequadamente - afirmei encarando o homem, que disse algo - me desculpa senhor, mas não estou escutando nada, acordei do desmaio assim - expliquei, mas o homem, que comecei achar ser o comandante de tudo aquilo, só aparentou ficar ainda mais irritado. Ele gritou novamente, vindo em minha direção e eu retrai meu corpo por instinto - por favor, estou falando a verdade, eu quero ajudar essa mulher, mas só quero fazer as coisas da forma correta para que ela não pegue nenhum tipo de infecção - olhei de canto de olho e o vi parado no meio do caminho, como se estivesse pensando. Ele pareceu ordenar alguma coisa e em seguida um dos outros homens me puxou para um banheiro próximo, me jogando lá dentro.

Me olhei no espelho e vi minha situação. Meu ouvido direito estava repleto de sangue e meu jaleco manchado pelo mesmo. Suspirava fundo enquanto lavava minhas mãos, sentindo a angústia se instalando por cada célula do meu corpo. Lauren não podia vir aqui. Que ela ficasse brava comigo, que me xingasse de diversas formas e vezes por não ter respondido suas mensagens, mas que pelo menos ela nem ao menos pensasse em vir atrás de mim. Já a vi tomar um tiro uma vez, eu não aguentaria ver essa cena novamente.

Sai do banheiro assustada, já que me deparei com aquele cara grande e forte na porta do banheiro. Ele apontou para o lado e entendi o recado. Caminhei de volta para o lugar onde a mulher estava e coloquei luvas. Pelo visto essa mulher sentiu dor, por isso aquele estagiário levou aquele esporro. A anestesia local deve ter sido aplicada em pequena quantidade, constatei.

Xxx – Está esperando o que? - ouvi e meu coração disparou. A voz parecia estar longe e bem baixa.

Camila – Irei aplicar novamente a anestesia, para que não sinta dor ‐ falei para a moça. Foi isso que decidi, que me comunicaria e tentaria conquistar a confiança daquela senhora - será uma dor leve e chata, mas rápida - sorri para a senhora. Olhei para a mesa com as ferramentas, peguei a anestesia e apliquei na região ferimento - agora vamos esperar minutinho para que faça efeito.

Xxx – Esperar? - gritou o comandante.

Xxx – Jorge, meu filho por favor, deixa a moça fazer o trabalho dela - pediu a senhora. Então o comandante era filho dela?

Camila – Vou limpar primeiro, jogando um pouco de soro para tirar o excesso de sangue - informei à mulher jogando o líquido e limpando levemente com gaze - recentemente aprendi a fazer uma sutura fina, então não vai ficar uma cicatriz feia - sorri para ela, que ouvia atentamente as minhas palavras. Cortei um ponto mal feito por aquele rapaz. Peguei a linha e a tesoura para começar com os pontos. Não seriam muitos, já que o corte não era muito grande. Um, dois, três. Faltava apenas um - está tudo bem? Está doendo?

Xxx – Não, querida - afirmou.

Camila – Ótimo - passei a agulha pelo lado direito, logo pelo lado esquerdo e puxei com a tesoura que parecia uma pinça, dando um nó - pronto - afirmei, cortando a linha. Verifiquei se tudo estava certo e sim, tudo estava bem - ela precisa tomar alguns antibióticos para prevenir qualquer infecção, vou pegar um papel para anotar os nomes.

Jorge – Paradinha aí - disse o tal comandante.

Camila – Tenho um bloco de notas no bolso direito do meu jaleco, eu apenas ia pegar ele.

Jorge – Tá bom, mas nem tente fazer qualquer outra coisa.

Camila – Tudo bem - tirei minhas luvas, peguei meu bloco de notas e uma caneta. Anotei dois medicamentos e uma pomada para cicatrizes, arranquei o papel e entreguei para ele - aqui.

Jorge – Certo - disse checando o papel - você está bem mãe?

Xxx – Sim, querido - assentiu.

Jorge – Perfeito - guardou o papel no bolso - pode ir - disse para mim e então caminhei lentamente, me afastando pouco a pouco. Vi o corredor pouco iluminado em minha frente e com medo, não pensei em outra coisa, se não correr naquela direção. E eu a vi me olhando também com medo, de repente senti como se estivesse sem equilíbrio e comecei a tropeçar ou a  bambear para os lados. Como se estivesse aprendendo a andar de bicicleta e ainda não tivesse equilíbrio o suficiente para andar em linha reta. Lauren veio em minha direção e eu caí em seus braços.

Camila – Saía daqui, eles vão pegar você...

Foi a última coisa que eu disse, antes de apagar novamente.

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⏰ Última atualização: Jan 20, 2023 ⏰

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