Contive o suspiro de alívio quando finalmente chegamos ao hospital. Eu queria pular para fora do carro e tomar uma lufada de ar fresco, mas precisei esperar o veículo estacionar para que o fizesse. O clima ali dentro estava tão desconfortável e esquisito que chegava a ser sufocante. Não pela parte de Jasper, é claro, o garoto continuava me tratando da mesma forma educada e respeitosa de sempre, puxando assunto e interagindo uma vez ou outra comigo. Mas eu, em particular, ainda estava em choque com a declaração surpresa, minha cabeça não digeriu nem um por cento do que ouvi.
Eu fiz o certo em não revelar meus sentimentos e dar corda ao assunto, não era o momento. Eu já tinha preocupações demais com a situação financeira de casa e com as notas da escola - que estavam alcançando a média dos demais alunos aos poucos -, e um romance agora não seria bem vindo. Ainda sim, não ousaria negar que a descoberta inflou até demais meu ego, saber que era desejada por alguém trazia uma sensação de poder e luxúria indescritível, principalmente quando você também deseja a pessoa. Porque eu queria Jasper, assumi isso para mim mesma, mas não iria contar. Não agora, pelo menos, talvez em alguns meses quando a situação se estabilizasse e eu tivesse certeza que ficaria na cidade.
—Alina, está tudo bem? — A voz rouca de Jasper me trouxe de volta a realidade, o loiro estava do lado de fora do carro e segurando a porta para mim.
Engoli em seco, fitando sua mão estendida na minha direção para me ajudar a descer.
— Apenas divagando. — Respondi, aceitando por fim o gesto. Houve um choque térmico entre as nossas peles assim que se encostaram, devido a temperatura quase congelante da mão dele. Esperei meu corpo se firmar no chão para me afastar, arrepiada. — Eu é quem estou de roupa curta e você é que parece um bloco de gelo. — Brinquei, na esperança de dissolver a tensão do ar.
Um sorriso contido surgiu no canto dos lábios de Hale.
— Desvantagens de não gostar e nem ser acostumado com o frio. — Fechou a porta do veículo, travando-o através das chaves. Virou-se para mim, aproximando a mão da minha cintura, mas não chegando a encosta-lá. — Eu posso? Acredito que será mais fácil para você caminhar. — Pediu, educadamente. Eu sei que não havia segundas intenções, Jasper era um legítimo cavalheiro, mas minha mente insistia em dizer que poderia ser uma desculpa para ficar perto de mim.
E eu, vendo vantagem nas duas opções, aceitei.
— Sim, por favor.
O aperto firme, por cima da blusa, trouxe segurança e leveza para os meus passos. Estávamos próximos, muito próximos, o suficiente para que eu me perdesse no perfume amadeirado toda vez que respirasse fundo. Foi um milagre minhas pernas não estarem bambas quando começamos a andar até a entrada do hospital.
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𝑰𝑹𝑹𝑬𝑺𝑰𝑺𝑻𝑰𝑽𝑬𝑳 ― 𝐽. 𝐻𝑎𝑙𝑒
Vampire𝗔𝗟𝗜𝗡𝗔 𝗤𝗨𝗘𝗥𝗜𝗔 𝗔𝗣𝗘𝗡𝗔𝗦 recomeçar. Perder o pai e ser assombrada diariamente pelas lembranças do fatídico acidente era demais para a cabeça da adolescente, seu corpo implorava por paz. E ali, na minúscula cidade de Forks, a tão almejada...