Primavera - Sariette

Capítulo dezesseis

POV Narrador

Juliette despertou com a claridade em seu rosto, apertando os olhos em uma careta antes de abri-los. Podia ouvir o som de pássaros perto da janela, parecia ser bem cedo ainda. Estava deitada de costas para Sarah e sentiu o braço da mulher em sua cintura, ela estava deitada atrás de si em uma conchinha meio torta. Deu uma risada baixa e retirou o braço dela com cuidado, a natureza dando seu olá naquela manhã ao fazê-la se levantar e sair do quarto até o banheiro para fazer xixi.

Bisteca a seguiu, o que arrancou um sorriso doce de seus lábios. O cachorro deu um latido e a encarou sentada no vaso, era estranho tê-lo ali junto com ela naquele momento, mas ignorou isso e seguiu fazendo o que precisava. Depois que terminou, lavou as mãos e o rosto e voltou ao quarto para pegar uma blusa e sua calcinha, Bisteca a seguindo o tempo todo. Sarah ainda dormia profundamente na cama, na mesma posição que Juliette a deixou, o corpo totalmente nu à mostra fez com que a morena mordesse o lábio inferior e segurasse o sorriso bobo.

Voltou a observar o cachorro sentado ali, a esperando.

— Você tá com fome, né, garoto? — sussurrou para o animal, que a observava atentamente enquanto ela se vestia. Colocou um moletom de Sarah que estava sobre a poltrona e buscou uma calcinha nova na gaveta que ela havia dito que podia pegar. O casaco cobria até suas coxas e achou que estava bom para ir até a cozinha.

Bisteca a seguia sem parar, abanando o rabo. Juliette riu e foi até o pote de ração, usando o copo medidor para colocar a quantidade certa que estava indicada no pote, ganhando uma lambida da mascote como forma de agradecimento quando ela ofereceu a mão para que ele cheirasse. Abasteceu também a vasilha de água e, com um olhar para o relógio na parede da cozinha que indicava ser quase nove horas, resolveu colocar café para fazer na cafeteira elétrica.

Aos poucos, se encontrou com todos os utensílios que precisava e logo deixou a máquina trabalhando, Bisteca ocupado, então voltou para o quarto. Sarah agora dormia de bruços, um bico em seus lábios e o cenho levemente franzido. Juliette achou adorável e se aproximou, se inclinando e deixando um selinho na boca dela. Sarah se mexeu e aos poucos abriu os olhos, recebendo um sorriso radiante em troca.

— Bom dia, Sarará!

— Bom dia, Ju. — sorriu, piscando devagar, sua voz ainda rouca.

Juliette se sentou na beirada da cama e observou o despertar dela, um sorriso bobo brincando em seus lábios e os olhos brilhando. Estava se sentindo feliz naquela manhã, obviamente que ainda havia a preocupação da investigação que acontecia, mas não se deixaria abalar por enquanto. Aproveitaria aquele dia ao lado de Sarah.

— Teu olho tá tão verdin. Tão lindo, Sarará.

Sarah riu levemente e a puxou pelo braço até estarem com seus rostos próximos, a encarando atentamente e desviando os olhos para seus lábios. Juliette sorriu e fechou a distância entre elas em um beijo lento e carinhoso. Bisteca foi quem interrompeu o momento, adentrando o quarto alegremente agora que estava de barriga cheia e dando um latido, se aproximando das duas e apoiando seu focinho no colchão.

— Bom dia pra você também, garoto. — Sarah cumprimentou a mascote e esfregou as orelhas caninas, ganhando uma lambida no braço.

— Ele já comeu e já tem café pronto esperando a gente. — Juliette a informou, observando a interação entre cachorro e dona.

Sarah a encarou com uma sobrancelha arqueada, mas riu e assentiu.

— Melhor companhia do mundo. Acordo e já tem café me esperando. To no céu, é?

— Apois tu num se acostume, não, visse? — Juliette brincou com falsa indignação — Hoje eu to boazinha, sua galega do pão doce!

— Ah, é? — Sarah devolveu, vendo Juliette subir em cima de si e a encarar com um sorriso desafiador — E essa moça boazinha vai me dar muitos beijinhos hoje, então? Porque moças boazinhas dão beijinhos assim. — a puxou pelos braços e selou seus lábios.