Estava com tanta saudade de Vitória, que o simples toque dos seus dedos em meus lábios reverberaram pelo meu sangue, me estremecendo e arrepiando minha pele. Algumas horas sem ela e minha vida se transformou em solidão e num imenso vazio. Então, subimos para conversar melhor.
Me atrevi a falar, pois estava engasgado, e eu tinha que resolver, mesmo perdendo essa mulher.-- Vitória, aquilo que você viu é doentio. Para muitos, é puro prazer. Para mim também era, mas depois que a conheci... Não quero viver daquele jeito mais, e nem usar as mulheres daquela forma. Quero o que você me ensinou. O seu amor. Brando, avassalador, mas dentro de certos limites que me fizeram sentir muito bem. Claro, que podemos brincar, mas aquilo... Nunca mais! Você é tudo para mim. Acho que eu me apaixonei por você. Não consigo tirá-la da cabeça! Não dormi nada!
Ela sentou-se no sofá, pois até então, continuávamos em pé, um olhando para o outro e eu falando sem parar. Sentei-me ao lado dela e peguei de leve em suas mãos. Estavam frias. Senti medo da sua reação. Ao contrário do que pensei, ela apertou-as fortemente, deixando uma lágrima cair entre nós. Aquilo foi o fim. Nunca mais Vitória choraria por mim, se ficasse comigo!
-- Minha flor... Você é capaz de entender o que houve e me perdoar? Vou me afastar de Verônica para sempre! Era uma amiga, mas amigos não fazem o que ela fez. Verônica sempre me usou e dessa vez usou de novo, mas levou. Aposto que ela não esperava tantas chicotadas.
-- Amo quando me chama de minha flor. Daniel, querido, devo estar apaixonada também. Não sei ao certo, se alguém pode se apaixonar tão depressa e à primeira vista. É assim que eu me sinto. Não consegui dormir pensando e refletindo tudo o que vi. Você não teve culpa. Eu sabia que no instante que te pedisse aquilo no barco, seus instintos voltariam. E tem mais, você leva essa vida há muito tempo. Não seria eu e ninguém, que conseguiria transformá-lo do dia para a noite. Agora, tem uma coisa.
-- Fale, o que é? Farei tudo para ficar com você!
-- Não quero Verônica na sua vida. Nunca mais! Nem no celular e nem em lugar algum.
-- Nossa... Isso é fácil, pois com a raiva que eu estou dela, não quero vê-la nunca mais na minha frente!Eu sorri, me levantei e fui até a varanda. Peguei meu celular e joguei-o lá embaixo. Ele se espatifou em mil pedaços, assim como o meu passado.
-- Vitória, flor linda, quero você, só você! Por favor, tenha paciência comigo e me ensine sua vida e os seus prazeres. Farei como você quer e gosta. Não posso viver sem você. Por favor, você consegue me perdoar?
Ela continuou de mãos dadas comigo e suas lágrimas rolaram sem controle.
-- Não chore, não perdoo o que eu te fiz. Não quero que sofra! Vou ser um homem novo, somente para você!
Enxuguei o seu pranto e beijei a sua boca delicadamente. Ela estava abatida. Olha o que eu fiz! Não me conformo!
Vitória afastou-se, e com lágrimas nos olhos inchados, resolveu se expressar:
-- Daniel, meu amor... Eu... Perdoo você. Eu te quero muito! Demais!
Quando ela disse isso, caiu como um bálsamo me envolvendo por inteiro e eu me senti em paz. Foram-se embora todos os tormentos e dissabores que eu estava sentindo. Vitória apertou mais ainda minhas mãos e jogou a cabeça em meu ombro, afundando o seu rosto e tentando se acalmar. Eu cheirei os seus cabelos lindos. Um perfume perturbador, adocicado e marcante, daqueles que enfeitiçam e você cai direitinho na armadilha que a pessoa possa ter armado, claro, que não era o caso dela.
Tudo que vinha dela era bom, gostoso e eu queria exatamente o que ela pudesse e quisesse me dar. Ficamos assim parados, um sentindo o outro. Um momento delicioso, onde você pede que o tempo pare, só para poder apreciar a beleza do encontro, junto a pessoa que você ama. Ela se afastou, deu um sorriso lindo, começou a ofegar e chegou bem perto de mim:
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Domínio
RomanceDaniel LeBlanc, autor best-seller do The New York Times e dono da famosa Editora LeBlanc, vive praticamente excluso da sociedade, por ter uma vida secreta e desejos meio obscuros. Por isso, com seus 40 anos, não constituiu família. Mora sozinho. Par...