💙Capítulo: 12💙

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Estávamos dentro do carro e eu esperando Clarisse começar a me explicar. Ela tinha descido de camisola, mesmo. Estava descabelada, um verdadeiro show de espantos! Puxou o ar profundamente, pois sabia que não ia ser nada fácil me enfrentar.
-- Pois bem, tudo se deu assim:
-- Vitória me serviu um café com um bolo delicioso que sua mãe tinha feito. Você precisa conhecer D. Leonor... Ela faz cada bolo! Era de laranja com calda...
-- Clarisse, daria para pular os detalhes, estou com pressa!
-- Você me tirou da cama, agora vai ouvir tudo!
-- Está bem! Continue.
-- Começamos a comer, enquanto a sua mãe costurava. De repente, Vitória parou de comer, olhando para mim com a respiração ofegante e gaguejou:
-- Clarisse... Eu...Tenho... Uma coisa para te contar... Espero que você entenda, e quê...

Neste instante, não sei o que me deu. Eu simplesmente cortei o assunto dela e me antecipei:

-- Vitória, me diga daqui a pouco, pois tenho um bafão do meu irmão para te contar. Descobri hoje! Ela arregalou os olhos de um jeito, parecia que tinha visto um fantasma. Eu nunca que ia imaginar sobre vocês dois!
-- Mesmo assim, Clarisse, isso é fofoca das feias! Nunca falei nada de você para ninguém. -- Eu disse, furioso!
-- Eu sei. Foi mal, mesmo, me desculpe. Vou fazer de tudo para te ajudar a consertar esta situação!
-- Não precisa! Não quero mais você colocando os bedelhos na minha vida!
-- Poxa, está bem, só queria ajudar!
-- Pule esta parte e continue.
-- Aí, ela parou o que ia dizer e se interessou pelo que eu ia contar, indagando curiosa:
-- É mesmo? E que bafão é este?

Bom, Daniel, contei sobre a oficina, que você foi me buscar, e...
-- E...?
-- Bem... Eu peguei o seu celular, o que eu não deveria ter feito, e acabei lendo uma mensagem bem íntima e depravada, digamos assim, de uma tal Verônica, querendo que você fosse a todo custo numa festa, a qual parecia ser da pá virada, heim?
-- Sim e daí?
-- Como vi que ia ser na The Lord, e eu sabia muito bem o que rolava por lá... Olha, eu também não sabia que você frequentava aquele lugar.
-- E aí, conte o restante da desgraça!
-- Foi Vitória que pediu que eu a levasse. Eu disse que lá não era lugar para ela, mas insistiu demais. Na hora não entendi nada, agora vejo que as coisas fazem sentido.
-- Então, fui com ela, mas... Jamais ia esperar que ela visse aquilo tudo e realmente, até eu fiquei... Sem palavras e sem ação! Pareceu mais um circo dos horrores! Daí você saiu correndo e... Ela estava com lágrimas nos olhos, começou a se sentir mal e foi vomitar no banheiro. Não entendi nada, mas agora vejo o susto que ela levou.

"Pegamos um Uber, deixei-a em casa e não soube de mais nada dela, até você me ligar. Nem na faculdade estamos indo, ela inventa coisas para não ir. Ela sai com você, é isso? Vocês estão apaixonados? Se for isso é ótimo! Vitória é muito legal.
-- Sim, muito, mas agora acabou tudo! Você acha que ela ainda vai me querer? Depois do que viu? Eu tinha prometido nunca mais pisar na The Lord, mas Verônica com a sua lábia me convenceu.
-- Daniel, quem é esta mulher?
-- Clarisse, é uma longa história! Agora vou embora e pensar num jeito de consertar as coisas, se der...
-- Você gosta muito dela?
-- Sim. Demais! Você nem imagina o quanto!
-- Então, maninho, corra atrás dela! Não a deixe escapar!
-- Tchau, Clarisse, vou embora. De qualquer forma... Obrigada! Vou esperar você subir. Vá!

Liguei o carro, já arrebatado pela dor da perda. Clarisse realmente não teve culpa. Bem... Em parte, pois não deveria ter mexido no meu celular e nem se atrevido a investigar minha vida e contar à Vitória, mas eu no lugar dela, claro, que também iria até lá para ver o que eu fui fazer.

Infelizmente chegou na pior hora. Momento em que eu me enfureci comigo mesmo e estava descontando em Verônica.

Cheguei em casa acabado. Cansado físico e mentalmente. Tomei um banho quente para tirar a quebradeira. Meu corpo estava moído!

Vesti um roupão sem nada por baixo. Era um tecido bem leve, não queria nada que me incomodasse mais. Acho que o pior já tinha acontecido. Agora era pensar num jeito de consertar as coisas, se é que tinha algum, e beber, para amenizar a angústia que devorava o meu coração. Que falta eu sentia dela! Para variar, sentei-me na minha poltrona com uma garrafa de vinho qualquer.

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