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Eu não levei a sério o negócio do "amanhã é dia de guerra", mas foi só colocar meus pés na garagem que me arrependi por isso

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Eu não levei a sério o negócio do "amanhã é dia de guerra", mas foi só colocar meus pés na garagem que me arrependi por isso. 

Se eu achei que o clima estava estressante no dia anterior... 

O caos estava instaurado, pessoas corriam de um lado para o outro, partes de carros eram retiradas às pressas de caminhões, pessoas entravam e saiam, se esbarrando, correndo e gritando. Completamente caótico.

Eu ia pirar. 

Trabalhar na fábrica da Mercedes de São Paulo era o completo oposto disso aqui. Lá eu só ficava sentada na mesa, analisando dados e  revisando operações e quando saia para ver os carros com meus próprios olhos, no máximo cinco pessoas me acompanhavam. 

Tinha muita gente aqui. Gente pra caralho. Isso atacava minha ansiedade e me deixava uma pilha de nervos.

Toto estava agitado e só precisei de uma olhada para perceber. Ele estava simplesmente arregaçando as mangas da blusa social branca e alguns botões também estavam abertos, como os meus. 

Achei a cena sexy, mas guardei o comentário no fundo mais escuro da minha mente. 

Mônaco parecia prestes a explodir, a sensação térmica era de, no mínimo, uns 40 graus, brincando. Meu pé estava cozinhando dentro da bota e precisei fazer um coque no cabelo pra conseguir suportar. 

—Bom dia, Camila — Bono foi o primeiro a me cumprimentar — Espero que tenha passado bastante protetor solar — Abriu um sorriso. 

—Droga, esqueci meu protetor solar! — Quase gritei, abrindo a bolsa pra procurar como uma maluca. 

—Não se preocupe, eu trouxe um reserva — Ele abriu um pequeno estojo e me entregou um protetor — Vai precisar, em alguns minutos começa o Drivers Parade. 

—Drivers o que? — Perguntei sem entender, abrindo o protetor solar. 

—Como posso explicar... — Bono falou, apertando os lábios — É como se fosse a apresentação dos pilotos. Todos eles sobem em um trio elétrico e passeiam pela pista dando um "tchauzinho" para os torcedores — Ele abre um sorriso. 

—Hum... OK, mas o que isso tem a ver comigo? — Perguntei, começando a espalhar o protetor numa das bochechas. 

—Geralmente os engenheiros acompanham seus pilotos, pra dar uma analisada na pista e adiantar o serviço que seria feito depois — Ele explicou — Hoje quem vai é você. 

—Porque eu? — Perguntei, já desesperada. 

Não era nem por conta do sol escaldante, mas porque eu estava com aquela maldita bota de salto alto. Olhei para meus próprios pés. Meu dedo mindinho que lutasse.

—Como você vai assumir a liderança do meu rádio nos próximos meses...  — Bono fez uma pausa, abriu um sorriso preguiçoso — É bom se familiarizar com outros engenheiros, com os próprios pilotos e até com as tradições da fórmula 1. 

𝐁𝐀𝐃 𝐓𝐇𝐈𝐍𝐆𝐒 • 𝐋𝐄𝐖𝐈𝐒 𝐇𝐀𝐌𝐈𝐋𝐓𝐎𝐍Onde histórias criam vida. Descubra agora