Acordei em cima da hora. Tive que fazer tudo rápido, coisa que eu detesto. Gosto de ter tempo, pois ainda faço meus exercícios antes do trabalho e na volta, tomo banho e me arrumo sempre com tranquilidade, escolhendo a camisa, a gravata e o terno que eu vou vestir.
Hoje, nada disso! Peguei o que me veio pela frente. Rony já estava lá embaixo com o carro na frente do prédio, para me levar à editora. De repente, do nada, pensei comigo:
"Há quanto tempo Rony quebra os meus galhos! Um grande e confiável amigo. Sabe de todos os meus segredos. Só lhe falta uma linda mulher. Tem alguns casos, mas nada sério."
Eu estava tão desligado e tinha que me concentrar, pois as reuniões me esperavam e dessas, eu não tinha como escapar. Já na mesa, com todos ao meu redor, antes de iniciar a falar, Vitória veio a minha mente. Toda linda, com aqueles cabelos maravilhosos e um corpo delicioso. Meu Deus!
Respirei fundo para espantar essas lembranças e dar início a reunião, mesmo porquê, ela era caso perdido. Diante de tudo o que houve, não tinha mais esperanças de nada. Tudo na editora transcorreu como sempre, dentro do habitual.
Fui até minha sala e encontrei a ficha de Vitória na minha mesa, como eu havia pedido ontem. Li tudo com bastante atenção e fiquei admirado com o seu currículo. Também dominava o inglês e o francês. Uma mulher linda, escritora e muito culta. Era de se admirar. Vitória trabalhava na área de revisão e tradução. Descobri o que eu queria.
Chegando em casa, a mesma coisa. Aquela rotina já estava me cansando. Vitória seria um motivo para mudar minha vida. Que coisa estranha, eu mantinha sempre o controle de tudo, como fui deixar essa situação ficar assim e terminar desse jeito?
Ficou uma coisa mal resolvida dentro de mim. Eu ainda não tinha encontrado uma maneira de sair dessa. Passaram-se os dias, já fazia uma semana e nada. Dei meu cartão à ela, mas não recebi ligação nenhuma.
Aquilo me angustiava demais. Eu não tirava aquele momento avassalador da minha mente. Parecia ainda sentir sua boca, sua língua de encontro a minha, seu corpo quente apertando o meu e pedindo mais.
Será que para ela foi apenas um lance casual, que não significou nada em sua vida? Pois se tivesse mexido com ela, com certeza já teria me ligado. E eu? Deveria ligar? Também não tinha tomado atitude nenhuma quanto a isso. Quem sabe ela devia estar envergonhada e com medo, esperando minha ligação?
De repente me veio uma ideia. Desci e fui à uma floricultura, a que sempre comprava flores para as mulheres que eram minhas submissas. Menos essa, mas não podia deixá-la escapar assim das minhas mãos. Sempre tive tudo o que eu quis. Todas foram minhas!
Queria mandar flores que a cativasse, que me fizesse mais presente, ou melhor, que a fizesse lembrar de como eu a beijei e a abracei junto ao meu corpo. Fazer com que ela se lembrasse de como foi bom. Escolhi rosas azuis, entre lindas flores do campo brancas, com um laço de fita branco, também, para ficar delicado como ela. Ficaram lindas demais! A dona da floricultura já me conhecia e me ajudou a escolher. Disse-me que ficaria bem exótico e não teria como ela não gostar.
Junto com as flores, mandei um cartão com contornos dourados e escrevi:
Linda Vitória,
"Você não me sai da cabeça. Gostaria de te ver, nem que fosse pela última vez. Não recebi nenhuma ligação sua. Por favor, se aceitar o meu convite, me ligue. Espero ansioso pela sua resposta. Estas rosas vão com um beijo cheio de um carinho todo especial."
Daniel
Senti-me mais aliviado e agora bem tenso. Será que ela me ligaria? A espera era angustiante. E se ela não ligasse, o que eu iria fazer? Meu controle pressionava-me a tomar as decisões mais rápidas possíveis. Não era homem de ficar esperando respostas. Eu ia buscá-las de qualquer jeito, mas sentia que essa mulher não era assim, tratava-se de um caso a parte, diferente daqueles que eu estava acostumado a lidar.
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Domínio
RomantizmDaniel LeBlanc, autor best-seller do The New York Times e dono da famosa Editora LeBlanc, vive praticamente excluso da sociedade, por ter uma vida secreta e desejos meio obscuros. Por isso, com seus 40 anos, não constituiu família. Mora sozinho. Par...