. octogésimo nono .

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▼. « I am reaching out to let you know that you are not alone! I'm scared as hell »-Lullaby.

Penteava, ainda que prudentemente, os seus fios castanhos com as terminais dos meus dedos. Deixava a cabeça na vizinhança do seu corpo que por sua vez se deixava drenado sobre a pálida cama de hospital. Também segurava a sua mão na minha. Acariciava, vagarosamente, a sua delicada pele com o polegar e assistia aos pequenos sorrisos que se desenhavam na sua face por segundos. Eles eram pequenos e fracos, no entanto, tão bonitos.. tão deslumbrantes! Parecia-me tão cansada. Os seus suspiros desvaneciam, a sua íris estava constantemente longe de ser encontrada.

" Talvez fosse boa ideia ires para casa por umas horas? "

Era, obviamente, uma ideia que iria negar de imediato! Não a ia deixar, nem por horas ou por minutos, sequer.

" Estás aqui, comigo, há três dias.. precisas de descansar "

Senti-me confrontado com a felicidade quando girou a sua cabeça na minha direção e cruzou os seus dedos nos meus. Era soberbo o sentimento que percorria o meu corpo sempre que interagíamos. Debrucei-me, ligeiramente, até alcançar a sua boca. Os seus lábios estavam secos, perto de um roxo quase alarmante e, o inferior, tão danificado que necessitou de pontos. Contudo, nada disso me tinha privado de juntar as nossas bocas. Eu iria sempre ter o cuidado necessário e ela iria sempre frisar o quanto significava para ela.

" Tenho dormido enquanto o fazes, bebé " Recordei-a.

Revirou-me os olhos, antes de se pronunciar: " Quando adormeço estás acordado, quando acordo, acordado estás "

Ergui os ombros, solenemente. Eu dormia, podia jura-lo se fosse necessário. Porém, apenas o fazia depois de comprovar que a minha morena iria ter um bom tempo de descanso. Não tínhamos qualquer informação adicional sobre o seu diagnóstico ou sobre possíveis tratamentos e era merda de frustrante! Tudo isto era mas jurava que estava a dar o meu melhor. Estava a camuflar a minha raiva e tudo o que lhe transmitia era o meu amor, o meu mais verdadeiro amor, apreço, fidelidade.

Não lhe respondi, ou contrariei, por falta de oportunidade com a entrada de uma das enfermeiras de serviço. Era a hora do seu banho e eu podia adivinhar o seu desconforto provando-o, depois, com a sua expressão apreensiva.

" Vou ajuda-la, não se preocupe " 

Disse-o como se fosse a solução de todos os nossos problemas. Vi-a remexer nos inúmeros fios que criavam, também, inúmeras formas de comunicação entre o fraco corpo de Bárbara e as poderosas maquinas e/ou líquidos; soro era um deles.

Descodifiquei pânico nos seus obscuros olhos quando me procurou. A sua cama ganhou uma elevação máxima para que se encontrasse sentada. Forcei as minhas pálpebras juntas com os gemidos dolorosos que desleixadamente abandonaram os seus lábios. Os seus dedos afundaram-se na palma da minha mão, perfurando-me psicologicamente. Tentei reconforta-la, esse continuava e seria sempre o meu objetivo. Os meus lábios deslizaram sobre a sua pele envolvendo-a em diferentes sentimentos que não a dor.

" Vamos querida, despacha-te "

Quis insulta-la pela falta de sensibilidade que cada ação sua tinha. Ela retirou o lençol que cobria a minha morena antes de insistir para que se erguesse sobre o seu pé. Senti uma quantidade anormal de sangue na minha cabeça quando me ergui, desorientado. Ela não parava! Insistia e até elevava o seu tom de voz não entendendo a angustia de Bárbara. Não era possível fazê-lo sem uma merda de uma ajuda!

" Será possível?! Cale-se caramba! " Exasperei. " Eu ajudo-a, eu posso ajuda-la " Garanti com respirações descontroladas, pronto para a transportar sem qualquer problema.

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