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Dimitri

Meu otimismo para o projeto com toda certeza era zero. Achei que Rose não iria gostar e que iria colocar defeitos em tudo só pra me ver em desespero novamente. Mas ela não fez isso.

Parece que me enganei ao pensar que a única motivação da vida dela era dificultar outras vidas. No fim, o profissionalismo era uma característica bem mais aparente na senhorita Mazur.

Na volta para a minha sala, acabei ouvindo Mason Ashford apresentando um projeto para um grupo de diretores em outra sala de reuniões.

– E então, o que acharam? - ele parecia confiante.

– Senhor Ashford, o que está havendo? Ultimamente não tem tido muita criatividade. - ouvi um dos diretores dizer.

– Dediquei muita coisa à esse projeto, vocês precisam pelo menos pensar antes de dar uma resposta definitiva.

– Sentimos muito. Já pode ir.

Ele suspirou pesadamente e assim que saiu da sala, deu de cara comigo.

– Dia difícil, Ashford? - falei sarcástico.

– Não deve estar tão dificil quanto o seu. Aposto que a Rose odiou o seu projeto.

– Você ficaria muito feliz se isso tivesse acontecido, não é? - dei risada. – Ainda vai me ver nessa empresa por muito tempo. - ele me encarou sério e depois de dar dois tapinhas em seu ombro, eu segui meu caminho.

Eu não estava aqui para rivalizar o meu trabalho, mas já que encontrei uma pedra em meu caminho, não iria ficar por baixo.

Organizei todo o material do meu projeto em em uma caderneta digitalizada e fui diretamente entregar para a Lissa.

– Toc toc. - falei colocando a cabeça pra dentro da sala.

– E ai? Rose me contou que o seu projeto foi aprovado, parabéns! - ela veio até mim e me abraçou.

– Obrigado. E aqui está todo o projeto organizado. - entreguei-lhe a caderneta.

– E então, qual vai ser a primeira coisa que vai fazer?

– Pensando no hoje, eu quero me desestressar. A semana foi intensa e seria bom se nós quatro saíssemos pra nos divertir, o que acha?

– Acho ótimo.

Voltei para os meus afazeres e após o fim do expediente, passei numa concessionária acompanhado de Ivan. Agora que eu iria trabalhar pra valer, podia me dar o luxo de ter um carro próprio. Fiz uma ótima escolha, afinal.

Naquela noite, resolvemos ir até uma balada, beber e dançar um pouco.

Depois de esperar quase duas horas pra que Mia e Lissa ficassem prontas, nós finalmente pudemos ir ao nosso destino.

- Obrigada.

- Miiiaaaa, vamos ao banheiro comigo! - Lissa saiu a arrastando, antes que ela pudesse protestar.

Corri meus olhos pela pista de dança e avistei Ivan, grudado no pescoço de uma garota.

Ele fez um gesto positivo com o polegar e eu estendi o meu copo de uísque em sinal de aprovação.

– Por favor barman, um cosmopolitan! - uma garota morena pediu ao meu lado.

Enquanto aguardava a bebida, ela me olhou de canto dos pés à cabeça e quando chegou aos meus olhos, sorriu de lado. Eu retribuí o sorriso com educação.

Depois que sua bebida ficou pronta, ela se virou de frente à mim e antes de dizer qualquer coisa, tomou um grande gole de seu drink.

– Eu particularmente prefiro as bebidas complicadas. Aquelas que você precisa mandar alguém fazer. - falou como se já me conhecesse. A analisei por alguns segundos e refleti sobre o que deveria responder.

– Talvez eu seja mais prático. - dei de ombros, bebi o que restava do meu uisque e coloquei o copo vazio sobre o balcão.

– Sua namorada parece o tipo de garota que prefere as bebidas mais doces...

– De quem está falando? Eu não tenho namorada. - franzi a testa.

– Ah, não? Parecia muito próxima daquela garota que estava conversando com você.

– Ela é só uma amiga.

– Interessante... - ela disse correndo o dedo indicador pela borda do copo.

– Estava me observando? - perguntei com um meio sorriso.

– Digamos que você tenha chamado a minha atenção. - sorriu.

-– Ok. Me chamo Dimitri. - estendi minha mão.

– Avery. - ela segurou minha mão de forma delicada, sem tirar seus olhos dos meus.

Sentamos em uma mesa afastada e pedimos mais algumas bebidas enquanto jogávamos conversa fora.

– Ok, agora que já descobri todas as suas preferências alcólicas, eu quero saber mais de você. - falou me olhando com atenção.

– Eu sou produtor publicitário, moro com três amigos em um apartamento, vim pra Los Angeles a pelo menos cinco anos atrás e antes disso, eu morava numa cidadezinha no Maine com a minha avó. Depois que ela faleceu, eu me dediquei totalmente à minha carreira.

– Ótimo. E você não tem mais ninguém da família?

– Não, era só eu e a minha avó.

– Ah, eu sinto muito. - segurou minha mão.

– Não se preocupe, eu estou perfeitamente bem. Minha avó morreu de velhisse em uma cama quente e confortável e me ensinou a ser a melhor pessoa que consigo ser. Além disso, os meus amigos são a família que eu escolhi.

– Além de lindo, tem um coração de ouro. Admiro homens assim. - sorrimos.

– E agora você já pode me falar sobre você.

– Tenho uma coisa em comum com você. Também sou publicitária.

– Sério? - cheguei mais perto mostrando estar interessado.

- Sim. É tipo uma coisa de familia. A única coisa chata é que eu tenho que trabalhar com o meu irmão. Jesse é a pior pessoa quando se trata de trabalho em equipe. - suspirou. – Sempre vivi na Califórnia e nunca pensei em ir à outro lugar. Gosto da vida que tenho.

– E que tal se compartilhássemos nossos conhecimentos publicitários? - acariciei seu rosto com as pontas dos dedos.

– Seria muito interessante.

Ela chegou ainda mais perto e deixou que nossos lábios se unissem. Agarrei sua cintura colando seu corpo no meu enquanto percorria minha língua por toda a sua boca.

Avery parecia ainda mais sedenta do que eu e me beijava com toda a vontade que eu já vi uma mulher ter.

– Vamos pra minha casa?- sussurrou no meu ouvido.

– Eu adoraria, mas sou a carona dos meus amigos.

– Vamos no meu carro.- parando pra pensar, que mal teria nisso? Ela era uma mulher linda e interessante.

– Eu já volto.

Levantei procurando por Ivan e o achei aos beijos num canto da balada. Cutuquei seu ombro algumas vezes e ele parou o que estava fazendo.

– Fala, parceiro!

– Ivan, toma as chaves do meu carro. Talvez eu não volte pra casa hoje.

– Ah, safado! Se deu bem, não foi?

– Ela é muito gata, você tem que ver! - falei animado.

– Vai lá, se diverte.

Voltei para onde Avery estava e nós seguimos até o seu carro.

Dona De Mim | RomitriOnde histórias criam vida. Descubra agora