. Sexagésimo oitavo ▼ .

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▼ .  « Cause the power you are supplyin, it's electrifyin »-You Are The One That I Want .

  Foram quinze, ou até vinte, os minutos tão habilmente esgotados, utilizados para que o trilho percorrêssemos sem qualquer pressa . Não existiria outro alguém senão nós mesmos, e isso era sem dúvida algo formidável . Por fim, eu teria conseguido refugiar-nos o longe que bastasse para então, libertar a sua mente de inúmeras obscuridades impensáveis . 

Usufruindo de toda uma serenidade incrível, deixei que os meus dedos pressionassem o manipulo dos travões para que então, perdêssemos parte da nossa velocidade até que a mesma se transformasse numa incógnita nula . 

O branco cobria toda a vegetação neutralizando a sua cor, permitindo que meras folhas de míseras, porém enormes, árvores tingissem o fundo de inocência pura . Nós paramos e com o meu auxilio prestado, Bárbara abandonou a bicicleta apreciando toda a paisagem que bem e sem fim nos envolvia . 

Eu deixei que o silêncio aconchegador compilado com toda a tranquilidade e pureza da natureza falassem por ambos . A magnificência inconcebível que o seu corpo tremelicante rodeava, abraçava até dos pés à cabeça, era incompreensível, e jamais um estudo cientifico de logos anos descobriria o segredo de toda a sua magnitude . Bárbara prometia ser o grande dilema da sociedade atual e, certamente, da próxima .

" wow " amorosa, admirou rodando sobre os seus próprios calcanhares . 

" eu sei " murmurei com ânimo enquanto encostava a bicicleta a uma das imensas árvores exageradamente entroncadas .

" os bosques.. " 

Os meus ombros encolheram . " vem cá, há uma coisa que tens que ver " ronronei entrelaçando os nossos dedos, iniciando logo um novo trilho . Eu não poderia afirmar que seria um expert, um Robin dos bosques ou do género, contudo, eu conhecia-os de tempos passados onde eu não mais seria senão um pequeno míudo expulso de casa por uma noite, como castigo .
Não, eu não dormia aqui mesmo, mas eu gostava de correr e de libertar toda a raiva acumulada e sabia que este era o local adequado, afinal, quem se iria aventurar por entre todos estes engrossados troncos e negra aura que bem se encontrava na enigmática paisagem . 

" os meus pés estão gelados " murmurou doce, tão doce como a brisa que o nosso cabelo tentava levar consigo .

Os meus olhos desceram até aos seus pés . " vem cá, bebé " pedi, mesmo que tivesse sido eu próprio a puxa-la contra mim e então segura-la contra o meu peito, transportando-a nos meus braços .

" uhm " a sua cabeça afundou-se na base do meu pescoço enquanto os seus braços contornavam o meu pescoço e um suspiro corria do seu interior .

" isso foi um ronronar ? " interroguei, curioso . 

Eu imaginava as suas bochechas coradas " não " resmungou . 

" oh, eu acho que foi " gargalhei e inclinei a minha cabeça para a observar . As suas bochechas estavam ao rubo ao passo que os seus olhos bem abertos focavam a minha face de uma forma curiosa e desigual . 

Eu estou incrivelmente familiarizado com olhares, comentários e tudo mais, todavia é tudo tão divergente com a minha morena . O seu olhar é forte mas frágil, revelador mas encriptado e se olharmos diretamente, podemos perder o nosso norte, esquecer a vida e mergulhar de cabeça no abismo desconhecido e então morrer lenta mas graciosamente na sua imensidão de pessoa . 

Num momento, Bárbara forçou o meu pescoço para que facilmente conseguisse subir o seu corpo e então posicionar os seus lábios nos meus . Os meus olhos fecharam-se ao toque e eu coloquei uma breve pausa à nossa caminhada entregando me de novo, como de todas as outras vezes, à minha morena e somente ela . 

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