Primavera - Sariette

Capítulo vinte e cinco

POV Juliette

— Meu Deus, Ju.

A voz de Carla foi a primeira a soar e parecia completamente desacreditada.

— E foi isso que aconteceu, minha gente. Agora tá a polícia daqui e de Brasília se movendo para encontrar esse tal do Otávio Ferreira.

— Parece até filme de terror, credo. — Camilla estremeceu — Você tinha tipo um stalker atrás de você? Isso é bizarro.

— Ainda não sabemos os motivos dele ter feito isso, mas desconfiamos que as fotos com Sarah no restaurante possam estar ligadas com o culpado. Não sei, uma forma de dizer pro mundo algo meu que ninguém sabia, sei lá. — dei de ombros, bebendo um gole da minha cerveja.

Meus amigos pareceram se perder nos próprios pensamentos depois de ouvirem tudo que aconteceu, e então vi Pocah levantar os olhos e me encarar.

— E essa Sarah, Ju? Você ainda fala com ela?

Suspirei pesadamente, desviando meus olhos para a garrafa long neck em minhas mãos.

— Não a vejo e nem falo com ela desde que voltei pro Rio. Nós tivemos uma discussão antes de eu viajar.

Pocah continuou me olhando, como se tentasse ler por trás daquelas palavras que eu tentava me convencer todos os dias que não tinha como voltar atrás e nem queria isso.

— Mas você gosta dela, né? Deu pra sentir quando você falou dela... — João interviu, sentado no tapete com sua própria cerveja e beliscando os aperitivos que estavam agora na mesinha de centro.

Soltei outro suspiro. O que eu diria? Sim, eu gostava de Sarah, ao lado dela eu me senti tão bem e deixei minha guarda tão baixa a ponto de permitir que ela visse minhas vulnerabilidades e meus medos. A conhecia há tão pouco tempo e, ainda assim, senti uma confiança vindo dela que me abri de maneira que nunca havia aberto assim tão rapidamente para ninguém. Mas eu não podia me sabotar daquela forma. Sarah era a única que sabia o meu paradeiro no dia que a imprensa apareceu no apart-

Espera um pouco...

Interrompi meus próprios pensamentos ao me levantar do sofá e me afastar dos meus amigos, levando uma mão até meus cabelos e a outra na cintura. Novamente era como se eu sentisse ser atingida por coisas que não haviam se passado pela minha cabeça antes. E se...

— Ju? — ouvi Pocah me chamar e ergui a cabeça para olhar todos que agora me encaravam confusos. Mas eu não estava prestando muita atenção, na minha cabeça se passavam diversas coisas ao mesmo tempo.

— Que foi, mulher? — Giu perguntou, se sentando ereta no tapete ao lado de João.

— Não, nada. Eu só pensei umas coisas aqui... — continuei passando a mão no cabelo, encarando algum ponto fixo no chão.

— Você ficou pálida do nada, amiga. Foi só falar da Sarah. — João comentou.

— Giu. — chamei pela mulher, que prontamente me olhou — Aquele caderno onde a gente anotou tudo, cadê?

— Cê lembrou de alguma outra coisa, Ju? Que possa ajudar?

— Me veio um pensamento aqui agora...

E se Sarah não estivesse mentindo sobre não ter dito onde eu estava para os amigos dela, e assim ela não tinha nada a ver com a aparição de jornalistas em seu prédio? E se esse tal de  Otávio também estivesse metido nisso? Porque se a polícia confirmasse que o cara estava em Brasília, talvez ele soubesse onde Sarah morava, e ao me ver no restaurante com ela, ligou os pontos.