. Septuagésimo segundo ▼ . 1º parte

2.6K 178 17
                                    

▼ .  «All I can do is say that these arms were made for holding you »-18

 Eu subi o tecido, saturado da sua presença, pelos meus finos e trémulos braços . A minha mala estava no meu braço, tal como milhentas folhas que tão bem me recordavam do mais insignificante detalhe sobre Políticas Macroeconómicas 
Sentia-me doente tanto física como psicologicamente . A semana passadas tinham remexido com o meu equilíbrio conseguido há relativamente pouco tempo . 

Ele disse que me amava .  
Mas eu não poderia cair redonda nos seus braços, não depois de todas as chocantes revelações feitas em pleno tribunal . 
As minhas pernas tremeram quando me coloquei sobre os meus próprios pés pronta para recusar uma recaída . Eu não poderia deixar-me afundar por alguém, precisava de me manter estável . De alguma forma, devia-o a mim mesma . 

Respirei o mais fundo que os meus pulmões, em parte rasgados, permitiam e deixei que os meus cílios se reunissem por míseros segundos . A escolha foi minha, então eu precisava de me manter fiel ao meu próprio pensamento . 

Os meus olhos correram pelos meus antebraços . Porra, oito horas, a frequência começava em minutos . Ah ! Foda-se para toda a merda que me rodeia . 

Corri por todo o apartamento, forçando o meu cérebro cansado e emotivo em excesso na procura histérica pelo meu dispositivo móvel . Acabei por encontra-lo sobre o balcão da desarrumada cozinha e pouco pensei até iniciar uma nova corrida para fora do andar que memorias tenebrosas atiravam contra a minha presença . Cada recanto mantinha-se lotado de si, da sua gargalhada, das nossas lagrimas e acontecimentos . Eu continuava a chorar durante toda a noite . 

Um novo suspiro, uma nova corrida e em segundos desbloqueava a minha saída desnorteada com a sua súbita aparição . Eu arquejei quando o meu peito se preencheu de gélido ar em puro assombro .  

" ey.." no seu traje negro e gorro vermelho, saudou . Continuava surpreendentemente bonito, ele era, e tanto . 

Eu corei, sem razão aparente, enquanto afundava o meu telefone no bolso traseiro das skinny pretas . Ambos partilhávamos de um fascínio por tal cor .

Os seus lábios estavam retos e pálidos quando a sua mão direita se reuniu para puxar o seu gorro um pouco mais fundo na sua bonita cabeça recheada de cachos mirabolantes . " olá " murmurei, por fim, balançando sobre os meus próprios pés . 

" como estas ? " interrogou mas nenhum sorriso mordaz estava nos seus lábios . Porra ele sabia muito bem como eu estava . Os meus olhos mantinham-se inchados, os meus lábios rasgados e a minha cara corada por todo um tempo indeterminável ; eu estava uma merda, ele sabia-o . 

" pensei que estivesses no julgamento " Hoje seria o dia do veredito final . Eu gostava de estar lá para ele . 

O seu corpo remexeu-se e desconfortável colocou o seu ombro contra a moldura da porta . " hoje é a tua frequência, queria ver-te antes da universidade " Ele estava a mentir, eu sabia enquanto decifrava pequenos sinais que o demonstravam tão bem como por exemplo, o seu olhar desconectado e longínquo . 

" vai correr bem, Harry " murmurei-lhe rouca e ténue . Ele observou-me depois de recuperar a sua postura ainda que, resguardando parte do seu desconforto . Os nossos olhos ligaram-se e eu deixei que me puxasse para os seus braços . Eu sentia o que ele não admitia em voz alta .

Sentia o seu medo irracional de acabar atrás de inúmeras grades que o colocariam distante por diversos e indetermináveis anos . Sentia a sua frustração no aperto, o seu carinho, a sua bondade . Sentia-o, simples e exclusivamente .

Sold Soul Onde histórias criam vida. Descubra agora