𝐶ℎ𝑎𝑝𝑡𝑒𝑟 𝐹𝑜𝑢𝑟

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Nervosa. Sufocada. Ansiosa.

Com toda certeza, foram os cinquenta minutos que mais demoraram a passar em toda minha vida. Eu nunca senti tanta necessidade de interagir com alguém quanto estava sentindo. Mas, não qualquer um; tinha de ser Jasper Hale. 

Era estranho. Eu falaria com ele até mesmo sobre o que seria o cardápio de hoje. Qualquer misero assunto que sempre fora tão supérfluo para mim, agora soava tentador para um início de diálogo. E eu sabia, sabe-se lá como, que o rapaz compartilhava do meu desejo. Eu via a maneira como seus dedos se cruzavam, repetidas vezes, e a firmeza que segurava a caneta entre eles. Ou que me olhava de soslaio, desviando quando eu o flagrava. 

Parecíamos crianças, naquela paixonite boba e infantil, e por um segundo eu ri. Porque chegava a ser cômico que eu estivesse agindo de tal maneira, sem sentir absolutamente nada amoroso por ele. Fala sério, eu não o conhecia e nem sabia algo sobre sua vida. E talvez fosse isso que estivesse me deixando com um dos pés fora do chão: curiosidade. 

Sim, claro, só poderia ser isso. Meu jeito expansivo e intrometido estava dando as caras e só sossegaria quando saciasse todas minhas dúvidas. E não eram poucas. Havia muito o que perguntar. De onde vinha seu sotaque, que eu suspeitava ser sulista, era a maior delas. Eu sabia que ele não era daqui, seu estilo e traços não seguiam nem de longe o padrão "sem sal" dos habitantes nativos da cidade. E a aura interiorana, meio aventureira, terminava de levantar suspeitas. 

— Meu rosto está sujo, Srta. Leblanc? — De repente, escutei sua voz sussurrar. O corpo inclinado para mim, permitindo que apenas eu o escutasse. 

Pisquei os olhos, notando que o encarava com fervor. Fiquei ruborizada instantâneamente e desviei a atenção para a lousa negra. 

— Desculpe, não foi minha intenção deixá-la constrangida. — Pediu ao ver meu estado, o tom polido e cordial de sempre. Aquilo estava me irritando, parecia que eu estava num filme retrô do século dezoito. 

— Você tem uma máquina do tempo? Porque está falando como antigamente. — O comentário escapou, brincalhão. 

Vi um sorriso discreto aparecer nos seus lábios. 

— As vezes eu esqueço que não se fala mais assim. É o costume, eu cresci tendo essa educação e desenvolvendo costumes bem diferentes de hoje em dia, Srta. Leblanc. — Murmurou. 

Estreitei o olhar em sua direção. 

— Eu vou ser obrigada a te esganar se você continuar me chamando de "Srta. Leblanc". — Avisei divertida, mas com o semblante sério, para dar a entender que não estava brincando. E não estava. — Por favor. Me faz parecer velha. Já basta os professores me chamarem assim. 

𝑰𝑹𝑹𝑬𝑺𝑰𝑺𝑻𝑰𝑽𝑬𝑳 ― 𝐽. 𝐻𝑎𝑙𝑒Onde histórias criam vida. Descubra agora