Primavera - Sariette

Capítulo onze

POV Narrador

Muito trabalho. Eram essas palavras que resumiam aqueles dois dias antes de Juliette ter a oportunidade de um tempo para respirar. Tempo esse que já estava reservado para ela encontrar uma certa galega.

A produção do filme estava a todo vapor e as imagens estavam ficando impecáveis com os cenários escolhidos ali na capital do país. Juliette se empenhava a cada cena rodada, se entregando de corpo e alma à sua personagem. A diretora se mostrava muito satisfeita com o trabalho que vinha sendo feito pelo elenco e parte da equipe, todos muito empolgados e dispostos a entregar o resultado prometido. O investimento era realmente generoso, e eles estavam conseguindo fazer jus ao mesmo.

Por conta de toda essa dedicação, Juliette, apesar de feliz, se encontrava cansada. Suas horas de sono eram contabilizadas, assim como as pausas para colocar algo no estômago ou ir ao banheiro. Giulianna, sua produtora, fazia de tudo para que a atriz estivesse o mais confortável possível, sempre ali por perto para auxiliar no que fosse preciso, seja levar um copo d'água até onde Juliette estava em cena ou um ombro para que a atriz pudesse fechar os olhos por dez minutos. Juliette era muito grata à sua equipe.

Agora em seu quarto de hotel, ela se aprontava para sair com Sarah e o cansaço pareceu dar lugar à empolgação de ver a galega novamente. Não iria mentir para si mesma e dizer que não estava criando um sentimento por Sarah, talvez fosse a sintonia que elas tinham ou a conversa que vinha fácil entre as duas, ou até mesmo os flertes a cada frase, mas não negava que havia algo ali e era algo que a fazia se sentir muito bem. Algo que ela não tinha com mais ninguém no momento.

O vestido que havia escolhido era longo, cor de champanhe e bem soltinho, quase cobria a sandália baixinha que usava. Sarah havia dito para não se preocupar com formalidades e seus pés doíam o suficiente para fazê-la desistir dos saltos naquela noite. A maquiagem também era leve e os cabelos caíam soltos com suas ondulações naturais. Algo simples, mas muito confortável e bonito. Era a forma que Juliette mais amava se vestir, além do que queria se sentir bonita e queria que Sarah a achasse bonita. Sorriu quando viu a mensagem da mulher avisando que já estava a caminho do hotel.

Mais uma vez disse à equipe que jantaria com a amiga que morava ali na cidade. Tanto Deborah quanto Giu não questionaram mais, sabiam que Juliette não diria caso fosse perguntada de qualquer coisa, a atriz era bem reservada quanto a sua vida pessoal. Rodrigo foi dispensado outra vez, tendo o resto da noite para fazer o que quisesse depois de ter passado o dia acompanhando a atriz no trabalho.

Juliette desceu até o saguão do hotel e ficou de olho em seu celular, informando ao concierge que estava à espera de seu carro chegar. Não demorou muito para a mensagem esperada notificar em seu aparelho, e mais uma vez o funcionário do hotel a levou até o veículo estacionado ali perto, abrindo a porta traseira para a mesma. Juliette não recusou a gentileza, de fato seria no mínimo estranho ela entrar ao lado da motorista. Sarah apertou os lábios segurando o sorriso até a porta de seu carro fechar e ela se virar encarando a atriz.

— Boa noite, senhorita. Para onde vamos? — brincou a loira, fazendo Juliette revirar os olhos e rir.

Sarah arrancou com o carro até pararem em um sinal fechado e Juliette finalmente pular por cima do console central e se acomodar no banco do carona. Ela olhou para a loira que a observava com uma sobrancelha arqueada e um sorriso divertido. Sorriu de volta e se inclinou, deixando um beijo em sua bochecha antes de prender seu cinto de segurança.

— Agora sim. Boa noite, Sarará.

— E aí, como foram esses dias? — Sarah puxou assunto enquanto dirigia até o restaurante.