"𝓝𝓪𝓲𝓵𝓼 𝓼𝓬𝓻𝓪𝓽𝓬𝓱 𝓸𝓷 𝓶𝔂 𝓫𝓪𝓬𝓴 𝓽𝓪𝓽𝓽"
Camila Espinosa não sabia onde estava se metendo quando aceitou ser Engenheira de Operações da Mercedes Petronas. Certo que ela amava carros e entendia bem deles, mas ver pessoas pilotando a 3...
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Eu estava suando frio. Não. Na verdade estava tremendo de dentro pra fora.
Estava fazendo frio na França. Frio fora do normal. Eu estava usando um moletom do Lewis por baixo da jaqueta puffer da Mercedes e isso ainda não parecia o suficiente.
—Você está bem? — Angela parou ao meu lado, os olhos franzidos.
Nunca fiquei tão feliz por ter ela de volta à equipe. Ter ela aqui significava que eu não iria precisar ficar tão perto do Lewis e do carro, graças a Deus.
—Tá muito frio — Respondi, esfregando uma mão na outra. Detalhe: eu tinha colocado uma luva, mesmo assim a sensação era de que meus dedos iriam congelar a qualquer momento.
—Não está tão frio assim, talvez seja porque você veio de um país tropical — Angela me mostrou um sorriso.
Talvez não fosse só por conta do frio que eu estivesse me tremendo inteira.
—A outra brasileira também parece assim — A mulher disse, olhando para um ponto distante.
—Eu nem sabia que tinha outra brasileira — Murmurei, tentando encontrar a mulher a quem ela se referia.
—Você tá bem? — Uma terceira voz fez com que eu me desviasse da tarefa e me virei pra encarar o Lewis.
Era loucura ele correr... Certo? Uma semana atrás ele quase tinha morrido num acidente e agora estava usando o mesmo macacão, prestes a colocar o mesmo capacete e entrar no mesmo carro.
—É só frio — Apertei os lábios, não queria dar outro sermão, eu sabia que ele não ia me escutar mesmo.
—Angela, dá um minutinho pra gente? Por favor — Lewis olhou pra ela, que assentiu e se afastou — Camila — Soltou um suspiro e voltou a me encarar — O que você tem?
—Nada. Nada mesmo — Olhei pra ele.
—Fala a verdade — Ergueu uma sobrancelha — Tá assim porque eu vou correr?
—Eu levei chuva ontem, não tô me sentindo muito bem — Falei e não deixava de ser verdade.
Fiquei quieta quando ele se aproximou, jogou meu cabelo pro lado e tocou meu pescoço.
—Você está com febre, Cami — Soltou um suspiro e passou os dedos pela testa, sinal de que estava nervoso — Vou pedir pro Toto colocar alguém no seu lugar hoje. Volta pro hotel, tá?
—Não. Tudo bem. Consigo ficar de boa — Mordi o lábio, agoniada com o jeito que ele ficava tocando a testa.
—A gente sabe porque você tá assim — Ele me olhou mais uma vez, apertando os lábios — Devia ter aceitado meu conselho e pedido pra ficar longe essa semana.
—Bom, você também devia ter aceitado meu conselho e ficado longe essa semana — Mordi o lábio mais uma vez.
—Eu não vou parar de correr, Camila — Disse de maneira firme — Não vou abrir mão disso.
