Epílogo - parte 2 - final

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Atenção, capítulo com conteúdo para maiores de 18 anos.

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POV Sarah

A primeira coisa que eu senti ao sair do avião, foi o ar abafado da cidade carioca.

Bendita seja a hora que resolvi prender o cabelo em um rabo de cavalo porque eu já podia sentir as gotículas de suor se formarem em minha pele por baixo das roupas leves que eu vestia. Coloquei meus óculos escuros para esconder o cansaço e arrumei a mochila firmemente em minhas costas, caminhando a passos largos até o aeroporto cheio nessa época do ano. Me esforçando ao máximo para não atrair nenhuma atenção, retirei minha mala da esteira e, já com o celular em mãos, solicitei um Uber.

Suspirei olhando a hora. Era pouco mais de seis da tarde, Juliette provavelmente ainda estava trabalhando naquele horário. Imaginei que, por ser dia de semana, o trânsito até a Zona Sul deveria estar caótico. Verifiquei que o Uber já se aproximava e fui para o lado de fora do aeroporto.

Não via a hora de chegar no apartamento e tomar um banho, pedir comida e esperar pela Ju para termos uma noite tranquila. A viagem não era longa, mas o dia havia sido depois de ter ido na livraria pela manhã, voltar pra casa e arrumar as coisas da Yasmin antes de deixá-la com Kerline, voltar e arrumar as minhas coisas. Bisteca havia ido pra casa de Gil no dia anterior pra facilitar a logística. E eu, cansada, só queria curtir a companhia da minha esposa e pegar estrada cedo no dia seguinte até Arraial do Cabo.

Assim que entrei no Uber, deixei uma mensagem pra Ju avisando onde eu estava. Mandei outra pros meus amigos perguntando sobre meus filhos e guardei o celular na bolsa, observando as ruas cariocas passando depressa pela janela.

Nosso apartamento ficava no bairro da Gávea, perto do escritório da equipe da Juliette. Um local menor, mas não menos aconchegante do que a antiga cobertura da Ju. Além do nosso quarto, havia mais um com uma cama pequena, um armário e alguns brinquedos. A sala era espaçosa com uma varanda, a cozinha americana e o banheiro no corredor. Tudo confortável o suficiente quando precisávamos ficar na cidade por alguns dias.

Assim que o carro parou em frente ao prédio alto, o motorista me ajudou com a mala e eu o agradeci. Cumprimentei o porteiro que já me conhecia e fui até o elevador, suspirando cansada e ao mesmo tempo aliviada de finalmente chegar em casa. Como eu esperava, o apartamento estava silencioso quando abri a porta, mas com resquícios que alguém esteve aqui mais cedo. Deixei as malas na sala e fui até a cozinha, vi louça no escorredor enquanto bebia água e potes com sobras de comida na geladeira.

Antes de ir até o quarto, peguei minhas coisas na sala. Meu celular ainda não tinha nenhuma mensagem da Ju, então confirmei que ela estava bem ocupada.

Puxando a mala pelo corredor, abri a porta do nosso quarto e acendi a luz. E minha única reação foi dar um berro tamanho o susto que tomei.

Mas o meu grito não foi o único a ser ouvido.

— Eita, mulinga! — Juliette também se assustou, se sentando na cama de supetão.

A encarei de olhos arregalados, tentando acalmar meu coração acelerado. Não era para ela estar ali naquele horário... Pelo menos eu achava que não.

— O-o que você... Juliette!

Juliette me encarou de volta e, após alguns segundos, soltou uma gargalhada alta e contagiosa. Foi impossível não rir também, mas eu ainda estava tentando entender o que tinha acabado de acontecer.

— Ai, Sarará, que ódio! — Juliette dizia ainda em meio à crise de risos. Seu rosto estava ficando vermelho.

— O que aconteceu? Não era pra você estar trabalhando? Que susto você me deu, sua doida!

Primavera - SarietteOnde histórias criam vida. Descubra agora