21° Capítulo

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Pijama,quem iria se importar com ele,na verdade foi algo que passou totalmente despercebido para ambos,a prova disso é que me levaram assim até a casa da Liz. Estar no meio da rua de pijama com estampa nada discretas de corações era o menor dos meus problemas. Uma vergonha que logo logo seria superada.
-Quanto tempo acha que ela ficará assim? - o Vicente andava de um lado para só outro tentando não demonstrar muito nervosismo,mas falhando nessa tentativa. - não deveriamos levá-la a um hospital?
-Ela ficará bem. E como iríamos explicar toda essa situação,sei que farão mil e uma perguntas e não teremos resposta para nenhuma delas.
Liz foi até o banheiro e ligou a torneira da banheira,depois foi até a cozinha e voltou para o quarto onde eu estava. - Vicente  observava seus passos largos sem entender o que planejava. Ele estava ao meu lado sentado na cama.
-Preciso que compre remédios para dor de cabeça,não os tenho aqui.
-Ok - levantou de imediato e foi em direção a porta.
-Antes preciso que a leve até a banheira. - aponta para o banheiro.
-O que pensa em fazer? - indagou com semblante confuso, mas mesmo assim me ergueu nos braços e me levou até o banheiro.
-Vou molha-la e fazê-la pôr o que ingeriu pra fora.
E assim Liz fez, quando ela teve a certeza que eu já não tinha mais nada no estômago,me ajudou a tomar um banho rápido e com muita dificuldade pôs um roupão em mim. Eu já conseguia ficar de pé,desde que tivesse onde me sustentar. Estávamos na porta do banheiro,eu buscava forças para caminhar com a ajuda dela até a cama quando Vicente chegou.
-Por algum motivo a farmácia mais próxima estava fechada,tive que ir em uma um pouco distante,como se sente? - entregou o remédio a Liz e me colocou na cama,em seguida me cobriu com o cobertor.
-Melhor, graças a Liz que quase me fez colocar o estômago para fora - ele retribuiu meu comentário com um sorriso de alívio e beijou minha testa ainda humida.
-Sinto muito,mas eu precisava fazer isso,sei o quanto é desconfortável- Liz se aproximou segurando um copo com água.
-Sei que foi para o meu bem,e serei eternamente grata. A você também - digo apertando uma das mãos do Vicente que assentiu e pôs uma das mexas do meu cabelo umido atrás da minha orelha esquerda.
-Pode nos dizer o que aconteceu? Eu encontrei isto no lixo da pia  - Liz tirou do bolso uma embalagem de remédio,eu franzi o cenho pois conhecia aquela embalagem.- bebo um pouco da água e devolvo o copo a Liz que o segura mas não se move do lugar.
-Eu não faço ideia do que aconteceu, jamais tomaria isso,é uma medicação muito forte,a própria Celina disse certa vez. - seguro a embalagem - foi receitado a ela um tempo atrás,mas não a estava fazendo bem, e ela deixou de toma-lo - explicava ainda tentando organizar meus pensamentos. - vocês acham que ela me deu isto? - olho fixamente para a medicação.
- Não a outra explicação,Emma.
- Mas eu não recebi nada da Celina. Como ela me daria remédios sem que eu percebesse? - era difícil pensar em alguma explicação.
-Tem certeza? - Liz insistiu.
-Sim,eu almocei com você,lembra? ... o almoço! - mudo o tom.
- O que tem ele? - Vicente perguntar de imediato.
-Sempre deixo meu almoço pronto antes de sair para faculdade e o suco também. Eu comi meu almoço na hora da janta,já que passei a tarde aqui com a Liz. Celina colocou remédio em um deles,tenho total certeza,ela sabia que eu abriria o jogo para meu pai essa noite. Não há outra explicação,eu jamais tomaria esse remédio. - olhei para o Vicente e em seguida para a Liz - Liz,você sempre me diz que não devemos tomar medicamentos que não sejam receitados por médicos - minha voz falha e me esforço para não chorar.
-Eu sinto muito, Emma. - ao ser abraçada por ela,me derramo em lágrimas.
- Eu queria apenas acabar com tudo isso. - digo me recompondo e segurando a mão do Vicente - Fiz planos de falar sobre nós,sobre o que ela realmente é e o que tenho passado por todo esse tempo. - uma lágrima escapou e eu a sequei rapidamente. - não fica assim - beija minha cabeça. - mas dopar você apenas para a impedir de fazer algo inevitável? Eu não acredito que seja apenas com esse intuito.
-Eu não vejo outro - nego com a cabeça.
-Muito menos eu - Liz comentou em seguida.
-Tem mais,eu sinto que tem, por isso não acho certo você voltar para aquela casa.
-Vicente…
-Eu concordo com ele,Emma, trouxe bastante coisas suas,você pode ficar aqui o tempo que quiser. Não importa o que diga,depois do que aconteceu hoje,voltar ali é suicídio!
-O meu pai! - digo ao lembrar da ligação que receberia. Onde está meu celular? - Liz me entrega assim que o tira do bolso. Havia algumas ligações perdidas então as retornei algumas vezes mas ele provavelmente havia desligado o celular. Desisti frustrada soltando o ar.
-Você está segura aqui,pode ligar pra ele amanhã e contar o que aconteceu.- ele põe uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.
-Espero que ele acredite em mim.
-Ele vai,meu amor. - cruza sua mão na minha e a beija.
Ficamos algumas minutos sentados na cama de maos dadas,e minha cabeça em seu peito me fazia sentir seu coração um pouco acelerado.
- Eu estou bem - digo baixinho.
- Pensei tanta bobagem ao te ver daquele jeito,Emma - me aperta forte.
O Vicente foi embora quando seu coração finalmente aceitou que eu estava fora de perigo. Mas o ouvir dizer a Liz que poderia ligar a qualquer momento,caso precisasse.
Ela ficou ao meu lado o tempo todo. Uma vez ou outra despertei durante a noite ao senti-la sentir meu pulso e medir minha temperatura.
Eu tinha tanto o que agradecer a Deus.Ele havia me presenteado com duas pessoas Incríveis e que a todos instantes me mostravam com atitudes e gestos o quanto me amavam.
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Nem mesmo eu acredito que criei uma personagem como a Celina😂🤭

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