𝐁𝐀𝐃 𝐓𝐇𝐈𝐍𝐆𝐒 • 𝐋𝐄𝐖𝐈𝐒 𝐇𝐀𝐌𝐈𝐋𝐓𝐎𝐍

０２４

—Porque tem uma foto sua com o Lewis na Internet? Jantando com seus pais? Na porra de um restaurante brasileiro?! — Toto grita do outro lado da linha.

Depois daquele café da manhã desastroso eu só queria me jogar na cama e chorar pro resto da minha vida. Porque meu pai simplesmente não ficou calado?! Dar as boas vindas à família? Só podia ser um puta pesadelo!

Um pesadelo que acabou de piorar.

Eu devia saber que não tinha como sair com Lewis no Brasil, logo depois de uma corrida daquelas e não ser reconhecido. Onde eu estava com a cabeça quando coloquei ele dentro daquele carro e dirigi até o Lume?

Agora eu ia perder meu emprego. E foda-se que o cara era bom de cama, dormir com ele não pagava minhas contas, cara. Quase chorei em pleno telefonema. E quase me deitei em posição fetal, mas me segurei.

—Desculpa — Foi o que consegui falar, um bolo enorme se formando em minha garganta — Eu juro que não foi culpa minha, meu pai é fã dele e ficou todo emocionado com a corrida, acabou convidando ele pra jantar e o Lewis também é um bobão, não conseguiu dizer não e parece que agora os dois são melhores amigos porque meu pai tá na sala jogando FIFA com ele! — Falei tudo de uma vez, sem nem respirar direito. E choramingando, pra aumentar minha vergonha.

—COMO É? ELE TÁ NA SUA CASA? PUTA QUE PARIU, ESPINOSA! PUTA QUE PARIU — Toto gritou tão alto que precisei afastar o telefone da orelha.

Tudo bem, acho que eu merecia um pouquinho.

—Desculpa, chefinho. As coisas saíram do meu controle — Falei, completamente sincera, inclusive estava fora de controle até agora. E fala sério, não tinha nem como falar pra ele que na verdade além de o piloto estar na minha casa também tinha dormido na mesma cama que eu.

Ele soltou um caminhão de palavrões, fez uma pausa, respirou fundo... Dei graças a Deus por estar tendo essa conversa por telefone, não queria nem imaginar ter que olhar pro Toto com raiva numa situação como essa.

—Sua sorte é que parece que vocês caíram na graça do público, e também já faz anos que o Lewis não aparecia com ninguém, estava todo mundo achando que ele tinha virado um celibatário¹ — Falou e por mais que eu tenha ficado tentada a soltar uma risada, me segurei, parecia que ele estava falando sério. Bem sério — Pelo amor de Deus, Camila. Não me arruma problemas, mulher.

—Eu prometo, Toto. Não vou arranjar problema nenhum — Falei, mas pra acabar com tudo, a porta do meu quarto foi escancarada e o Lewis entrou, tinha um sorriso tão grande em seus lábios que sabia que ia dar ruim.

—Eu, você e seu pai vamos correr de kart amanhã — Ele disse, na maior tranquilidade do mundo.

—QUÊ?! — Eu gritei, sentindo o ar escapar dos meus pulmões.

—QUÊ?! — Toto, que escutou tudo, gritou também.

—Porque você tá num telefonema com o Toto? — Ele perguntou, o cenho franzido.