Tantas coisas lindas aconteceram nestes últimos anos, que nem acredito. Às vezes parece um sonho, que eu vou acordar de repente e me ver naquela vidinha que eu levava. Tenho até medo de fechar os olhos e não encontrar tudo o que Deus me deu.
Uma mulher maravilhosa, que eu amo tanto e não vejo minha vida sem ela. Nem pensar! Théo, que já está um mocinho lindo e inteligente. Diz que quando crescer quer ser médico. Amèlie, uma garotinha esperta, mas levada da breca. Adoro suas peraltices, deixa o ambiente mais alegre e cheio de vida.
Voltar a ter meus pais, ou seja, ter pais, porque nunca tive. Minha mãe não bebe mais uma gota de álcool e papai deixou de ser babaca. Agora é um homem trabalhador e firme em suas decisões. Clarisse casou-se com Pedro de Almeida. Ótimo rapaz. É engenheiro. Ela continua na LeBlanc, mas agora, como é minha irmã, chefia tudo por lá. Não leva jeito para a escrita, mas é uma revisora de mão cheia, e nasceu para mandar. Coitado do marido dela.
O meu livro e de Vitória foram editados. A editora é do meu amigo, um cara super gente fina, que fizemos uma grande amizade, estreitando os laços entre nós. Vai sempre em nossa casa com sua esposa, para um jantar e bebermos um bom vinho. Eu e Vitória também vamos até a casa deles, beber seus vinhos, que são fabulosos.
Até agora não sei nada sobre o livro de Vitória e ela não sabe nada sobre o meu. Combinamos com Alberto, o dono da editora, também brasileiro, que só revelaríamos os nomes na noite de autógrafo. Ele concordou. Eu tinha uma surpresa para Vitória, ia ser dada de presente depois da renovação dos votos, mas não foi possível.
Nós nos dedicamos muito aos livros, e também tínhamos as crianças que precisavam de nós. Não podiam ficar somente com Janete. Então, eu disse a ela, que lhe daria este presente no dia do lançamento dos livros, no caso, hoje.
Eu estava nervoso e ansioso. Ela nem desconfiava. Jamais iria imaginar o que seria. Alberto guardou segredo e sua esposa também não disse nada.
Eram ótimos amigos. Tivemos sorte, aqui na Riviera. Vitória fez um curso de francês e agora estava fluente. Falava e entendia tudo.Acordei mais cedo que ela e fui até a cozinha preparar um café especial. Coloquei tudo arrumadinho no balcão, e estava tomando um suco na porta, observando o jardim, a beleza das flores e as borboletas voando livres salpicando de flor em flor. Os pássaros cantavam e o sol brilhava em todo o seu esplendor. De repente, ouvi uma voz. Uma voz carinhosa, que embalou nosso amor todos estes anos.
-- Bom dia, fujão!
-- Bom dia, dorminhoca! Eu não fuji de nada! Vim fazer o café. Esqueceu que hoje é um dia especial?
-- Não, meu amor, não esqueci, tanto é, que...Olhei em suas mãos e vi que ela colocava em cima do balcão um pacote embrulhado em papel vermelho e uma fita dourada.
-- Veja, querido, tenho um presente para você. Espero que goste!
-- Que lindo pacote, dentro deve ter algo especial, pelo jeito.
-- Sim. Muito especial! Você vai ver.
-- Nossa, estou surpreso. O que será?
-- Porque você não abre! Vamos, abra logo! Quero ver se gosta.Confesso que fiquei meio surpreso. Então peguei o pacote, desfiz o laço bem devagar, e quando abri, fiquei bobo, quase sem ação. Fiquei segurando o presente nas mãos e as lágrimas brotaram nos meus olhos. Eu olhava para ele e para ela, chorando. Era um exemplar do seu livro, já autografado. O que me chamou a atenção, nem foi o autógrafo, mas o título do livro:
"NUNCA VOU TE DEIXAR"
-- Amor, você é simplesmente maravilhosa! Acho mesmo que Deus criou você para mim.
Abracei-a chorando, pois aquela frase representava muito em nossas vidas. Depois a soltei, e enxugando as lágrimas, abri uma gaveta e entreguei à ela uma coisa que também era muito importante para nós.
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Domínio
RomansaDaniel LeBlanc, autor best-seller do The New York Times e dono da famosa Editora LeBlanc, vive praticamente excluso da sociedade, por ter uma vida secreta e desejos meio obscuros. Por isso, com seus 40 anos, não constituiu família. Mora sozinho. Par...