Celular Juliette
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POV Juliette
Da minha cama onde eu estava deitada, conseguia enxergar a lua brilhando no céu azul escuro daquela noite. A luz do quarto estava apagada e uma manta de microfibra me cobria até os ombros, uma mão minha embaixo da cabeça contra o travesseiro enquanto eu assistia quase sem piscar o vento da madrugada balançando a cortina do quarto.
Eu tava exausta, sabia que precisava dormir porque há dias que eu não descansava como devia. Mas era difícil pregar o olho quando seu mundo desmoronava do jeito que havia acontecido comigo. É como dizem por aí, às vezes as coisas acontecem bem debaixo dos nossos olhos e a gente se recusa a ver por algum motivo, seja ele confiança, carinho, afeto, cumplicidade, qualquer coisa que justifique uma pessoa escolher se relacionar com outra, seja essa relação qual for.
Um amigo, uma pessoa que eu havia deixado entrar na minha vida de forma intensa, quem eu havia partilhado intimidades e contado segredos, que eu havia confiado plenamente para ter próximo a mim. E a punhalada nas costas foi certeira. E doía e sangrava ainda mais por ter vindo de quem eu nutria um carinho enorme.
E por quê? Por ciúmes! Por orgulho ferido, por vingança, pelo simples prazer de me humilhar e fazer com que eu "pagasse" por algo que eu havia feito. Lembro bem de escutar nitidamente aquela voz que agora só me fazia sentir repulsa, através de uma gravação cedida exclusivamente pela polícia e entregue à minha advogada, onde ele admitia com a voz carregada de ódio e sem um pingo de arrependimento, o que me enraivecia ainda mais.
Custou tudo que havia em mim para não ir até esse desgraçado e dizer algumas boas verdades na cara dele, mas minha equipe e minha advogada me impediram de cometer aquela loucura. A polícia já o tinha detido e agora ele pagaria pelo que fez. Eu ainda achava pouco, mas era o que a lei previa, então restava a mim procurar a paz de espírito novamente e conviver sabendo que, dentro do esperado, a justiça estava sendo feita.
Dois dias antes – trecho do depoimento de Arcrebiano Araújo
"— Eu havia chegado em Brasília por volta das nove da noite. Ela não estava no quarto do hotel que eu havia sido informado que ela estaria, então fui pro que estava reservado pra mim no mesmo andar. Mas eu queria fazer uma surpresa pra ela, então esperei atentamente até ouvi-la chegando, eu praticamente fiquei grudado na minha porta que era em frente à dela. Quando ela chegou, a surpreendi no corredor, e ela pareceu contente em me ver.
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Primavera - Sariette
RomansaSarah é dona de uma livraria em Brasília. Seu caminho muda drasticamente quando a famosa atriz Juliette Freire aparece em sua loja em uma tarde de primavera. Um encontro incidental envolvendo suco de laranja dá início a uma história de amor. Fanf...