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Era a 59ª volta da corrida

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Era a 59ª volta da corrida. 

Eu estava suando como um pão doce dentro do forno e tenho a leve impressão que não era só por conta do calor que fazia em São Paulo. 

Lewis girou o volante do carro apenas o suficiente para ficar lado a lado com o carro de Verstappen. Eu não sabia o que estava acontecendo lá perto, mas jurei que podia sentir os dois pisando fundo no acelerador, os motores obedecendo ao comando, as ligas de aço se esforçando pra manter tudo funcionando... 

As rodas do carro da Mercedes passaram por um centímetro das rodas do carro da Red Bull. 

Ele tinha conseguido. 

Dei um pulo da minha mesa, levando o fone, o teclado e o mouse do computador junto, derrubando tudo no chão. 

—AH MEU DEUS ELE CONSEGUIU! — Me vi gritando e pulando e abraçando gente que eu nem tinha chegado a conhecer da equipe ainda. 

—Yes! — Vi Toto gritar do outro lado, arrancando o fone de seus ouvidos também. 

Uma salva de palmas ecoou pela garagem, com assobios e gritinhos de encorajamento no meio. Ainda tinha gente pulando e sorrindo feito um idiota quando eu me abaixei, tremendo, pra pegar as coisas que tinha derrubado. 

Faltavam doze voltas pra corrida acabar. Doze. Meu painel piscou e isso indicava que o Lewis estava falando comigo, coloquei o fone de ouvido toda desajeitada e liguei o áudio. 

—Consegui, Camila! Eu consegui! — Ele comemorou, foi impossível controlar o sorriso que se espalhou em meu rosto. 

—Você conseguiu, Lewis — Respondi, deixando meu corpo cair na cadeira. 

As pessoas que assistiam deviam estar me achando uma louca. Descabelada, gritando e descalça, eu não devia estar parecendo uma engenheira cheia de classe e sim uma doida que precisava ser internada. 

Por um instante, consegui relaxar e me livrar de pelo menos um terço da ansiedade que me consumia. E Foda-se as imagens que passavam no meu monitor, eu ia assistir o restante da corrida pelo meu celular, escutando meu idioma. 

Eu não tinha mais o que fazer, os pneus estavam em bom estado e aguentariam tranquilamente o restante da corrida, então agora era só esperar ele fazer o trabalho dele. E pra ser sincera, ele vinha fazendo isso muito bem. 

Mesmo assim, não consegui parar de roer as unhas. Ficava cada vez mais perto da chegada e na volta 70, um frio se alojou em meu estômago. Ele ia vencer. Verstappen não estava nem perto dele. 

—No capricho, no capricho. O patrão vem no capricho! Vem pra vencer o GP de São Paulo — O narrador brasileiro falava, enquanto meu corpo se enchia de arrepios

 Lewis passou a bandeira quadriculada — Lewis Hamilton SENSACIONAL! Vitória espetacular de Lewis Hamilton — O narrador continuava falando, mas parei de prestar atenção. 

𝐁𝐀𝐃 𝐓𝐇𝐈𝐍𝐆𝐒 • 𝐋𝐄𝐖𝐈𝐒 𝐇𝐀𝐌𝐈𝐋𝐓𝐎𝐍Onde histórias criam vida. Descubra agora