𝐁𝐀𝐃 𝐓𝐇𝐈𝐍𝐆𝐒 • 𝐋𝐄𝐖𝐈𝐒 𝐇𝐀𝐌𝐈𝐋𝐓𝐎𝐍

０１７

—Tá muito quente isso, Camila — Ele tocou na água. 

—Eu sei e esse é o intuito — Murmurei, mas também estava sem coragem pra entrar. Não sei porque topei esse negócio, agora a banheira parecia pequena demais pra nós dois. 

—Então tá — Suspirou, desistiu de retrucar, colocou uma perna dentro da banheira, depois a outra e sentou de uma vez — Caralho — Fez uma careta e me olhou — Bora, pode entrar. Não vou me queimar sozinho não. 

—Calma, tô me preparando — Soltei a respiração e coloquei uma perna dentro da banheira. 

Segurei um xingamento, queria dar uma de forte, mas na verdade estava realmente muito quente. 

Fiz como ele, entrei de uma vez e sentei a sua frente. 

A banheira branca e a água quente transparente, com pouca espuma, nos deixava espaço para ver o suficiente. A cueca branca toda molhada estava completamente grudada em sua pele e eu precisei unir todas as minhas forças pra não dar bandeira e entregar que eu estava olhando pra lá. 

Minha situação também não era diferente, o conjunto azul claro estava da mesma maneira. E pude jurar que ele estava se controlando tanto quanto eu para não olhar. 

O silêncio tomou conta do banheiro e ele parecia sem graça, olhando para todos os lados menos pra mim... 

Olhou para minhas pernas, desceu... olhou para os meus pés, subiu o olhar e me encarou. Por alguns segundos imaginei que ele fosse falar alguma coisa, mas pareceu desistir, então devagar moveu suas mãos na água, tocando meu pé esquerdo. 

Começou a massagear, ainda em silêncio. 

Tinham tantas palavras não ditas no nosso meio que estava sentindo meu peito meio pesado, uma vontade de chorar misturado com uma vontade de sei lá... Chegar mais perto, brigar... Qualquer coisa, menos esse silêncio. 

—Sinto muito por ter te tratado mal — Murmurou, por fim — Eu estava pensando tanto em mim que não consegui me colocar no seu lugar. Sinto muito, Cami.

—Também sinto muito pelo que aconteceu — Murmurei de volta, ele me encarou — Por ter ido falar com o Verstappen principalmente — Apertei os lábios. 

—O Max é até ok, mas o pai dele... — Balançou a cabeça, olhando para o meu pé — Não quero que se meta em nenhum problema sem que eu esteja perto pra ajudar. E não é porque acho que não consegue se proteger... É porque esse mundo é novo pra você e conhecido o suficiente pra mim saber onde você deveria ou não se meter. 

—Eu fui um pouco imprudente. Fiquei com raiva quando vi ele mexendo na asa do seu carro — Mordi o lábio, ele abriu um sorriso.

—Estou começando a suspeitar que além de minha babá você anda querendo uma vaga como guarda costas — Falou, em tom de brincadeira.