Velhos hábitos nunca mudam. Disso eu tinha certeza. Mesmo numa cidade nova, com gente diferente, eu ainda odiava a escola.
E não era pouco. Odiava o cheiro insuportável de álcool da provas mal xerocadas, do piso escorregadio graças a cera barata, dos grupinhos maléficos de alunos. Até da maneira quase idêntica que os professores tinham de lecionar: enchiam os quadros de matérias longas e cansativas, daquelas que ninguém entendia nada, mas que éramos obrigados a copiar tudo. No final, davam uma explicação meia boca, tão curta feito os trailers de filmes, e quem entendesse, entendeu.
Eu odiava esse sistema de ensino, mas sabia que a culpa não era dos funcionários. O governo era o verdadeiro responsável. Pagavam uma miséria e os cortavam a qualquer momento, numa crise. Qualquer cidadão em sã consciência deixaria de sentir paixão pela profissão.
Não deixava de ser uma situação de bosta, que tornava o ambiente insuportável.
Eu estava quase fingindo uma diarréia, quando a última aula se encerrou. Foi um dia nada produtivo e eu não me orgulhava disso, mas havia tanta coisa ultimamente na minha cabeça que estudar passou a ser a menor das preocupações. Era o medo da minha mãe não dar certo no emprego e a gente voltar pro fundo do poço, de eu ter que arrumar um serviço, não conseguir conciliar com a vida escolar e acabar bombando. De tudo desmoronar, agora que começava a caminhar.
Era um porre não ter controle das coisas. Da vida. Eu só podia vê-la traçar seus próprios planos. E a maioria deles nem sempre me agradava.
— Você vai querer a carona hoje? — Bella, subitamente, apareceu do meu lado nos armários. Dei um pulo no lugar, assustada. — Calma aí, relaxa. Estava pensando no que para estar tão distraída assim?
Peguei minha mochila, trancando o cadeado do armário logo após.
— Nada demais, coisas de casa. — Menti. A garota não precisava saber das minhas lamentações. — Vou sim, se não for incomodar.
Isabella revirou os olhos.
— Não me incomoda, já falei. — Retrucou. — Se importa se passarmos no serviço do meu pai primeiro? Parece que o homem que foi atacado era amigo dele.
— Claro que não, imagina. Sinto muito.
Toquei seu braço de maneira carinhosa. A morena sorriu com o gesto.
— Obrigada, Alina. É coisa rápida, Charlie não é muito de demonstrar sentimentos e gostar de momentos de grude. — Disse. Estávamos andando para fora da escola, em direção ao estacionamento. — Seria ótimo se isso desse a ele o dia de folga, estou cansada de ficar em casa sem fazer nada.
— Quer fazer alguma coisa hoje? Também estou cansada de ficar sozinha. — Sugeri, de imediato.
Os olhos castanhos da Swan se iluminaram.
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𝑰𝑹𝑹𝑬𝑺𝑰𝑺𝑻𝑰𝑽𝑬𝑳 ― 𝐽. 𝐻𝑎𝑙𝑒
Vampire𝗔𝗟𝗜𝗡𝗔 𝗤𝗨𝗘𝗥𝗜𝗔 𝗔𝗣𝗘𝗡𝗔𝗦 recomeçar. Perder o pai e ser assombrada diariamente pelas lembranças do fatídico acidente era demais para a cabeça da adolescente, seu corpo implorava por paz. E ali, na minúscula cidade de Forks, a tão almejada...